quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Sobre o Embargo!!!

 


Fidelito em seu abrigo da Adidas. Artigo fabricado por uma empresa privada e longe de Cuba
  
Vez ou outra costumo ouvir dos nossos 90% algumas curiosidades bem curiosas. Uma delas é sobre o embargo comercial dos EUA a Cuba. Não querendo discutir sua causa, mas sobre “verdades” que costumam ser espalhadas pelos polinizadores vermelhos. Uma delas seria que o tal embargo impede Cuba de negociar não só com os EUA, mas com o mundo todo, ou por grande parte dele. Quem fala isso diz que conhece Cuba, certamente pelo turismo àquele país, furando o terrível bloqueio!!!


Bem, aqui estão os números sobre as exportações (Oh sim, exportações!!!) de Cuba:


Mas Cuba é auto-suficiente, certo??? Com ou sem embargo ela não precisa  de produtos estrangeiros...ou precisa??? E se precisa, alguém impede ela de importar???
http://www.intracen.org/appli1/TradeCom/TP_IP_CI.aspx?RP=192&YR=2008



Mas e nos anos anteriores, como era??? O Comércio Mundial por Países 1990-2009, do Ministério do Desenvolvimento nos mostra algo a respeito:
http://www.desenvolvimento.gov.br/sitio/interna/interna.php?area=5&menu=1486&refr=608


E com o Brasil, como era??? Com exceção do período militar, o Brasil negocia libremente com Cuba ("libremente", "Cuba", entendeu o trocadilho???):



Fonte: MDICE


Minha humilde opinião: sou totalmente contra o embargo comercial a Cuba. Afinal, Cuba e sua população necessita desesperadamente fazer negócios com os EUA, assim como faz a Venezuela, apesar das bravatas de seu governante a respeito dos EUA, mas vou deixar a Venezuela para a próxima!!!

"Politicômetros": a sua ideologia à prova!!!

Já ouviu falar do “Politicômetro”??? É um teste para descobrir sua real posição ideológica bastante divulgado pelo mundo afora. Aqui no Brasil, uma versão nacional do politicômetro foi popularizado pelo site da Veja, de autoria do sociólogo Alberto Almeida. Mas há outros, como o Ordem Livre. Analisei apenas o da Veja, mas os outros são basicamente iguais, mudando apenas um termo ou outro. Faça o teste!!!


O “jogo” não é de uma perfeição metodológica, mesmo assim nos mostra como podemos ter idéias conflitantes a ponto de sermos neutros ideologicamente. O teste naturalmente começa com o cursor no meio do quadrante, aparentando neutralidade, um marco-zero, mas isso não é verdade. Você começa o teste sendo um Antiliberal de Centro-Esquerda!!!





Note a semelhança com a página inicial:














A primeira pergunta, O MST age corretamente quando invade terras para presssionar pela reforma agrária, tem por objetivo descobrir tão somente se somos liberais ou não. Fiquei na dúvida se a terra invadida em questão é produtiva ou não, se foi adquirada por grilagem, de forma violenta, por meio de uma ocupação anterior ou por meios legais; e presumo que a única intenção desses posseiros do MST seja ocupar a terra e plantar. Numa pergunta dessas eu responderia “depende”, mas não há lugar para meio-termos ou maiores detalhes. É preto-no-branco, é sim ou não!!!

Escolhi somente as opções que continham o “integralmente”. Nessa pergunta respondi “Discordo Integralmente” apenas como teste. Assim, sou “Liberal”. Na segunda pergunta, respondi “Concordo Integralmente” e o cursor foi em direção do “Antiliberal”. Meu liberalismo radical da primeira resposta foi anulado pelo meu anti-liberalismo radical da segunda, ou seja, tenho opiniões radicais mas por fim não sou liberal nem antiliberal. Radical mas neutro, embora nesse teste ninguém começa neutro!!!

Estranho isso, pois é perfeitamente possível alguém ser contra as invasões de terra e ser a favor de uma ditadura com estabilidade. Uma combinação direitista, pra falar a verdade. Mas com essas opções o sujeito seria considerado ideologicamente neutro, nem mesmo direitista. Mais estranho ainda é ser considerado um antiliberal de CENTRO-ESQUERDA. O “Centro” até que está correto, mas não creio que esquerdistas sejam integralmente contra invasões de terra!!!

Na terceira pergunta, É preciso haver uma substancial redução na carga tributária, respondi “Discordo Integralmente”, logo, fui considerado esquerdista; mas na pergunta seguinte, A privatização de setores como energia e telefonia trouxe benefícios para o país, respondi “Concordo Integralmente”, e o cursor foi para a direita, e voltei para a posição inicial. Essas duas combinações é pouvo provável na prática, mas possível. Novamente, nessas condições seríamos neutro ou antiliberal blá-blá-blá...!!!

Fui até o fim do teste somente optando por respostas “integrais”, evidenciando um certo radicalismo de minha parte, e cuidando para terminar na mesma posição em que comecei o teste. Não deixei de notar que perguntas de cunho legal, cultural ou filosófico determinam se somos liberais ou anti-liberais, enquanto as perguntas político-econômicas determinam se somos de esquerda ou direita!!!

E agora, José??? Alguém com posturas ideológicas radicais ou incondicionais pode ser considerado neutro??? Nem esquerda, nem direita, tampouco liberal ou antiliberal. Ou então ser considerado um Antiliberal de Centro-Esquerda, mesmo que discorde de invasões de terra, ou não vejo mal em pessoas ficarem milionárias tão somente aplicando no mercado financeiro ou sendo contra o protecionismo incondicionalmente??? Esse último caso podemos até culpar a parte técnica do teste, mas e no primeiro caso??? Complicado!!!

domingo, 17 de outubro de 2010

A renda e suas distribuições!!!

Antes de continuar, clique aqui


Estava eu a procurar ansiosamente algum ranking de renda per capita dos países pelo Google, e o que eu encontro??? Rankings de PIB per capita!!! Acho que desde que inventaram o IDH e incluíram o PIB per capita como uma de suas variáveis, esse passou a substituir a renda per capita. Ambos têm a sua utilidade, por isso, um não pode substituir o outro!!!


Não estou postando isso para lamentar essas picuinhas de geógrafo e economista, mas para mostrar uma nova (?) forma de análise sobre a situação sócio-econômica dos países (que pode ser aplicada a qualquer unidade política), e para isso desejaria utilizar a renda per capita, não o PIB per capita. Mas vou direto ao assunto, deixo pra discutir isso no final!!!

Primeiro, vamos definir o que seria renda per capita, segundo a sábia Wikipédia:

A renda per capita ou rendimento per capita é um indicador que ajuda a saber o grau de desenvolvimento de um país ou região (é a soma dos salários de toda a população dividido pelo número de habitantes) e consiste na divisão da renda nacional (produto nacional bruto menos os gastos de depreciação do capital e os impostos indiretos) pela sua população. Por vezes o produto interno bruto é usado.


Essa definição também ajuda a explicar a diferença entre a renda e PIB per capitas!!!

O que quero tratar aqui bem que poderia ser uma resposta à continuação dessa mesma definição:

Embora seja um índice muito útil, por se tratar de uma média esconde várias disparidades na distribuição de renda. Por exemplo, um país pode ter uma boa renda per capita, mas um alto índice de concentração de renda e grande desigualdade social. Também é possível que um país tenha uma baixa renda per capita mas não haja muita concentração de renda, não existindo assim grande desigualdade entre ricos e pobres...

Quem lê isso talvez pensará que é melhor uma baixa renda per capita mas sem muita concentração de renda que o contrário. SERÁ??? É justamente isso que quero discutir. Na falta da renda per capita, que seria um índice mais apropriado, vou utilizar o PIB per capita mesmo, já que não trará prejuizo para o meu propósito!!!


Concentração de renda:


Falei sobre isso num post anterior, sobre algumas implicações que podem envolver essa medida sócio-econômica. Os índices de concentração de renda costumam ser utilizados para analisar a situação sócio-econômica dos povos. Quanto maior a concentração da renda, obviamente pior!!!

Duas das formas mais usadas para medir a concentração de renda: o índice de gini - que varia de 0 a 1, ou de 0 a 100 - e os Px/Py, onde x é o percentual da população mais pobre, e y é o percentual restante, os mais ricos (P90/P10; P80/P20; etc..). No índice de gini, quanto mais próximo o valor estiver de zero, melhor a renda está distribuida!!!

Pra começar, faço o seguinte questionamento: a situação da população mais pobre é melhor, teoricamente falando, num país de elevadas renda per capita e concentração de renda, ou com pequenas renda per capita e concentração de renda, como parece sugerir o editor desse artigo da wikipédia??? A situação da população mais pobre do Brasil, país com índice de gini de 57 e com PIB per capita de US$ 10.296,00 é melhor que na Albânia de indíce de gini de 31,1 e com PIB* per capita de 5.405??? Note que embora o PIB per capita da Albânia seja menor, a renda nacional é melhor distribuida!!!

Uma forma de analisar isso é transformar o índice de gini em algo visualizável e digerível; é transformá-lo em Px/Py. Vou optar pelo P90/P10 (os 90% mais pobre da população e os 10% mais ricos). Uma formulinha** para tanto é essa:

PP – IG = RP

Onde:


RP = percentual da renda da população mais pobre

PP = percentual da população mais pobre

IG = índice de gini (de 0 a 100)


Vamos analisar os exemplos do Brasil e da Albânia:


Brasil:

90 – 57 = 33

Albânia:

90 – 31 = 59


O que esses resultados nos dizem??? Dizem que a população 90% mais pobre do Brasil e da Albânia possuem, respectivamente, 33% e 59% do PIB** nacional de seus países. Muitos diriam que a situação dos pobres albaneses é melhor que a dos pobres brasileiros. Felizmente ou não, a coisa não é bem assim...


E agora???


Agora vamos pôr a renda, digo, o PIB per capita no jogo. Será que uma renda per capita elevada não compensaria a baixa fatia da renda nacional destinada aos mais pobres??? Vamos ver outra formulinha:


RCPP = RC x RP / PP


Onde:

RCPP = renda per capita da população mais pobre

RC = renda per capita

RP = percentual da renda da população mais pobre

PP = percentual da população mais pobre


Novamente, utilizando o exemplo Brasil/Albânia:


Brasil:


RCPP = 10.296 x 33/90


RCPP = 3.775


Albânia:


RCPP = 5.405 x 59/ 90


RCPP = 3 .537


Traduzindo: A renda per capita da população 90% mais pobre do Brasil possui renda per capita de US$ 3.775, enquanto a população 90% mais pobre da Albânia – um país mais igualitário, diga-se – é de US$ 3.537. Em compensação, a diferença entre os ricos desses países é ainda maior que a diferença entre os pobres, mas aí já é outra história!!!


Analisar a situação de um país ou qualquer outra divisão política apenas pela sua renda per capita é um erro, como deixou claro o autor do artigo da Wikipédia, mas analisar tão somente a concentração de renda é um erro tão grande quanto. Concentração de renda elevada é ruim, é um problema, mas entre isso é uma população miserável com renda bem distribuída, qual você prefere???


Lista de países por igualdade de riqueza

* Casualmente irei referia a renda ou PIB, já que o ideal seria a renda, mas para meu intento, tanto faz!!!

** "Formulinha", "grafiquinho", termos usados por um ex-professor!!!

sábado, 16 de outubro de 2010

Fome com o aquecimento??? - II

Na postagem anterior, vimos que a produtividade de algumas das principais culturas agrícolas brasileiras aumentou nos últimos 20 anos, apesar de um suposto e contínuo aumento das temperaturas globais, supostamente causadas pela emissão de gases do efeito estufa. Mesmo que esses dados sejam suficientes para questionar a “Teoria Stern”, sempre há uma brecha que pode ser explorada pelos aquecimentistas.


Talvez a mais visível delas seja o fato de o Brasil se estender muito no sentido norte-sul, o que causa diferenças climáticas de uma região para outra. É possível que regiões mais próximas do Equador tenham sua produtividade mais afetada com o suposto aumento das temperaturas ou mudanças climáticas dos últimos vinte anos que as demais. Ou que as culturas de verão (soja, milho, cebola...) não teriam sua produtividade afetada nas regiões mais frias, já que o calor nessas regiões seria menos intenso (o que explica a teoria de que a Sibéria se tornaria o celeiro do mundo, embora ainda não há nenhum sinal que isso esteja acontecendo; e essa possibilidade existe há mais de quinze anos).

No lugar de países, escolhi três estados brasileiros – Espírito Santo, Sergipe e Paraíba – por estarem localizados na zona tropical do planeta, seus territórios são pequenos, e caso fossem países seriam considerados de terceiro mundo, os países mais afetados segundo relatórios aquecimentistas.

Novamente, recorro a gráficos de minha autoria com dados da Produção Agrícola Municipal do IBGE, de 1990 a 2008. Vou largar os dados aí para que tirem suas próprias conclusões:

 
                                                       
                                                                      SERGIPE:
 





PARAÍBA:






ESPÍRITO SANTO:



sábado, 9 de outubro de 2010

Fome com o aquecimento???

Uma dos prognósticos mais aterradores da teoria “aquecimentista” ou AGA (aquecimento global antropogênico) são as prováveis quedas na produção de alimentos devido às mais intensas e freqüentes estiagens, chuvas ou mesmo aumento das pragas. Numa única palavrinha: fome. Segundo essa mesma teoria, a última década tem apresentado temperaturas recordes desde o começo das medições de temperaturas.


Ao analisar os dados da pesquisa da Produção Agrícola Municipal, do IBGE, conclui-se que há algo de errado com essa teoria. Ou o aquecimento global está beneficiando a produtividade, ou não há um aquecimento algum, como defende os “céticos” dessa teoria.


Para não haver confusão – ou ser empurrado em sua direção – vamos distinguir “produção” de “produtividade”. Produção é a quantidade produzida de grãos de diversas culturas agrícolas (soja, milho, trigo, etc...). A produção é medida por unidades de peso, normalmente em toneladas. Produtividade ou rendimento é a produção de grãos dividida pela área produzida, geralmente medida por sacas/hectare ou quilos/hectare. Uma redução ou aumento na produção pode ser ocasionada, respectivamente, pela redução ou aumento da área produzida ou da produtividade.

Apesar dessa aparente relação entre “produção” e “produtividade”, elas não são correlacionadas. Uma simples demonstração matemática mostra isso. Numa propriedade qualquer, a produtividade do feijão é de 600 kg/ha plantado numa extensão de 10 hectares. Sua produção é de 6000 kg ou 6 ton. Quando a produtividade passou para 700 kg/ha, houve uma redução na área plantada para 7 hectares, resultando numa produção de 4900 kg. Ou seja, uma redução na produção não significa que houve uma redução na produtividade, já que a primeira pode ser ocasionada pela simples redução da área plantada.

Pois bem, quando desejamos analisar os impactos climáticos, biológicos ou tecnológicos sobre uma determinada cultura agrícola, a produtividade pode ser um indicador quantitativo confiável.

Sobre os dados do IBGE: de 1990 até 2008, praticamente todas as culturas de grande importância tanto para nossa alimentação quanto para as exportações tiveram aumento da produtividade. Em alguns casos, aumentos substanciais da produtividade. Em outros, a produtividade se manteve estável, dentro de variações periódicas. Eis os gráficos:


Produtividade da Aveia e Feijão (kg/hectare) de 1990 a 2008. Fonte: Produção Agrìcola Municpal/IBGE.
 
 

Produtividade da batata-inglesa e cana-de-açúcar (kg/hectare) de 1990 a 2008. Fonte: Produção Agrícola Municipal/ IBGE.
 
 

Produtivadade do milho, soja e trigo (kg/hectare) de 1990 a 2008. Fonte: Pesquisa Agrícola Municipal. IBGE
 
 
 
Observe que nas grandes culturas (trigo, soja e milho), mesmo havendo quebras de safras a produtividade se mantém superior ao começo dos anos 1990. Observe também o aumento da produtividade em culturas onde tradicionalmente não requer maiores cuidados, como o feijão e batata-inglesa.


“É a tecnologia, estúpido”. Sem dúvida, é a tecnologia, mais precisamente a biotecnologia, cuja expressão máxima são as sementes geneticamente modificadas. Mas o dogma ambientalista renega a tecnologia, renega principalmente essas sementes e é claro, os agrotóxicos. A tese da salvação tecnológica está perfeitamente de acordo com o pensamento do “badalado cético” dinamarquês Björn Lomborg, autor de O Ambientalista Cético (convenhamos, o sujeito não é tão cético assim).



Lembrando que a teoria aquecimentista prevê quebras de safra se as temperaturas continuarem aumentando. Lembrando que essa “previsão” existe desde o início do alarmismo aquecimentista, no começo dos anos 1990, mas por algum motivo que escapa à nossa razão – não considerando o fator tecnológico -, não houve queda na produtividade dos alimentos desde então, ao menos não no Brasil, que segundo a mesma teoria, seria um dos países mais afetados pelo aquecimento global. Sem dúvida um aquecimento constante não significaria um aumento constante da produtividade. Certamente chegaríamos a um ponto ótimo até a produtividade voltar a cair, mas qual seria esse ponto? Pergunto isso considerando que estamos vivendo um aquecimento global.