segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Eleições lá e cá!!!

Cá estou acompanhando as repercussões  no Brasil da vitória de Donald Trump nos EUA. Diga-se de passagem, uma repercussão cheia de interjeições de incredulidade. As eleições americanas chamam a atenção do mundo por causa da notória importância - para não dizer poder e influência - dos EUA para o mundo, e mais especificamente para o Ocidente. Ok, ok, Trump é machista e já está assinando um termo de declaração da Terceira Guerra Mundial. Já não basta a eleição do Dória em São Paulo e do Crivella no Rio, agora isso?! O que falta? Bolsonaro Presidente???



Toda essas reações, que acho um pouquinho desproporcional, nos mostra como elegemos nossos candidatos, mais pela emoção que pelos fatos. Pior, mais pelos rótulos "esquerda" ou "direita", acrescidos de algum defeito ao candidato adversário. Ordem dos fatores: primeiro o rótulo, depois algo que o desabone, quando deveria ser o contrário. Vamos começar pelo Trump: 98% do eleitorado brasileiro (os outros 2% são a margem de erro), que não votará nos EUA, acha Trump um ser desprezível, indigno de se candidatar a síndico de condomínio, mas algo me diz que esse não é o verdadeiro motivo: existem acusações pesadas contra Hillary Clinton que são solenemente desprezadas pelos anti-Trump. Inversão de valores? Não exatamente, a verdadeira inversão está na importância que dão ao rótulo político ao invés dos fatos. Trump é de direita, ou de extrema-direita, ou a coisa mais próxima do nosso conceito de direita, então, o primeiro julgamento será esse, depois vem o resto: qualquer transgressão em sua vida pessoal ou política, ampliados ao status de escândalo. Mesmo quando o presidente da segunda maior potência militar do mundo ameace o planeta, incluindo aí os eleitores de Hillary, com uma terceira guerra mundial caso Hillary vença, é o Trump que é considerado o arauto do fim do mundo, pois ele é o candidato da direita ou o mais direitista deles!!!



Outra bisonha particularidade de nossos eleitores, lá e cá, é o caráter binário de suas preferências, como se tivessem que escolher entre Trump e uma alternativa neutra, sem identidade, que "não cheira e não fede", mas que é melhor que Trump, como se escolhessem entre Trump e "Não-Trump". Tirando toda a imprensa e seus artistas dependentes-independentes, alguém lá e cá fez campanhas pró-Hillary???



Vices, não nos esqueçamos dos vices, por favor. 


Voltando a alguns meses no tempo, quando o eleitorado da Dilma chora, se recontorce, pelo seu impeachment, já que o sucessor é um crápula da direita, um ser vil de uma raça das trevas. Todas essas qualidades do vice, porém, não foram suficientes para afastar os votos na chapa da Dilma. Isso demonstra que o eleitor vê o vice em um papel tão secundário que o próprio esquerdismo da candidata ofuscaria completamente qualquer vibração negativa do vice de direita!!!



Sim, é isso mesmo. Alegam que o vice não passa de uma figura decorativa. Pode ser, assim com também são decorativos uma cascavel na mesa, ou um retrato de Hitler e suásticas na casa do nosso melhor amigo. Decorativos, sem dúvida. E quase ia me esquecendo daquele velho ditado "diga-me com quem andas e te direi quem és.". Se for julgar por essa perspectiva, ou Dilma, na verdade, era uma ameaça, ou Temer é um bom homem. Poucos foram os bem-aventurados que lembraram que uma doença, morte ou acidente poderia afastar sua presidenta eleita, e a tal decoração assumir o mandato, coisa difícil de acontecer, mas não impossível!!!



A propósito, alguém conhece o vice do Trump???


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Há dois anos atrás, minha queixa era que o eleitorado de cá não conhecia o nosso sistema eleitoral, agora, acrescento a essa falta de informação todas essas pequenas falhas. Acho que já podemos reduzir a idade eleitoral para os dez anos de idade!!!