quinta-feira, 27 de junho de 2013

E as causas da pobreza???

"Quando alimentei os pobres chamaram-me santo, mas quando perguntei por que há gente pobre chamaram-me comunista". Dom Hélder Câmara



Na postagem do Capitalismo IV, procurei mostrar que o capitalismo não gera a miséria. Ele pode gerar desigualdades mas não a miséria, que são duas coisas diferentes, como já mostrei aqui. Na postagem supracitada, falei de uma ou outra causa geral, e de uma particular, que é a alta taxa de fecundidade entre famílias mais carentes; afinal, se tais famílias não são carentes, por causa disso passariam a ser. Mas o que poderia gerar a miséria ou pobreza, usando um termo mais abrangente, além dessas causas mais gerais???


Uma das causas é...nenhuma causa. A pobreza não se cria; a riqueza, sim. A humanidade não surgiu rica e próspera, e foi decaindo com o tempo. A humanidade nasceu miserável, mas alguns de seus membros criaram algo parecido com a riqueza ao longo do tempo, seja por meio da agricultura, pecuária, saques, conquistas, força bruta, religiões, comércio, artesanato, roubos, estelionatos, indústrias e outros fatores que muitos talvez nem imaginam. Quando alguém acumula riqueza e essa vai desaparecendo com o decorrer  dos anos ou das gerações, aí sim temos uma causa da pobreza!!!


Quais seriam as causas mais comuns da pobreza? Nada que uma boa conversa com o povo para encontrar algumas respostas:

- O pai, avô ou bisavô perdeu tudo com jogos.
- O, pai avô ou bisavô bebia e perdeu o emprego...
- O pai, avô ou bisavô torrou o dinheiro que herdou de seus pais.
- O pai, avô ou bisavô era rico, mas foi à falência.
- O pai, avô ou bisavô foi roubado por algum sócio inescrupuloso.


Ou:

- Eu perdei tudo com jogos
- Eu torrei o dinheiro que herdei dos pais
- Eu bebo e perdi o emprego.
- Eu me viciei em drogas.
- Eu fui à falência.
- Eu fui roubado pelo sócio inescrupuloso.

Enfim, causas triviais, banais, sem o romantismo do "o capitalismo gera miséria". Não seria demais imaginar que algum miserável de hoje seja descendente de um rico comerciante do século XIX? Não, não seria, embora seja bem mais fácil que o rico industrial do século XXI seja descendente de famílias miseráveis do século XIX!!!


Você leu toda essa postagem achando que eu ia falar algo mais romântico, como o "avanço dos latifúndios" ou "que a empresa poluiu o rio onde a população da vila pescava" e que por tudo isso empobrecerem, e então, é culpa do capitalismo. Coisas assim acontecem, mas a decadência nesses casos é menor do que as causas individuais citadas. Eles passaram de pobres para miseráveis, e não de ricos para pobres ou até miseráveis. O impacto nesse último caso foi maior, o empobrecimento foi maior, maís nítido!!!


Entender as causas da pobreza não ajudará a tirá-los dessa situação, o certo seria descobrir como acabar com ela. Pelo menos, entender essas causas ajuda a reduzir que mais pessoas repitam a grandiloqüente bobagem do "capitalismo gera miséria"!!!

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Subsidiar o público com o privado: má idéia, acho eu!!!

Antes mesmos desses protestos que geraram muito mais calor que luz, o atual prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, propôs uma medida que encantaria o mais cauteloso dos marxistas, mas de benefício duvidoso: o subsídio das tarifas de ônibus pelos donos de carros particulares. Se a idéia vingar, as várias campanhas pela troca do automóvel pelo transporte público ou bicicletas terão sido em vão, já que as duas coisas não podem coexistir. E o pior ainda não é isso!!!


Nos últimos anos, o governo federal facilitou a aquisição de automóveis novos pela população mais carente. Antes mesmo disso, a mesma população já adquiria carros semi-novos ou usados. O que significa que não serão apenas os ricos que subsidiarão o transporte dos mais pobres. Com o consequente aumento do preço do combustível, os motoristas mais pobres poderão trocar o carro pelo ônibus. E é aí que começa o problema: um subsidiado a mais e um subsidiador a menos. Para compensar essa troca, só aumentando esse imposto, o que pode ocasionar a debanda de outros motoristas para o transporte público, e assim sucessivamente, colapsando o mecanismo de subsídios. Não é algo certo que aconteça, mas é a pior das possibilidades (veja sobre isso mais adiante)!!!

Não sabemos qual será a alíquota do imposto, nem quantos passageiros para cada automóvel existe, nem quantas vezes o passageiro usa o transporte público por mês, nem quantas vezes o motorista do transporte particular abastece o carro por mês, mas podemos fazer algumas especulações:


                                                               ax = by

Onde:

a = número de passageiros dos ônibus
x = valor do subsídio da tarifa
b = quantidade de veículos particulares
y = imposto pago por cada veículo


Se houver, por exemplo, três passageiros de ônibus para cada veículo particular, e cada um usa 60 passagens por mês (uma ida e volta por dia) e o subsídio for de R$ 0,50, e cada motorista de veículo particular abastece duas vezes por mês, quanto cada motorista deverá pagar por mês???

- 1 passageiro vai ao trabalho de ônibus = R$ 0,50 (lembrem-se: é o valor do subsídio da tarifa)
- o mesmo passageiro volta de ônibus = mais R$ 0,50, ou seja, R$ 1,00
- o mesmo passageiro repete isso durante um mês = R$ 30,00


R$ 30,00 por passageiro/mês: esse será o valor do subsídio que usaremos no cálculo. Até agora temos:

                            a x 30 = b x y

Vamos usar uma amostra de 300 passageiros. Teremos:

                                    300 x 30 = b x y   
                             9000 = b x y

Como supomos que há três passageiros para cada carro particular, então devemos ter cem carros subsidiadores:

                                     300 x 30100 x y



Então, qual será o valor que cada motorista terá que pagar por mês (nas suas duas abastecidas)? R$ 90,00.

                                      
                                       300 x 30 = 100 x 90
                                              9000 = 9000

R$ 90,00 por mês não é exatamente um valor irrisório para aqueles que adquiriram um automóvel novo com a redução do IPI, ironicamente feito pelo partido que agora quer sobretaxá-los. E se 10% desses motoristas debandarem para o transporte público? Como ficará a equação? Desequilibrada!!!


                                             310 x 30 = 90 x 90

                                                    9300 # 8100

E o que fazer para equilibrar novamente a equação? A única saída seria aumentar o imposto para R$ 103,33.


                                             310 x 3090 x 103,33

                                                    9300 = 9300


Seria cisma minha imaginar que com esse novo aumento do imposto, mais 10% dos motoristas debandariam para o transporte público, aumentando ainda mais o imposto, debandando ainda mais motoristas, e assim colapsando todo o mecanismo? É algo a se pensar!!!


                                            .
                                            .
                                            .


E sobre o fato de que a substituição de automóveis por bicicletas não poderem coexistir? Se o motorista trocar o automóvel por bicicleta, como é a recomendação de ambientalistas, urbanistas, cardiologistas, e do próprio prefeito, serão menos pessoas para subsidiar o transporte público, podendo, em menor intensidade, ocorrer o tal colapso dos subsídios. Há ainda a possibilidade do aumento o número de passageiros sem que haja o indesejado aumento de carros e motos nas estradas, o que causará o mesmo problema das bicicletas!!!


Enfim, a cidade, mais do que nunca, dependerá do transporte particular para que outras pessoas utilizem o transporte público. É algo a se pensar!!!


segunda-feira, 17 de junho de 2013

Manifesto em São Paulo!!!

Desde que troquei a TV pela internet, não sei o que a mídia fala ou o que deixa de falar de acontecimentos épicos nesse país, como a recente manifestação contra o aumento de passagens em São Paulo, mas em cada rede social que eu fui, aproximadamente 80% das postagens eram sobre isso, de prós e contras. Sou plenamente favorável a qualquer protesto, mas quando a coisa desbanca para o vandalismo e bandeiras partidárias, retiro meu apoio de fininho!!!


Dizem que o aumento de R$ 0,20 foi a gota d'água que transbordou a revolta com a atual situação do país. DESCULPA ESFARRAPADA, é claro. Para começar, a inflação anual é de 5,8%. O tal aumento da passagem foi de 6,6%. Se há um descontentamento com isso, então mirem na inflação, e não no reajuste!!!



"Eu acho engraçado, as pessoas têm memória curta. Eu tava dentro de uma fábrica, não faz muito tempo, e a inflação era de 80% ao mês. Hoje, você tem inflação de 5,8% ao ano, e aqueles que foram responsáveis pela inflação de 80% ao mês estão incomodados com os 5,8% ao ano." (Lula)


Ou seja, reclamar de um hipotético aumento de R$ 0,17 dessa mesma tarifa (5,8% de aumento) é coisa da oposição incomodada, mas reclamar de R$ 0,20 é coisa de cidadães conscientes que só quebrando o que encontrarem pela frente conseguirão serem ouvidos. O que me dizem disso, lulistas???


"Foi a gota d'água", dizem. A "gota d'água" não foi duas pessoas serem incendiadas vivas. Foram R$ 0,20. Seria a gota d'água contra a corrupção, desemprego, a Copa - dizem - mas nada da falta de segurança pública. Por que será? Estranhamente, os movimentos de verdade contra a corrupção vistos até agora não tiveram a metade da dimensão desse protesto de São Paulo, além de serem realizados nos fins-de-semana e feríados, quando os corruptos estão curtindo uma prainha e rindo de nossas caras e bocas. E houve cartazes contra a corrupção e o desemprego? Só sei que não havia contra a violência, nem exigindo segurança nas ruas e, principalmente, nada contra as leis lenientes ou favoráveis à criminalidade!!!


Contradição: Dizem que o protesto de São Paulo foi pacífico, mas outros dizem que não se consegue nada com protestos pacíficos. Afinal, foi ou não foi pacífico? Estão associando a quebradeira com a derrubada da Bastilha ou do Muro de Berlin. Afinal, carros, vitrines e ônibus são objetos da opressão tão evidentes quanto a Bastilha e o Muro de Berlin. Sairam de casa tendo com o objetivo de destruirem carros, vitrines e ônibus da mesma forma que os revolucionários da França ou os alemães fizeram com seus respectivos objetos de opressão. Tá tendo dificuldade em entender o que veículos e logradouros tem a ver com o aumento da passagem ou com a corrupção? Eu também!!!


A polícia exagerou? Sim, várias pessoas desarmadas foram atingidas com balas de borracha, mas a opção sugerida pelos simpatizantes é que a polícia não fizesse nada, que deixassem os manifestantes quebrarem os monumentos da opressão em paz. Afinal, ninguém vai pagar a conta, não é mesmo???


Conclusão, a passagem aumentou, apesar de toda a balbúrdia; a corrupção, desvio de verbas continuarão, e todos esquecerão os motivos reais e fictícios do protesto, porque agora os alvos serão a polícia militar e o governador de São Paulo, que desconfio eu, eram os alvos finais dos promotores desse manifesto!!!