sábado, 9 de outubro de 2010

Fome com o aquecimento???

Uma dos prognósticos mais aterradores da teoria “aquecimentista” ou AGA (aquecimento global antropogênico) são as prováveis quedas na produção de alimentos devido às mais intensas e freqüentes estiagens, chuvas ou mesmo aumento das pragas. Numa única palavrinha: fome. Segundo essa mesma teoria, a última década tem apresentado temperaturas recordes desde o começo das medições de temperaturas.


Ao analisar os dados da pesquisa da Produção Agrícola Municipal, do IBGE, conclui-se que há algo de errado com essa teoria. Ou o aquecimento global está beneficiando a produtividade, ou não há um aquecimento algum, como defende os “céticos” dessa teoria.


Para não haver confusão – ou ser empurrado em sua direção – vamos distinguir “produção” de “produtividade”. Produção é a quantidade produzida de grãos de diversas culturas agrícolas (soja, milho, trigo, etc...). A produção é medida por unidades de peso, normalmente em toneladas. Produtividade ou rendimento é a produção de grãos dividida pela área produzida, geralmente medida por sacas/hectare ou quilos/hectare. Uma redução ou aumento na produção pode ser ocasionada, respectivamente, pela redução ou aumento da área produzida ou da produtividade.

Apesar dessa aparente relação entre “produção” e “produtividade”, elas não são correlacionadas. Uma simples demonstração matemática mostra isso. Numa propriedade qualquer, a produtividade do feijão é de 600 kg/ha plantado numa extensão de 10 hectares. Sua produção é de 6000 kg ou 6 ton. Quando a produtividade passou para 700 kg/ha, houve uma redução na área plantada para 7 hectares, resultando numa produção de 4900 kg. Ou seja, uma redução na produção não significa que houve uma redução na produtividade, já que a primeira pode ser ocasionada pela simples redução da área plantada.

Pois bem, quando desejamos analisar os impactos climáticos, biológicos ou tecnológicos sobre uma determinada cultura agrícola, a produtividade pode ser um indicador quantitativo confiável.

Sobre os dados do IBGE: de 1990 até 2008, praticamente todas as culturas de grande importância tanto para nossa alimentação quanto para as exportações tiveram aumento da produtividade. Em alguns casos, aumentos substanciais da produtividade. Em outros, a produtividade se manteve estável, dentro de variações periódicas. Eis os gráficos:


Produtividade da Aveia e Feijão (kg/hectare) de 1990 a 2008. Fonte: Produção Agrìcola Municpal/IBGE.
 
 

Produtividade da batata-inglesa e cana-de-açúcar (kg/hectare) de 1990 a 2008. Fonte: Produção Agrícola Municipal/ IBGE.
 
 

Produtivadade do milho, soja e trigo (kg/hectare) de 1990 a 2008. Fonte: Pesquisa Agrícola Municipal. IBGE
 
 
 
Observe que nas grandes culturas (trigo, soja e milho), mesmo havendo quebras de safras a produtividade se mantém superior ao começo dos anos 1990. Observe também o aumento da produtividade em culturas onde tradicionalmente não requer maiores cuidados, como o feijão e batata-inglesa.


“É a tecnologia, estúpido”. Sem dúvida, é a tecnologia, mais precisamente a biotecnologia, cuja expressão máxima são as sementes geneticamente modificadas. Mas o dogma ambientalista renega a tecnologia, renega principalmente essas sementes e é claro, os agrotóxicos. A tese da salvação tecnológica está perfeitamente de acordo com o pensamento do “badalado cético” dinamarquês Björn Lomborg, autor de O Ambientalista Cético (convenhamos, o sujeito não é tão cético assim).



Lembrando que a teoria aquecimentista prevê quebras de safra se as temperaturas continuarem aumentando. Lembrando que essa “previsão” existe desde o início do alarmismo aquecimentista, no começo dos anos 1990, mas por algum motivo que escapa à nossa razão – não considerando o fator tecnológico -, não houve queda na produtividade dos alimentos desde então, ao menos não no Brasil, que segundo a mesma teoria, seria um dos países mais afetados pelo aquecimento global. Sem dúvida um aquecimento constante não significaria um aumento constante da produtividade. Certamente chegaríamos a um ponto ótimo até a produtividade voltar a cair, mas qual seria esse ponto? Pergunto isso considerando que estamos vivendo um aquecimento global.

Nenhum comentário: