domingo, 1 de setembro de 2013

Médicos cubanos, brasileiros, portugueses...!!!


Já que todo mundo está falando do programa Mais Médicos, vou falar também. E só por isso vou falar. Demorei um pouco e acho que deveria demorar um pouco mais, pois a cada semana pode acontecer algo inesperado, como de fato aconteceu. Falarei sobre isso mais adiante!!!



Pularei as apresentações, pois, a essa altura, até o casal octogenário de algum grotão, que só ouviu boatos sobre a existência de uma caixa mágica chamada televisão, já sabe do que se trata tal programa. Como esperado, a opinião pública se dividiu entre os prós e contras. Os “prós” alegam que as regiões mais distantes e miseráveis necessitam de médicos, e que por sua vez, os médicos dos grandes centros não querem ir para lá. Já os “contra”, focalizam os médicos cubanos – que devem ser maioria – afirmando-os que são agentes de Fidel que difundirão o comunismo, ou que trabalham em condições análogas à escravidão. E você? É contra ou a favor???



O problema das regiões distantes e miseráveis não se limita a falta de médicos. Em alguns casos, sim, mas em boa parte dessas regiões, faltam seringas, remédios, refrigeração para vacina, e outros produtos e equipamentos necessários para o tratamento de pacientes. Quem é a favor da vinda dos médicos não considera esses detalhes. Isso, porém, não justifica a aversão à vinda deles (falarei disso também mais adiante). O correto seria exigir a mínima estrutura necessária ao tratamento de pacientes nessas regiões – incluindo aí o saneamento básico, responsabilidade dos governos, e não de médicos forasteiros. Resolvido isso, e mesmo assim não haver médicos para atender nessas regiões, aí sim, apela-se para o plano B: trazer médicos de fora!!!



Isso aconteceu no Maranhão. Motivo? Falta de vagas na maternidade, não de médicos:




Outro argumento utilizado para justificar a vinda de médicos cubanos é que eles atendem em outros países. Em Portugal, por exemplo, eles "deixaram saudades" (veja aqui). A parte estranha disso é que médicos portugueses também estão vindo pra cá. Ora, será que estava faltando médicos e agora está sobrando? Ou eles preferem vir para cá e deixarem seus patrícios desassistidos? Ou é algum artifício digno do anedótico raciocínio lusitano? E novamente, ignora-se a questão da infra-estrutura desses lugares remotos. Será que faltam leitos ou remédios por lá???



Outra questão que ninguém ousou tocar é: por que não há médicos nativos suficientes nessas regiões? Existem 16 universidades publicas na região Norte, 30 no Nordeste, fora as universidades particulares, mas aparentemente muitos estudantes não se interessam pela medicina, apesar do bom salário oferecido nessas regiões. Por que não há médicos "nativos" suficientes nessas regiões???



Médicos cubanos


Talvez o principal motivo dessa celeuma seja mesmo a quantidade de médicos vindos para cá, e a maioria deles sendo cubanos. Médicos cubanos já vieram para cá, mas não nessa quantidade. A propósito, tudo o que vem de Fidel merece nossa insolúvel suspeita. Seu histórico de difundir o socialismo pelas armas, pelo ensino ou por outros meios já dura mais de 50 anos!!!



Mas esses médicos cubanos são agentes difusores do comunismo? Não sei, mas é engraçado que aqueles que achincalham essa possibilidade são os mesmos que acusam Yoani Sanchez de ser agente da CIA. O que se sabe até agora é que o líder comunista embolsará um “mais-valia” de 70% desse gordo salário para os padrões cubanos “sem luxo, mas sem pobreza”. Ah, se fosse um capitalista que fizesse isso...! Sabemos também que esses médicos são “funcionários” do governo, seus serviços são produtos de exportação desse mesmo governo, e não terão um décimo da autonomia que seus colegas de outros países terão!!!



Sobre isso, o Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, já usou a previsível alegação de que os médicos tiveram sua formação gratuita, e que agora terão que repor os custos de seus estudos. Pagar R$ 7.000 por mês, não importando quantos anos trabalhem nessas condições? Existe algum curso de medicina no Brasil que custe isso, mesmo com todo o "mais-valia" incluído? Será que estarão custeando, também, os custos dos estudantes estrangeiros em Cuba? Os médicos de Portugal e de outros países também serão achacados dessa forma ou todos eles foram formados em universidades particulares, portanto, não havendo necessidade de repor o erário???



O inesperado


Muito se falou sobre a necessidade ou não, sobre as possíveis conseqüências ou não, das vindas de tantos médicos cubanos, mas talvez ninguém tenha previsto algo com grande probabilidade de acontecer, e que de fato aconteceu: prefeituras pobres (e talvez, as mais ricas também) estão substituindo médicos contratados do país por médicos cubanos. O artifício é lógico: quem paga os médicos estrangeiros é o governo federal; quem paga os médicos nacionais – nativos ou não – são as prefeituras. Ora, pagar R$ 10.000 ou mais para cada médico é muito oneroso para essas prefeituras, e os médicos estrangeiros só custarão a elas o aluguel e outros gastos menores; portanto, nada mais lógico para essas prefeituras, sob o desesperado ponto de vista financeiro delas, que fazer essa substituição. E o povo, como fica? Do mesmo jeito d’antes: não fica!!!



Caiu-se na armadilha das soluções paliativas: arrumar de um lado, mas estragar do outro. Alguns anos atrás, a secretaria de obras da minha cidade procurou resolver o problema do engarrafamento que ocorria num certo trecho do centro (medida paliativa). A solução foi mudar o sentido do tráfego nesse trecho. Essa medida, segundo o secretário, reduziria o fluxo em 700 carros por dia. Um grande feito para o nosso trânsito. O único problema é que esses carros não iriam simplesmente sumir, desaparecer, eles foram para outros trechos já bem trafegados. Somando os carros que já transitavam por lá com esses novos, o resultado foi o óbvio: melhorou de um lado, mas piorou do outro. O caso dos médicos substituídos pode ser pior: demite-se médicos que estão lá, sem que haja o desejado acréscimo de médicos!!!



Médicos brasileiros


É sabido, até pelo casalzinho octogenário lá de cima, que existem bons e maus profissionais em qualquer área. Vou me referir daqui em diante aos maus profissionais, aos incompetentes, aos achacadores do SUS, e ao corporativismo. Compreende-se que eles não queiram ir a regiões isoladas do país ou do estado onde residem. Sei também que é de um simplismo desonesto quando acusam tais médicos de querer tão somente ganhar dinheiro, como se querer fosse poder (falei sobre isso no outro blog). Desonesto, porque muitos daqueles que acusam fariam a mesma coisa no lugar deles!!!



O que não se compreende é essa aversão xenofóbica aos médicos que estão se prontificando (no caso dos cubanos, os Castro estão prontificando-os) a fazer o que eles não querem. No desembarque dos médicos cubanos em Fortaleza, houve uma sublime manifestação de preconceito por parte dos médicos brasileiros, e de uma jornalista, que comparou as médicas cubanas a empregadas domésticas. No entender dela, isso desqualifica alguém. Outros querem recusar a ajudar pacientes que não tiveram tratamento adequado dos médicos cubanos. Uma omissão criminosa, sem dúvida, mas se os médicos cubanos forem tão bons como dizem, não há porque levar a sério essa birra de alguém carente de atenção!!!



Por enquanto é isso. Fiquem atentos ao desenrolar dessa trama. Muitas surpresas virão, e espero que sejam agradáveis. Mas não sei não!!!

terça-feira, 20 de agosto de 2013

A Presença de Anitta - Urgente!!!

Na postagem A Presença de Anitta (com dois "tês", por favor), falei sobre o suposto racismo da sociedade, que não dava ao grupo O Bonde das Maravilhas o mesmo destaque dado à Anitta. Sinceramente, não conhecia esse grupo e nem a Anitta, a não ser pelos seus nomes, mas eis que me deparo com a seguinte notícia!!!



JUSTIÇA PROÍBE SHOW DO BONDE DAS MARAVILHAS


Abri logo para ver o porquê dessa proibição. Já estava eu achando que fosse algum tipo de racismo velado, mas eis que descubro que se o grupo é formado por...DE MENORES DE IDADE, garotas entre 13 e 17 anos!!!


...A apresentação das adolescentes entre 13 e 17 anos foi proibida e só poderia ser realizada se o grupo tivesse "autorização judicial expedida por juiz competente", caso contrário a proibição continuaria válida pois as garotas, de acordo com palavras usadas pela Juíza em sua decisão "apresentam-se praticamente seminuas, dançando coreografias altamente sensuais, elas estão inseridas em contexto erotizante que lhes deturpa a boa formação moral e sexual, com aberto convite à prostituição"...



Sendo assim, o que me surpreende é o fato desse grupo simplesmente existir. E me surpreende também é o fato da tal Joseline Gomes não ter comentado e muito menos ter se incomodado com isso. O racismo que ela tanto condena no texto pode ser real ou imaginário, mas o fato de menores se apresentando semi-nuas é algo bem real. A Anitta, antes que perguntem, tem 20 anos!!!

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Menos, direitistas, menos - II

50 MIL MORTES POR ANO no Brasil!!!


Esse é a média de assassinatos no Brasil, o equivalente à três ou quatro anos de Guerra do Iraque (mas como a população desse país é 7 vezes menor que a nossa, então a situação lá é ainda pior). Para resolver essa calamidade, muitos direitistas apelam para uma nova ditadura militar. Numa postagem anterior sobre a ditadura, procurei mostrar que uma possível ditadura comunista na época não seria tão cruel como foram seus pares em outros países, exatamente como a ditadura militar daqui não foi tão cruel quanto a dos países vizinhos. Nessa postagem, vou mostrar que o argumento deles está incompleto e não diferencia a natureza dos agentes envolvidos!!!



Segundo os defensores do tal regime, houve 400 mortos e desaparecidos na ditadura em 21 anos contra 150 mil assassinatos por ano. Onde está a falha? 1º - Não estão considerando o número de assassinatos comuns no período militar, praticados por bandidos sem farda ou por desentendimentos, como acontece hoje. 2º - Se é inaceitável que cidadãos comuns sejam mortos por bandidos comuns, mais inaceitável ainda é o governo matar seus cidadãos. Quando isso acontece, a quem vamos reclamar? Quando apanhamos dos irmãos, podemos reclamar para os pais, mas quando os pais nos batem???



É possível que a primeira falha ao ser corrigida mostre que a criminalidade naquele período era bem menor que hoje, mesmo havendo o perigo dos militares te confundirem com o Che Guevara. Já a segunda falha é o que diferencia os regimes ditatoriais de regimes democráticos. Não há como corrigir ou justificar!!!



Enfim, um problema não justifica o outro, embora acredito que um problema pode levar a outro. E o apelo de uma parte da população para um novo regime militar evidencia isso!!!

sábado, 17 de agosto de 2013

Da Suécia para a Coréia!!!

O governo federal, como se finalmente ouviu a voz dos nossos “especialistas em tudo”, pretende investir 10% do PIB em educação. Pululam dados em diversas fontes mostrando a ineficácia dessa medida para resolver a vexamosa decadência do ensino público e mesmo do ensino privado. Concordo com tudo o que falam, mas temos que ser cuidadosos quando usamos percentuais do PIB como parâmetro de comparação!!!



Na postagem Rumo à Suécia, de Titanic!!!, expliquei que tudo depende do PIB per capita, e não do PIB total. Vejamos o caso da Coréia do Sul, o exemplo mais citado para ilustrar a ineficácia dessa medida governamental. Segundo as diversas fontes, esse país investe apenas 5% do PIB em educação, contra 5,7% no Brasil. Acho desnecessário recorrermos ao ranking de qualidade da educação, da OCDE, para constatar a superioridade do ensino coreano em relação ao nosso, mas se alguém gosta de se indignar, é só dar uma clicada aqui!!!



O ideal para esse tipo de comparação seria extrair o percentual do PIB destinado à educação em cada país e dividir esse resultado pelo número de estudantes. Como não sabemos quantos estudantes há em cada país, vamos dividir pela população, supondo que sua proporção entre os dois países seja igual à proporção de estudantes. Traduzindo do coreano para o português: se a população brasileira for 10 vezes maior, então temos 10 vezes mais estudantes. Podemos também usar a ótica do PIB per capita, como fiz no caso da Suécia. O resultado será o mesmo!!!



5% de um PIB de US$ 986,300 milhões - da Coréia - equivale à US$ 49,150 milhões. Já  5,7% de um PIB de US$ 2.090 milhões - PIB brasileiro - equivale à US$ 119 milhões (valores do PIB referente a 2008). Dividimos esses valores respectivamente por 49 milhões (a atual população da Coréia do Sul) e por US$ 194 milhões(a atual população brasileira) e teremos US$ 1.003 para cada coreano e US$ 614 para cada brasileiro (como a população estudantil de cada país é necessariamente menor que a população total, então cada estudante receberá valores ainda maiores, mas o que nos interessa é a proporção de cada país, que não será afetada por isso)!!!




Como vimos, cada estudante coreano recebe quase o dobro do estudante brasileiro. Não recebe menos, como as pessoas contrárias à proposta quantitativa acreditam. Mas e se gastarmos 10% do PIB em educação? Talvez isso seja possível simplesmente acabando com a corrupção, com o excesso de burocracia, com a má gestão do dinheiro público, sem falar das amortizações da dívida pública, do rombo da Previdência. De qualquer forma, um aumento nas verbas para a educação pode resolver os problemas de infra- estrutura das escolas e dos baixos salários dos professores, mas a educação em si...bem, não creio que terá muitas melhorias com isso!!!

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

A Presença de Anitta (com dois "tês")!!!

Direto dos corredores do Facebook (aliás, um ótimo celeiro da mentalidade humana), encontrei esse artigo (dê uma clicadinha aqui) que fala sobre o racismo velado nessas plagas, usando como exemplo cabal o sucesso da funkeira Anitta, que não teve igual entre as funkeiras negras. E aí? O que dizer???



Como somos um país multiétnico, a questão não é se o racismo existe ou não, mas a sua intensidade. A probabilidade de encontrar racismo unilateral ou mútuo onde dois povos convivem é grande; então, vem a seguinte questão: Qual seria o grau de racismo no Brasil? Não há como responder de forma quantitativa, restando-nos confiar nas impressões ou experiências vividas e/ou presenciadas. Foi o que fez a autora do artigo, Joceline Gomes, ao perceber o sucesso e o destaque da mídia dado à "funkeira branca" e concluiu que, de fato, somos uma sociedade racista. Se dou-lhe razão quanto à existência do racismo, tenho certa ressalva quanto a sua intensidade e o uso do sucesso da funkeira como prova de sua existência por aqui!!!



O racismo local é muito menos intenso que o apartheid, ou mesmo em outros países na África (negros contra negros) ou nos EUA de décadas atrás. É um racismo velado, como ela diz. Isso é ruim? Não há formas boas de racismo, portanto, é ruim sim, mas não podemos compará-lo ao racismo escancarado dos exemplos citados. Já houve quem dissesse que o nosso racismo é pior porque impede qualquer reação por parte dos negros. Imagino eu que ele quis falar de "uma reação legal", entrar na justiça e processar os racistas, jamais partindo para aquela famosa diplomacia pré-histórica. O único "porém", é que essa reação legal já existe nesse país do terrível racismo velado!!!



Voltando à Anitta, seu sucesso significa que há racismo nos meios de comunicação, mas o povo também é racista? Pra começar, ela parte do pressuposto que a nação brasileira, pelo menos aquela que cerca as favelas, são formados por brancos. Os próprios militantes da causa negra insistem em dizer que metade da população brasileira é formada por negros (na verdade, a soma de negros e pardos). Aí eu fico imaginando: quantos fãs da Anitta são negros???



Ela é do Rio de Janeiro, onde, segundo o último censo do IBGE, 51,70% da população é negra (lembrem-se: negros e pardos, contra 50,74% no resto do país). Ou seja, onde seu sucesso começou, no RJ, não seria demais imaginar que metade de seus fãs podem ser negros? É possível, também, que metade dos fãs do Bonde das Maravilhas também sejam  negros. Será que a possível metade negra dos fãs de funk não têm sequer o divino poder ibópico (hmpf...neologismos!) de decidir quem é sexy ou quem é vulgar, mesmo que, ao menos demograficamente, estão em igualdade com os brancos? Mais perturbadora que essa hipótese, seria descobrir um ou dois negros que pensam da mesma forma que os brancos racistas!!!



Não há como descobrir com precisão a proporção étnica dos fãs da srta. Anitta ou do Bonde das Maravilhas, a menos que façam uma pesquisa, mas teoricamente é algo próximo da proporção populacional!!!



Eu, pessoalmente, trato todos os pseudo-funkeiros e funkeiras (funk é outra coisa), não importando a cor, com igualdade: lixo musical, decadência cultural e outros chavões merecidos. Sou do tempo em que a presença de Anita (essa, com um "tê") perturbava apenas o protagonista da minissérie homônima. Bons tempos!!!

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Capitalismo V - a revanche dos descontentes!!!


Quando fico uns bons meses sem postar nada aqui, é porque estou sem assunto ou sendo monotemático. Mas como a proposta do blog é justamente analisar, questionar e comentar, sem medo de gerúndios (nesse caso, sem medo de infinitivos), o que há por trás do que lemos, ouvimos no decorrer dos anos ou temas atuais de forma levemente didática, então me vejo obrigado a expor minha opinião sobre o  assunto do momento ou sobre uma crença arraigada que vez ou outra vem à tona nos lembrando que ela ainda existe, mesmo eu correndo o risco de ser monotemático, o que é o caso atual!!!



Hoje vou falar da tal exploração capitalista, algo que para muitos, é uma espécie de escravidão moderna. Mas o que seria de fato essa tal de exploração capitalista? No artigo anterior, prometi que na postagem com esse título falaria do papel do Batman numa cidade onde seu alter-ego concentra boa parte da renda de Gotham City. Deixarei para a próxima!!!



Antes de começar, vou dar o meu conceito de exploração, seja capitalista, socialista ou mesmo anarquista. Quando o empregador remunera o empregado com menos do que ele pode pagar, então temos um tipo de exploração que justifica qualquer greve por melhores salários. Quando o comerciante cria uma “meta de vendas” absurda, tão somente para enriquecer às custas do empregado, também temos exploração. Quaisquer outros exemplos semelhantes são explorações. Mas na visão marxista-leninista-trotskista-stalinista-castrista-polpotista dos nossos universitários, principalmente das áreas humanas, o simples fato de um ser humano estar produzindo para enriquecer outro é exploração, mais precisamente exploração capitalista. Tirando os exemplos de explorações que citei no começo, ouso dizer que a coisa não é bem assim. Ouso dizer que isso não é exploração, no sentido de semi-escravidão. Horrorizem-se, comunistas de McDonald's!!!



Enquanto a verdadeira exploração depende da índole do patrão (ganancioso, explorador FDP), a tal de exploração capitalista é quase um acordo. Pra começar, os patrões capitalistas não mandam capitães-do-mato arrancarem seres humanos de seu mundinho de conto de fadas, forçando-os a trabalharem em seus estabelecimentos. É justamente o contrário: seres humanos vão atrás do capitalista desalmado para oferecerem sua força de trabalho em troca de salário, já que sua vidinha não é tão escandinavamente bucólica assim. É mais fácil a pobre vítima do capitalismo forçar o patrão a empregá-lo que o contrário. Praticamente o oposto da escravidão!!!



E o empregador enriquece simplesmente porque explora seres humanos? Por essa lógica, o patrão, sem capital, sem nada, obrigaria, de alguma forma, outras pessoas a servi-lo e, com isso, conseguiria adquirir todo o capital necessário para a produção, e aí sim, enriquecer. Uma inversão da causa e efeito. Você já pensou em “empregar” pessoas não tendo nada para oferecer-lhes, nem mesmo instrumentos de trabalho ou garantia de salário no final do mês? Se isso fosse possível, você até cogitaria fazer isso, qualquer um cogitaria, mas vós sabeis que só é possível empregar alguém quando há um mínimo de bens de capital (máquinas, instrumentos de trabalho, etc...) e garantia de salário no final do mês!!!




...enquanto isso, a Mais-Valia...


Seria algum erro, alguma injustiça se o patrão visasse apenas ao lucro? Seria, se o patrão recorresse às formas que citei no terceiro parágrafo, caso contrário NÃO, da mesma forma que não é nenhum erro ou injustiça o trabalhador visar apenas ao salário. Sim, ele pode se preocupar com outras coisas referentes ao seu trabalho – tal como faz o patrão - mas seu objetivo final é o salário!!!



E esse mais-valia? Mais-valia seria a diferença entre o valor total do produto por trabalhador, e o custo total da produção, incluindo aí o seu salário. Esse valor seria abocanhado pelo patrão. É claro que os custos de produção não são os únicos custos de uma empresa, e é aí que esse conceito de mais-valia meio que desaba. Com o mais-valia, o terrível patrão deve pagar os impostos, pagar o salário de quem não participa diretamente da produção –  a faxineira e a secretária, por exemplo – remunerar os acionistas, no caso das grandes empresas (sem o dinheiro que eles depositaram na empresa, não haveria tantas pessoas sendo “exploradas”) e outros custos cuja existência passa a quilômetros do conhecimento de nossos “cidadães conscientes”. Com todas essas implicações e complicações, quanto de "mais-valia" sobraria para o patrão???



Sim, os patrões não devem ganhar tanto assim. Deveriam, quem sabe, ganhar o mesmo que seus funcionários. Você, se tivesse um capital ( todo o patrimônio produtivo) de R$ 1 milhão, se contentaria em receber R$ 1 mil por mês? Se a resposta for cinicamente afirmativa, então faça o seguinte: venda esse patrimônio e invista na poupança - a aplicação que menos remunera o capital hoje. Se fizer isso, sem qualquer esforço, risco ou incômodos, irá ganhar quase R$ 6 mil por mês. Já escolheu o que faria com o seu milhão???



A essa altura, o leitor está convicto de que sou um burguês explorador ou filhinho do mesmo. Os que me conhecem, devem achar que estou bajulando o patrão ou que sou algum mentecapto por querer marcar um gol contra mim e meus companheiros, se esquecendo rapidamente das exceções que escrevi no terceiro parágrafo. Não creio que o meu patrão vá ler isso, e tampouco que eu seja promovido. O que escrevi são fatos. Se alguém discorda, o espaço para comentários está à disposição!!!

quinta-feira, 27 de junho de 2013

E as causas da pobreza???

"Quando alimentei os pobres chamaram-me santo, mas quando perguntei por que há gente pobre chamaram-me comunista". Dom Hélder Câmara



Na postagem do Capitalismo IV, procurei mostrar que o capitalismo não gera a miséria. Ele pode gerar desigualdades mas não a miséria, que são duas coisas diferentes, como já mostrei aqui. Na postagem supracitada, falei de uma ou outra causa geral, e de uma particular, que é a alta taxa de fecundidade entre famílias mais carentes; afinal, se tais famílias não são carentes, por causa disso passariam a ser. Mas o que poderia gerar a miséria ou pobreza, usando um termo mais abrangente, além dessas causas mais gerais???


Uma das causas é...nenhuma causa. A pobreza não se cria; a riqueza, sim. A humanidade não surgiu rica e próspera, e foi decaindo com o tempo. A humanidade nasceu miserável, mas alguns de seus membros criaram algo parecido com a riqueza ao longo do tempo, seja por meio da agricultura, pecuária, saques, conquistas, força bruta, religiões, comércio, artesanato, roubos, estelionatos, indústrias e outros fatores que muitos talvez nem imaginam. Quando alguém acumula riqueza e essa vai desaparecendo com o decorrer  dos anos ou das gerações, aí sim temos uma causa da pobreza!!!


Quais seriam as causas mais comuns da pobreza? Nada que uma boa conversa com o povo para encontrar algumas respostas:

- O pai, avô ou bisavô perdeu tudo com jogos.
- O, pai avô ou bisavô bebia e perdeu o emprego...
- O pai, avô ou bisavô torrou o dinheiro que herdou de seus pais.
- O pai, avô ou bisavô era rico, mas foi à falência.
- O pai, avô ou bisavô foi roubado por algum sócio inescrupuloso.


Ou:

- Eu perdei tudo com jogos
- Eu torrei o dinheiro que herdei dos pais
- Eu bebo e perdi o emprego.
- Eu me viciei em drogas.
- Eu fui à falência.
- Eu fui roubado pelo sócio inescrupuloso.

Enfim, causas triviais, banais, sem o romantismo do "o capitalismo gera miséria". Não seria demais imaginar que algum miserável de hoje seja descendente de um rico comerciante do século XIX? Não, não seria, embora seja bem mais fácil que o rico industrial do século XXI seja descendente de famílias miseráveis do século XIX!!!


Você leu toda essa postagem achando que eu ia falar algo mais romântico, como o "avanço dos latifúndios" ou "que a empresa poluiu o rio onde a população da vila pescava" e que por tudo isso empobrecerem, e então, é culpa do capitalismo. Coisas assim acontecem, mas a decadência nesses casos é menor do que as causas individuais citadas. Eles passaram de pobres para miseráveis, e não de ricos para pobres ou até miseráveis. O impacto nesse último caso foi maior, o empobrecimento foi maior, maís nítido!!!


Entender as causas da pobreza não ajudará a tirá-los dessa situação, o certo seria descobrir como acabar com ela. Pelo menos, entender essas causas ajuda a reduzir que mais pessoas repitam a grandiloqüente bobagem do "capitalismo gera miséria"!!!

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Subsidiar o público com o privado: má idéia, acho eu!!!

Antes mesmos desses protestos que geraram muito mais calor que luz, o atual prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, propôs uma medida que encantaria o mais cauteloso dos marxistas, mas de benefício duvidoso: o subsídio das tarifas de ônibus pelos donos de carros particulares. Se a idéia vingar, as várias campanhas pela troca do automóvel pelo transporte público ou bicicletas terão sido em vão, já que as duas coisas não podem coexistir. E o pior ainda não é isso!!!


Nos últimos anos, o governo federal facilitou a aquisição de automóveis novos pela população mais carente. Antes mesmo disso, a mesma população já adquiria carros semi-novos ou usados. O que significa que não serão apenas os ricos que subsidiarão o transporte dos mais pobres. Com o consequente aumento do preço do combustível, os motoristas mais pobres poderão trocar o carro pelo ônibus. E é aí que começa o problema: um subsidiado a mais e um subsidiador a menos. Para compensar essa troca, só aumentando esse imposto, o que pode ocasionar a debanda de outros motoristas para o transporte público, e assim sucessivamente, colapsando o mecanismo de subsídios. Não é algo certo que aconteça, mas é a pior das possibilidades (veja sobre isso mais adiante)!!!

Não sabemos qual será a alíquota do imposto, nem quantos passageiros para cada automóvel existe, nem quantas vezes o passageiro usa o transporte público por mês, nem quantas vezes o motorista do transporte particular abastece o carro por mês, mas podemos fazer algumas especulações:


                                                               ax = by

Onde:

a = número de passageiros dos ônibus
x = valor do subsídio da tarifa
b = quantidade de veículos particulares
y = imposto pago por cada veículo


Se houver, por exemplo, três passageiros de ônibus para cada veículo particular, e cada um usa 60 passagens por mês (uma ida e volta por dia) e o subsídio for de R$ 0,50, e cada motorista de veículo particular abastece duas vezes por mês, quanto cada motorista deverá pagar por mês???

- 1 passageiro vai ao trabalho de ônibus = R$ 0,50 (lembrem-se: é o valor do subsídio da tarifa)
- o mesmo passageiro volta de ônibus = mais R$ 0,50, ou seja, R$ 1,00
- o mesmo passageiro repete isso durante um mês = R$ 30,00


R$ 30,00 por passageiro/mês: esse será o valor do subsídio que usaremos no cálculo. Até agora temos:

                            a x 30 = b x y

Vamos usar uma amostra de 300 passageiros. Teremos:

                                    300 x 30 = b x y   
                             9000 = b x y

Como supomos que há três passageiros para cada carro particular, então devemos ter cem carros subsidiadores:

                                     300 x 30100 x y



Então, qual será o valor que cada motorista terá que pagar por mês (nas suas duas abastecidas)? R$ 90,00.

                                      
                                       300 x 30 = 100 x 90
                                              9000 = 9000

R$ 90,00 por mês não é exatamente um valor irrisório para aqueles que adquiriram um automóvel novo com a redução do IPI, ironicamente feito pelo partido que agora quer sobretaxá-los. E se 10% desses motoristas debandarem para o transporte público? Como ficará a equação? Desequilibrada!!!


                                             310 x 30 = 90 x 90

                                                    9300 # 8100

E o que fazer para equilibrar novamente a equação? A única saída seria aumentar o imposto para R$ 103,33.


                                             310 x 3090 x 103,33

                                                    9300 = 9300


Seria cisma minha imaginar que com esse novo aumento do imposto, mais 10% dos motoristas debandariam para o transporte público, aumentando ainda mais o imposto, debandando ainda mais motoristas, e assim colapsando todo o mecanismo? É algo a se pensar!!!


                                            .
                                            .
                                            .


E sobre o fato de que a substituição de automóveis por bicicletas não poderem coexistir? Se o motorista trocar o automóvel por bicicleta, como é a recomendação de ambientalistas, urbanistas, cardiologistas, e do próprio prefeito, serão menos pessoas para subsidiar o transporte público, podendo, em menor intensidade, ocorrer o tal colapso dos subsídios. Há ainda a possibilidade do aumento o número de passageiros sem que haja o indesejado aumento de carros e motos nas estradas, o que causará o mesmo problema das bicicletas!!!


Enfim, a cidade, mais do que nunca, dependerá do transporte particular para que outras pessoas utilizem o transporte público. É algo a se pensar!!!


segunda-feira, 17 de junho de 2013

Manifesto em São Paulo!!!

Desde que troquei a TV pela internet, não sei o que a mídia fala ou o que deixa de falar de acontecimentos épicos nesse país, como a recente manifestação contra o aumento de passagens em São Paulo, mas em cada rede social que eu fui, aproximadamente 80% das postagens eram sobre isso, de prós e contras. Sou plenamente favorável a qualquer protesto, mas quando a coisa desbanca para o vandalismo e bandeiras partidárias, retiro meu apoio de fininho!!!


Dizem que o aumento de R$ 0,20 foi a gota d'água que transbordou a revolta com a atual situação do país. DESCULPA ESFARRAPADA, é claro. Para começar, a inflação anual é de 5,8%. O tal aumento da passagem foi de 6,6%. Se há um descontentamento com isso, então mirem na inflação, e não no reajuste!!!



"Eu acho engraçado, as pessoas têm memória curta. Eu tava dentro de uma fábrica, não faz muito tempo, e a inflação era de 80% ao mês. Hoje, você tem inflação de 5,8% ao ano, e aqueles que foram responsáveis pela inflação de 80% ao mês estão incomodados com os 5,8% ao ano." (Lula)


Ou seja, reclamar de um hipotético aumento de R$ 0,17 dessa mesma tarifa (5,8% de aumento) é coisa da oposição incomodada, mas reclamar de R$ 0,20 é coisa de cidadães conscientes que só quebrando o que encontrarem pela frente conseguirão serem ouvidos. O que me dizem disso, lulistas???


"Foi a gota d'água", dizem. A "gota d'água" não foi duas pessoas serem incendiadas vivas. Foram R$ 0,20. Seria a gota d'água contra a corrupção, desemprego, a Copa - dizem - mas nada da falta de segurança pública. Por que será? Estranhamente, os movimentos de verdade contra a corrupção vistos até agora não tiveram a metade da dimensão desse protesto de São Paulo, além de serem realizados nos fins-de-semana e feríados, quando os corruptos estão curtindo uma prainha e rindo de nossas caras e bocas. E houve cartazes contra a corrupção e o desemprego? Só sei que não havia contra a violência, nem exigindo segurança nas ruas e, principalmente, nada contra as leis lenientes ou favoráveis à criminalidade!!!


Contradição: Dizem que o protesto de São Paulo foi pacífico, mas outros dizem que não se consegue nada com protestos pacíficos. Afinal, foi ou não foi pacífico? Estão associando a quebradeira com a derrubada da Bastilha ou do Muro de Berlin. Afinal, carros, vitrines e ônibus são objetos da opressão tão evidentes quanto a Bastilha e o Muro de Berlin. Sairam de casa tendo com o objetivo de destruirem carros, vitrines e ônibus da mesma forma que os revolucionários da França ou os alemães fizeram com seus respectivos objetos de opressão. Tá tendo dificuldade em entender o que veículos e logradouros tem a ver com o aumento da passagem ou com a corrupção? Eu também!!!


A polícia exagerou? Sim, várias pessoas desarmadas foram atingidas com balas de borracha, mas a opção sugerida pelos simpatizantes é que a polícia não fizesse nada, que deixassem os manifestantes quebrarem os monumentos da opressão em paz. Afinal, ninguém vai pagar a conta, não é mesmo???


Conclusão, a passagem aumentou, apesar de toda a balbúrdia; a corrupção, desvio de verbas continuarão, e todos esquecerão os motivos reais e fictícios do protesto, porque agora os alvos serão a polícia militar e o governador de São Paulo, que desconfio eu, eram os alvos finais dos promotores desse manifesto!!!











segunda-feira, 13 de maio de 2013

Feminismo, feminismo e feminismo!!!

Sou totalmente a favor do feminismo, mas preocupo-me, embora me divirto, com o feminismo e tenho asco do feminismo. Muitos daqueles que dizem ser contra o feminismo, na verdade, são contra o feminismo e o feminismo, mas não contra o feminismo. Deu nó na cabeça? Esclarecerei!!!


Se separarmos o joio do trigo, teremos pelo menos três tipos de feminismo: o anti-machismo, o feminazismo e o femicomunismo. O primeiro é a necessária reação a uma sociedade machista, que nem sei se devemos titular isso com um "ismo", pois se o machISMO é ruim, por que o feminISMO é bom? Se o machismo se baseia na superioridade masculina, porque o feminismo anti-machista deve significar igualdade ou justiça para ambos os sexos???


Já aquilo que chamamos de feminazismo é o ódio à "raça masculina" ou a fetos. Elas pregam uma Solução Final à uma parcela significativa da humanidade. Aliás, isso se encaixa na teoria exposta nessa postagem!!!


E por último, e nem de longe o menos importante, temos o femicomunismo, que na verdade é mais uma atividade social contaminada pelo velho comunismo. Você reconhecerá essa forma de feminismo quando culparem o capitalismo por todas as desgraças (mais especificamente da mulher), ao mesmo tempo que ignoram a presença do governante de um dos países mais machistas do mundo. Foi o que aconteceu durante a Rio+20. O governante em questão era Mahmoud Ahmadinejad, cabendo aos evangélicos do Silas Malafaia a única manifestação contra ele, devido à prisão de pastores em seu país. O protesto das femicomunistas contra o capitalismo também foi lá. Se eu fosse um capitalista com o poder de um governante comunista, livraria-as dessa opressão, demitindo-as, mas aí vão culpar o mesmo capitalismo por exclusão das mulheres no mercado de trabalho....!!!


Essas distinções são fundamentais para evitar os frequentes mal-entendido. Reescrevendo o parágrafo anterior com os devidos acréscimos: Sou totalmente a favor do feminismo anti-machista, mas preocupo-me, embora me divirto, com o feminazismo e tenho asco do femicomunismo. Muitos daqueles que dizem ser contra o feminismo, na verdade, são contra o feminazismo e o femicomunismo, mas não contra o feminismo anti-machista. Se bem que não dispenso um belo show com strippers!!!

quarta-feira, 24 de abril de 2013

De novo: maioridade penal - II

Tem surgido outras justificativas - mais técnicas - por aí contra a redução da maioridade penal. Vamos ver algumas delas!!!


Uma dos justificativas surgidas por aí é que apenas 0,6% dos internos na Fundação Casa cometeram homicídios, como se a raridade do crime tornasse uma lei desnecessária. Bem, pra começar, homicídio não é o único crime sujeito à prisão. O argumento da raridade do crime parece não ser válido quando o assunto é criminalizar - ou tornar um crime especial - o espancamento e morte de homossexuais. Esse é um crime relativamente raro, mas querem criar uma lei punitiva específica. Os mesmos que querem criminalizar a homofobia parecem não se importar com 10 homicídios praticados por menores de idade num ano em todo o país, e que se danem as vítimas e suas famílias. E olha que fui generoso com o exemplo citado: apenas 10 homicídios por ano em todo o país!!!!!!


Outra justificativa seria a falta de oportunidades, como educação e emprego. Concordo que todos devem ter acesso à educação, mas está claro que ela não resolverá o problema (clique aqui)!!!


Até pouco tempo atrás, a pobreza, a miséria, eram as justificativas clássicas para a criminalidade. Apesar de fazer sentido no romantismo da nossa mente, os fatos desmentem isso. Mas como o tempo não significa necessariamente evolução, os "especialistas" vieram com uma tese ainda mais equivocada para substituir a anterior: a desigualdade social. Situação hipotética: haveria alta criminalidade num país qualquer, onde os mais pobres tivessem um padrão de vida sem luxos, mas com educação e saúde públicas e de qualidade, onde nenhuma criança com menos de 5 anos passa fome, convivessem com abastados que possuíssem dois helicópteros no pátio e passassem seus fins-de-semana na Disney World? Se "sim", por quê? Por que o mais pobre não se conforma com tamanha diferença de renda, mesmo tendo o que precisa para viver bem???


A-maioria-dos-menores-infratores-detentos-são-pobres: É assim: não podem ser presos porque são pobres, entenderam? Alguém aí sabe qual é a classe social da maioria das vítimas desses menores? Aposto que a maioria também são pobres, aqueles que ficam no meio de um fogo cruzado, sujeitos a uma bala perdida, ou simplesmente mortos por drogados. Se ao menos só menores infratores ricos fossem presos....!!!


Devemos-atacar-as-causas-e-não-as-consequências": Ninguém fala em acabar com as causas da pobreza, mas sim, em dar bolsas-família. Ninguém fala em acabar com o péssimo ensino das escolas públicas, que realmente impede alunos dessas escolas de entrar em boas universidades públicas, tampouco se fala em acabar com as distorções salariais entre negros e brancos que exercem a mesma função. É mais fácil manter tudo como está e dar cotas. Nesses casos, ninguém fala em "atacar as causas", só quando o assunto é essa redução da maioridade penal, como se essa como está não fosse uma das causas da criminalidade!!!

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A Prova dos Irmãos: Depois que a Constituição de 1988 acabou com a obrigatoriedade dos criminosos de marcar suas impressões digitais, se tornou tragicamente comum o detento dar o nome do seu irmão usando uma carteira falsa, fugir e em seguida capturarem esse irmão, que nada tem a ver com a vida criminosa do sujeito. Um irmão é criminoso e o outro não. Mas como isso é possível, se ambos sofrem igualmente com a desigualdade social; ambos tiveram (ou não) as mesmas chances na vida; mas apenas um se torna bandido???

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Sistema prisional falido: simples, deixa-se como está. Não seria uma causa, mas apenas uma justificativa para a não-redução da maioridade penal!!!


Mas e se todas essas "causas" fossem resolvidas, seria demais a redução da maioridade penal? Por que não atacar essas "causas" e também reduzir a maioridade? E pra terminar, todas essas justificativas também seriam válidas para os criminosos maiores de idade, já que o tempo não muda as origens de suas vidas pregressas. Enfim, por causa de todos esses argumentos, ninguém seria preso, apenas internados e logo liberados!!!

segunda-feira, 22 de abril de 2013

De novo: maioridade penal!!!

O roteiro se mantém inalterado: um menor comete um crime bárbaro, será levado na Fundação Casa - com direito a um estupradouro chamado de sala de visitas íntimas - ao invés de ser preso, e quando completar 18 anos sairá com a ficha mais limpa que a bolsa de suas vítimas. Discutem exaustivamente a redução da maioridade penal, e por fim, isso acabará no esquecimento, ficando como está até o próximo crime bárbaro cometido por outro menor, dando continuidade ao ciclo!!!


Quem já leu meus artigos devem imaginar qual é a minha posição sobre essa possível redução da maioridade penal para 16 anos. É claro que sou contra. Sou a favor mesmo é da sua redução para os 12 anos. Sem mais. Eu sei que isso não irá resolver o problema completamente, mas essa é a melhor solução a curto prazo. Se hoje fosse assim, esse "menor" já estaria preso, isso se a possibilidade de ser preso não dissuadí-lo de cometer o crime!!!


Um dos argumentos contrários que mais ouço - e dos mais absurdos, por sinal - é de que o tráfico passará a aliciar menores com até 15 anos, caso reduzam a maioridade para 16 anos. Primeiramente, de acordo com a lei vigente, nada impede os traficantes de aliciar menores de até 15 anos. Segundamente, o tráfico não é o único "empregador" de menores; muitos deles "trabalham" por conta própria, sem "patrão". E por último - e o mais importante - é a estranha forma como o tráfico é tratado nesse argumento, inclusive pela nossa presidentA: como uma entidade semi-legal ou, ao menos, tolerada, talvez uma associação de "vítimas da sociedade" que ganham a vida se vingando da sociedade, ou de fato como um estado paralelo, intocável, cabendo ao estado oficial apenas...apenas observá-lo!!!


Outro argumento contra - e dos mais estúpidos, por sinal - é que a criminalidade aumentaria entre os jovens de até 15 anos. Bem, isso seria plenamente aceitável se os jovens criminosos de 16 e 17 anos pudessem voltar a ter 15 anos ou menos para poderem cometer sua..."vingança contra a sociedade" sem serem presos como adultos. Quantos de nós não faríamos isso se fosse possível? Talvez alguma fada-madrinha desempregada atenda esse pedido!!!

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Essa discussão que acabará não levando em nada, infelizmente, apenas mostra como a mentalidade dos nossos tomadores de política não alcançaram ainda a maioridade penal. Dá até pra entender porque querem mantê-la como está!!!

quinta-feira, 28 de março de 2013

Estranhos humanos!!!

Vejam esse meme que encontrei no Facebook, um entre tantos que falam sobre o assunto:





Agora, substituam a palavra "humanos" por "judeus", ou "negros", ou "homossexuais, ou "ateus", ou  "evangélicos", ou qualquer outro grupo discriminado de sua preferência para verem como o conceito muda completamente. Nesse exemplo de sua imaginação, o próprio meme seria deletado e seu autor, caçado e exemplarmente punido!!!


Entónces, se quiser demonstrar algum tipo de ódio a um grupo de pessoas, mire em toda a humanidade, e não apenas numa parcela dela. Estranho isso, mas é fato!!!



terça-feira, 26 de março de 2013

Tributar templos...!!!

Surgiu por aí uma proposta: a de tributar templos religiosos, mas aí eu pergunto: em que esse tributo incidiria? Somente sobre a propriedade ou também sobre o dízimo???


O primeiro caso parece sensato, mas...tributar dízimos? E questiono isso mesmo sendo eu um coração imundo. Isso tornaria o governo (provavelmento o federal, já que o dízimo seria considerado renda) um sócio dessa achacação. O pastor que assedia o fiel a contribuir com um valor maior do que este está disposto a dar terá a total cumplicidade do fisco. A bem da verdade, ninguém representa tão bem o fisco quanto uma igreja do tipo Universal. O pastor bandido faz o serviço sujo, e o governo leva sua parte, atendendo a uma reinvindicação popular e na certeza de que seu tributo está "desestimulando" essa sórdida prática. Enfim, ainda fica com a boa fama!!!



E tem mais: provavelmente o edir macedo da vida irá achacar ainda mais o fiel, para compensar o dinheiro perdido com o imposto. Vejam o gráfico abaixo:





A primeira barra representa a arrecadação do dízimo normal. A segunda barra é o dízimo já descontado um imposto de 20% sobre a renda, um desconto hipotético. O que fará o bom pastor para que sua renda volte ao nível anterior, conforme demonstrado na terceira barra? Irá achacar, assediar, tosar ainda mais sua ovelha, E se isso de fato acontecer???







A primeira barra é aquela última do gráfico acima, onde o bom pastor sacudiu o fiel até tirar a última moeda para compensar sua perda com impostos (a cor vermelha), e com esse artifício, o governo ganha ainda mais, representada pela cor vermelha da segunda barra. 25% a mais, para ser exato!!!


Ao inves de onerar templos, sou a favor de desonerar àqueles que não têm muita paciência para esperar pelo paraíso. Mas infelizmente, nossa estrutura tributária é tão caótica que um pequeno pacote de bondade tributário pode prejudicar os mesmos que foram beneficiados e os demais, como ficou claro com a redução do IPI dos automóveis. Mas isso é uma outra história, para uma outra postagem!!!

segunda-feira, 25 de março de 2013

(Falha nossa!!!)

Na postagem A Renda e suas Distribuições (o primeiro, mas serve também para a outra postagem), o Índice de Gini do cálculo é o MÍNIMO (pois existe também o máximo e o médio), mas isso não afetará a idéia proposta pela postagem!!!


Att.

Edenilson

terça-feira, 12 de março de 2013

A renda e suas distribuições - II

Errata (clique aqui)

Prólogo

Anos atrás li um artigo do site Vermelho que dizia que o PIB da China decuplicou nos últimos 30 anos, mas as desigualdades sociais (leia-se: concentração de renda) aumentaram consideravelmente nesse período. Notei que havia algo errado nesse raciocínio, pois no regime de Mao Tse Tung - embora muitos não admitem - a miséria grassava, milhões de famélicos, e trinta anos depois, a situação amenizou bastante, mas as desigualdades sociais aumentaram. Onde estava a falha???


Na postagem anterior...

...procurei demonstrar matematicamente que analisar a concentração de renda de forma isolada não é um modo eficaz de mensurar o padrão de vida de uma população, o mesmo acontecendo com o PIB ou renda per capita em situação semelhante (leia aqui). E para chegar a essa conclusão, mostrei que a população mais pobre seria mais beneficiada com um elevado PIB per capita com concentração de renda que com a situação inversa - PIB per capita pequeno e renda melhor distribuída.


Devem se lembrar que...

...tive uma implicância com PIB ou renda per capita. Quando se trata da população em geral, usarei um ou outro; quando for de uma parcela da população (no caso, dos mais pobres) usarei apenas renda!!!


Vamos ao que interessa..

A exemplo da postagem anterior, usarei dados reais de dois países: do Brasil e do desenvolvido...Paquistão. Sim, "desenvolvido", pois sob o ponto de vista da concentração/distribuição de renda, ele seria um país desenvolvido. Eis os desafiantes de hoje:

Brasil:
PIB/per capita: US$ 12.000
Índice de gini: 51,9

Paquistão:
PIB per capita: US$ 2.900
Índice de gini: 30,6

(Dados da CIA World Factbook. Seja você também um agente da CIA, clicando aqui e aqui)


Usando aquelas equaçõezinhas da postagem de outrora, veremos que a renda per capita da população mais pobre (escolhi os 80% mais pobre) é de aproximadamente US$ 4.215 para o Brasil e US$ 1.790,75 para o "paraíso social" Paquistão. Notaram como o PIB per capita dessa parcela mais pobre da população brasileira é maior que o PIB per capita do Paquistão???!!!!!!!!!!!!!!

Relembrando as equaçõezinhas:

1) PP - IG = RP

PP = percentual da população mais pobre (no caso, os 80% mais pobres da população)

IG = Índice de Gini

RP = Percentual da renda da população mais pobre (Ex: os 80% mais pobres possuem 30% da renda nacional. Nesse caso, o RP é 30).




2) RCPP = RC x RP / PP

RCPP = renda per capita da população mais pobre (relembrando: dos 80% mais pobres).



Nessa segunda equação, vamos substituir o RP por PP - IG, como na primeira equação. Assim teremos:



3) RCPP = RC x (PP - IG) / PP


É provável que aqueles mais familiarizados com a matemática já tenham feito isso na outra postagem, mas alguns dos milhões de leitores dessa postagem têm mais dificuldade com a matemática e não era necessário detalhar isso na época!!!


Agora, observe o gráfico abaixo:




Para os mais entendidos de matemática, essa é uma função f :IG = RCPP com os dados do Brasil, ou seja RCPP = 12.000 x (80-IG) / 80. Para os que não entenderam nada disso, significa que para cada Índice de Gini (eixo horizontal), há uma Renda per Capita da População mais Pobre correspondente (eixo vertical). Note, por exemplo, a haste que sai do índice de gini 40: ela sobe até a linha azul e aproximadamente desse ponto passa uma haste horizontal que se dirige ao RCPP 6.000 (US$). Isso significa que para um PIB per capita de 12.000 US$ e um Índice de Gini de 40, a RCPP é de aproximadamente 6.000 US$ (o valor exato é descoberto calculando a equação). O caso do Brasil está representado no ponto preto. O ponto vermelho é uma situação indesejada, pois significa que a concentração de renda aumentou, mas não o PIB per capita; logo, a população mais pobre empobreceu. O contrário ocorre no ponto cinza!!!


Agora, observe mais esse gráfico:





Veja as regiões chamadas Cobiçado, Desejado, Indesejado e Repudiado. Qualquer ponto na região azul é Cobiçado em relação à nossa atual RCPP e Indice de Gini (ponto preto na "fronteira"), pois representa um RCPP superior e um Índice de Gini menor. Na região Desejado, um RCPP superior, mas um Índice de Gini também superior. Não seria o ideal, mas preferível à nossa atual situação. No trecho Indesejado, temos um Índice de Gini inferior, mas RCPP também inferior (o que é ruim para os mais pobres). E temos o trecho Repudiado, com RCPP e Índice de Gini superior, ou seja, com concentração de renda; uma situação totalmente indesejada!!!




Agora, vejam essa quarta equação:


4) RC = RCPP x PP / (PP - IG)


Aqui, a renda per capita depende de uma determinada Renda per Capita da População mais Pobre (RCPP) e de um determinado índice de gini.


O gráfico abaixo é, na verdade, um gráfico tridimensional visto de cima e cortado numa certa altura, representando a Renda per Capita da População Pobre (curva azul) com uma determinada Renda per Capita e Índice de Gini. Para os mais familiarizados, trata-se de f :RC, IG = RCPP, sendo RC = 4215 x 80 / (80 - IG). Para os não familiarizados, explicarei melhor em seguida:






Esse gráfico representa o caso brasileiro. O ponto vermelho é a atual situação brasileira, com Índice de Gini de 51,9 e renda ou PIB per capita de 12.000. Qualquer ponto sob a curva localizado à esquerda do ponto vermelho é uma situação mais desejável; isso porque a população mais pobre manterá sua renda per capita, mas com melhor distribuição de renda (como no ponto roxo). O trecho à direita do ponto vermelho, seria um trecho mais indesejável, pois haveria mais concentração de renda, apesar da renda da população mais pobre continuar igual. Mantendo essa renda per capita e com uma distribuição melhor da renda (índice de gini menor) será necessário uma renda ou PIB per capita menor. Caso haja concentração de renda, será necessário um aumento do PIB per capita para manter inalterada a renda per capita dos mais pobres. Isso pode ser visto no gráfico.


Agora, vejam o gráfico abaixo:




Novamente o caso brasileiro, e novamente as regiões Cobiçado, Desejado, Indesejado e Repudiado. Qualquer ponto na região azul é Cobiçado em relação ao nosso atual PIB per Capita e Indice de Gini (ponto preto na "fronteira"), pois representa um PIB per capita superior e um Índice de Gini menor. Na região Desejado, temos um PIB per capita superior, mas um Índice de Gini também superior. Não seria o ideal, mas preferível à nossa atual situação. No trecho Indesejado, temos um Índice de Gini inferior, mas PIB per capita também inferior (o que é ruim para os mais pobres). E temos o trecho Repudiado, com PIB per capita inferior e Índice de Gini superior, ou seja, com concentração de renda; uma situação totalmente indesejada. Repudiada!!!



O gráfico abaixo mostra a situação paquistanesa em relação à brasileira. Para a população mais pobre do Brasil, os mais pobres do Paquistão estão numa situação Indesejada: melhor distribuição de renda, mas renda menor para a população mais pobre:






Mas para a população pobre do Paquistão, os pobres do Brasil estão numa situação Desejada: renda da população mais pobre menor, apesar da maior concentração de renda:




A "Renda per Capita" do gráfico signfica a renda per capita necessária para manter a RCPP com uma alteração do Índice de Gini. No caso brasileiro, isso significa que para uma elevação do Índice de Gini para 70 seria necessário uma RC de 33.720 US$ para manter a atual Renda per Capita dos Mais Pobres (RCPP)!!!


Relembrando, todos esses exemplos acima são em relação à população 80% mais pobre de cada país. Quem tem familiaridade com matemática e Excel pode usar outros percentuais e compará-los um com o outro. Quanto aos demais, escreverei sobre isso posteriormente. Eventuais erros nas equações ou cálculos serão corrigos mais tarde!!!

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Espero que tenha sido satisfatória minha contribuição nesse assunto. Almejemos, antes de tudo, uma maior RCPP, lembrem, a renda per capita da população mais pobre, que nem sempre é garantida com uma melhor distribuição da renda, embora essa sempre seja desejável com uma certa renda (ou PIB) per capita. Me desculpem qualquer coisa!!!