Quando fico uns bons meses sem postar nada aqui, é porque estou sem assunto
ou sendo monotemático. Mas como a proposta do blog é justamente analisar, questionar e comentar, sem medo de gerúndios (nesse caso, sem medo de infinitivos), o que há por trás do que lemos, ouvimos no decorrer dos anos ou temas atuais de forma levemente didática, então
me vejo obrigado a expor minha opinião sobre o
assunto do momento ou sobre uma crença arraigada que vez ou outra vem à
tona nos lembrando que ela ainda existe, mesmo eu correndo o risco de ser monotemático,
o que é o caso atual!!!
Hoje vou falar da tal exploração capitalista, algo que para
muitos, é uma espécie de escravidão moderna. Mas o que seria de fato essa tal
de exploração capitalista? No artigo anterior, prometi que na postagem com esse
título falaria do papel do Batman numa cidade onde seu alter-ego concentra boa
parte da renda de Gotham City. Deixarei para a próxima!!!
Antes de começar, vou dar o meu conceito de exploração, seja
capitalista, socialista ou mesmo anarquista. Quando o empregador remunera o
empregado com menos do que ele pode pagar, então temos um tipo de exploração
que justifica qualquer greve por melhores salários. Quando o comerciante cria
uma “meta de vendas” absurda, tão somente para enriquecer às custas do
empregado, também temos exploração. Quaisquer outros exemplos semelhantes são
explorações. Mas na visão
marxista-leninista-trotskista-stalinista-castrista-polpotista dos nossos
universitários, principalmente das áreas humanas, o simples fato de um ser
humano estar produzindo para enriquecer outro é exploração, mais precisamente
exploração capitalista. Tirando os exemplos de explorações que citei no começo,
ouso dizer que a coisa não é bem assim. Ouso dizer que isso não é exploração, no sentido de semi-escravidão.
Horrorizem-se, comunistas de McDonald's!!!
Enquanto a verdadeira exploração depende da índole do patrão
(ganancioso, explorador FDP), a tal de exploração capitalista é quase um acordo.
Pra começar, os patrões capitalistas não mandam capitães-do-mato arrancarem
seres humanos de seu mundinho de conto de fadas, forçando-os a trabalharem em seus
estabelecimentos. É justamente o contrário: seres humanos vão atrás do
capitalista desalmado para oferecerem sua força de trabalho em troca de
salário, já que sua vidinha não é tão escandinavamente bucólica assim. É mais fácil a pobre
vítima do capitalismo forçar o patrão a empregá-lo que o contrário.
Praticamente o oposto da escravidão!!!
E o empregador enriquece
simplesmente porque explora seres humanos? Por essa lógica, o patrão, sem
capital, sem nada, obrigaria, de alguma forma, outras pessoas a servi-lo e, com
isso, conseguiria adquirir todo o capital necessário para a produção, e aí sim,
enriquecer. Uma inversão da causa e efeito. Você já pensou em “empregar” pessoas não
tendo nada para oferecer-lhes, nem mesmo instrumentos de trabalho ou garantia
de salário no final do mês? Se isso fosse possível, você até cogitaria fazer
isso, qualquer um cogitaria, mas vós sabeis que só é possível empregar alguém quando
há um mínimo de bens de capital (máquinas, instrumentos de trabalho, etc...) e garantia
de salário no final do mês!!!
...enquanto isso, a Mais-Valia...
Seria algum erro, alguma
injustiça se o patrão visasse apenas ao lucro? Seria, se o patrão recorresse às
formas que citei no terceiro parágrafo, caso contrário NÃO, da mesma forma que
não é nenhum erro ou injustiça o trabalhador visar apenas ao salário. Sim, ele
pode se preocupar com outras coisas referentes ao seu trabalho – tal como faz o
patrão - mas seu objetivo final é o salário!!!
E esse mais-valia? Mais-valia
seria a diferença entre o valor total do produto por trabalhador, e o custo
total da produção, incluindo aí o seu salário. Esse valor seria abocanhado pelo
patrão. É claro que os custos de produção não são os únicos custos de uma
empresa, e é aí que esse conceito de mais-valia meio que desaba. Com o
mais-valia, o terrível patrão deve pagar os impostos, pagar o salário de quem
não participa diretamente da produção –
a faxineira e a secretária, por exemplo – remunerar os acionistas, no
caso das grandes empresas (sem o dinheiro que eles depositaram na empresa, não
haveria tantas pessoas sendo “exploradas”) e outros custos cuja existência
passa a quilômetros do conhecimento de nossos “cidadães conscientes”. Com todas essas implicações e complicações, quanto de "mais-valia" sobraria para o patrão???
Sim, os patrões não devem ganhar tanto assim. Deveriam, quem sabe, ganhar o mesmo que seus funcionários. Você, se tivesse um capital ( todo o patrimônio produtivo) de R$ 1 milhão, se contentaria em receber R$ 1 mil por mês? Se a resposta for cinicamente afirmativa, então faça o seguinte: venda esse patrimônio e invista na poupança - a aplicação que menos remunera o capital hoje. Se fizer isso, sem qualquer esforço, risco ou incômodos, irá ganhar quase R$ 6 mil por mês. Já escolheu o que faria com o seu milhão???
A essa altura, o leitor está convicto de que sou um burguês explorador ou filhinho do mesmo. Os que me
conhecem, devem achar que estou bajulando o patrão ou que sou algum mentecapto por
querer marcar um gol contra mim e meus companheiros, se esquecendo rapidamente das
exceções que escrevi no terceiro parágrafo. Não creio que o meu patrão vá ler
isso, e tampouco que eu seja promovido. O que escrevi são fatos. Se alguém
discorda, o espaço para comentários está à disposição!!!