quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Concentração de população!!!

A concentração de renda é um fenômeno econômico e social que preocupa sobretudo o Brasil, detentor de uma das maiores economias do mundo, mas com uma das piores distribuições de renda do mundo, embora tem havido uma melhoria nesse sentido nos últimos 10 anos. Muito se discute as possíveis causas, mas todas as causas discutidas estão focalizadas na transferência da renda já existente ou na má distribuição da renda que é gerada. Eu proponho uma outra causa-base: o aumento populacional diferenciado entre a população pobre e a população rica. Uma má distribuição na outra variável da distribuição da renda!!!

Sabemos que os casais mais pobres, pelo menos até uns anos atrás pois não sei como anda a situação atualmente, sempre têm mais filhos que os casais mais ricos. São vários exemplos de famílias miseráveis com dez filhos, casais pobres com cinco filhos e casais mais ricos com um ou dois filhos. Esse fenômeno não transfere renda e nem a distribui de forma desigual, mas dilui a renda já distribuida!!!

Exponho a seguinte situação: uma determinada região é habitada por apenas 5 casais (portanto, 10 pessoas). O casal mais rico possui uma renda familiar de X$ 8.000, enquanto os demais casais possui, cada um, uma renda familiar de X$ 2.000. Isso significa que a população 20% mais rica (o casal rico), possui 50% da renda nacional, Com esses números, teremos os seguintes resultados:

População = 10
Renda per capita total = X$ 1.600
Renda per capita dos 20% mais ricos = X$ 4.000
Renda per capita dos 80% mais pobres = X$ 1.000
Índice de Gini = 0,3 ou 30%*

Agora vamos dificultar um pouquinho as coisas para os casais: vários anos depois, o casal mais rico teve um filho, e os demais casais tiveram três filhos cada um. Cada família (os casais agora são famílias) possui a mesmíssima renda familiar de antes, com a devida correção monetária; a população aumentou 130%. Podemos analisar as consequências disso na distribuição da renda de duas formas. A primeira, é dividir essa população em 4 famílias pobres e a família mais rica; a segunda, é dividir a população em 80% mais pobre e 20% mais rica. Ambas as formas foram utilizadas antes e de forma simultânea, mas agora isso não será possível!!!

Como cada família possui as mesmas rendas de antes, então não houve alterações na distribuição da renda. O antes casal mais rico não ficou mais rico, nem os casais mais pobres ficaram mais pobres. O que mudou não foi a distribuição da renda, mas a distribuição na população, ou mais precisamente, houve uma má distribuição do aumento populacional!!!


Usando o método das famílias pobres e ricas, notaremos que agora a população das primeiras representam 86,96% da população total contra 13,04% da família mais rica. Ou seja, se antes a metade a renda nacional era destinada para 80% da população pobre, agora deve ser dividida com 86, 96% da população. Nesse caso, teremos a seguinte distribuição:

População = 23
Renda per capita total = X$ 695,65
Renda per capita dos 13,04% mais ricos = X$ 2.666,67
Renda per capita dos 86,96% mais ricos = X$ 400
Índice de Gini = 0,37 ou 37%*

Notem que mesmo que a distribuição da renda seja a mesma para as famílias, o índice de Gini aumentou e a renda per capita para ambos os casos diminuiu. Bem, diminuiu ainda mais para os pobres!!!

Agora vamos ver no caso dos indivíduos 80% mais pobres e 20% mais ricos. 80% de 23 é 18,4 e 20% do mesmo número é 4,6. Por causa dos “quebrados”, teremos que “inventar” quatro décimos e seis décimos de pessoa. Entre os 20% mais ricos, incluem-se a família mais rica (3 pessoas) e mais 1,6 pessoas que pertencem à população pobre. Um membro da população pobre tem uma renda per capita de X$ 400, como visto antes; 0,6 membro da população pobre deverá ter uma renda de X$ 240 (X$ 400 x 0,6). Logo, a renda dos 20% mais ricos será de X$ 8.640 ou 0,54% de toda a renda. Agora teremos:


População = 23
Renda per capita total = X$ 695,65
Renda per capita dos 13,04% mais ricos = X$ 1.878,26
Renda per capita dos 86,96% mais pobres = X$ 400
Índice de Gini = 0,34 ou 34%*

Se a renda for triplicada, teremos a mesma distribuição, havendo apenas uma triplicação da renda per capita para ambas as camadas sociais. Enfim, mesmo com o mesmo índice de Gini, teríamos uma melhoria na renda e, portanto, na qualidade de vida!!!


Note que mesmo havendo diferenças nos índices de Gini em cada método, eles são superiores ao índice original. No primeiro caso, após o crescimento populacional, a população foi dividida por famílias (80% das famílias mais pobres x 20% das famílias mais ricas); e no segundo caso, por indivíduos (80% da população pobre x 20% da população mais rica). Em alguns casos, como no exemplo original, esses dois métodos se coincidem, mas quando não há essas coincidências, acredito eu que o primeiro método – o das famílias- é o mais condizente com a realidade. Por quê??? Pois as 1,6 pessoas da população pobre que foram realocadas na população rica no segundo caso pertencem a uma família pobre e dela são dependentes financeiramente; a menos que essas 1,6 pessoas formassem uma família e tivessem sua própria renda, o que não era o caso. Nesse caso, o índice de Gini real, a meu ver é o de 0,37 ou 37%!!!

Não vou entrar em mais detalhes senão iria longe, mas podemos considerar essas hipóteses. Resta saber quem tocará no assunto!!!



* Os índices de Gini expostos são, na verdade, valores mínimos possíveis dado àquela distribuição, embora na prática essa distribuição é bem improvável!!!

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Post Mortem!!!

Existe vida após a morte??? Alguns não acreditam nisso, outros sim, e ainda há outros, como eu, que ficam nessa eterna dúvida. Eterna dúvida nada, pois quando chegar a nossa “hora”, ela morrerá junto, e sem direito a vida posterior. O problema é que se não existir não ficaremos conscientes da resposta!!!


Existem basicamente três visões de vida pós-morte: a da vida eterna, da ressurreição e da reencarnação/carma. Todos os detalhes do que virá após a morte varia de acordo com cada religião, mas todas as crenças a respeito estarão baseadas nessas três correntes. Quero falar um pouco de cada uma delas!!!


A visão de vida eterna sem reencarnação, presente nas grandes religiões monoteístas e a mais comum por aqui, me parece incômoda, inclusive contradiz o aspecto de sábio e justo que atribuem a Deus; ou então contradiz o seu aspecto onipotente. Vejam bem: um sujeito qualquer já matou intencionalmente (acho que nesse caso devemos desconsiderar a legitima defesa) várias pessoas inocentes, enfim, é um sujeito mau. Ele morre com 80 anos de idade, e então, vem seu castigo merecido. E em que consiste essa pequena punição: queimará por toda a eternidade num lugar com cheiro horrível, e será submetido a diversos tipos de tortura. Notem que o sujeito passará por castigos cruéis por toda a eternidade, embora sua vida pregressa tenha durado apenas 80 anos. O destino de toda uma eternidade decidida num pontinho da escala infinita do tempo, de 80 a 100 anos de vida. Na nossa escala, seria o mesmo que jogar uma criança num lugar horrível qualquer e torturá-la pelo resto da sua vida apenas porque cometeu uma pequena travessura num único segundo de sua existência. Justiça???


Uma dúvida que me surge é essa: Deus é quem quer assim ou isso é uma lei sobrenatural do qual nem Deus pode fazer nada a respeito??? Se for o primeiro caso, então macula o aspecto sábio e justo de Deus; se for o segundo caso, macula seu aspecto onipotente!!!


E como seria o paraíso eterno??? Ninguém saberia dizer ao certo como é o paraíso (ao contrário do inferno), além de especulações. Provavelmente seria um lugar de prazeres e maravilhas indescritíveis, capaz de nos fazer chorar de emoção ou de sentirmos alguma espécie de orgasmo. Essas sensações estariam presentes ao menos no primeiro momento, digamos, nos primeiros 100 anos; mas e depois??? Será que a mesmice do paraíso seria capaz de satisfazer a inquietude de algumas jovens almas??? Bem, perto do que há no inferno, acho que o tédio vindouro do paraíso seria a menor das preocupações!!!


No caso da reencarnação, a pessoa morre e retorna à vida. Essa nova vida será um reflexo da vida anterior. Basicamente, se a pessoa foi má na vida anterior, terá uma vida de sofrimento, mas com possibilidade de redenção; caso contrário, terá uma vida mais tranqüila, mas deverá manter a retidão moral da vida anterior, e assim seguirá nas demais reencarnações. Me parece algo bem mais justo que a da vida eterna sem reencarnação, mais de acordo com a superior justiça celestial!!!


E por último temos a ressurreição, que me parece a mais absurda de todas. Morremos, apodrecemos e depois todos os elementos químicos que formaram nosso corpo e foram dispersos se reunirão novamente e racharemos nosso sepulcro. Feito isso, deveremos providenciar um lugar e suprimentos para todos os bilhões de habitantes que a Terra terá, já que todos os que viveram desde Adão e Eva, ou só as pessoas de fé, ocuparão o mesmo espaço ao mesmo tempo!!!


Todas essas implicações são meramente filosóficas caso a outra opção esteja correta: a não-existência de vida pós-morte. Nesse caso, não importa a maldade ou bondade do ser humano, todos morreremos e nunca mais voltaremos, sob forma alguma. Aqueles que têm uma vida tranquila, sem quaisquer perturbações, defendem essa possibilidade sem angústias “espirituais”. Sob a ótica moral-existencialista, isso seria injusto e triste; não mais injusto que a da vida eterna, é verdade, mas injusto, mas também, de certo modo, tranquilizador!!!


Absurdas, ridículas, preocupantes ou injustas, são especulações ao mistério que a vida jamais nos responderá, e que no entanto, define nosso modo de agir e de viver, ou até de não continuar vivendo. Quem morrer verá!!!