sábado, 15 de março de 2008

Cotas??? Claro que não!!!

Jogo na cara: sou contra cotas a quem quer que seja. Sim, discordo que negros, pobres ou quaisquer outros grupos étnicos ou sociais sejam beneficiados por cotas. COTAS, não BOLSA para alunos merecedores; deixo isso claro. Mas antes que soltem as costumazes verborragias de “invejoso” (nunca vão engolir o que falei a respeito do Che), “fascista”, “racista”, “reacionário”, “recalcado“, "direitista”, “bushista” e de outros adjetivos dignos de uma esquerda ansiosa pelo poder, me respondam à seguinte pergunta: POR QUE NEGROS E POBRES NÃO FREQÜENTAM UMA FACULDADE E PRINCIPALMENTE NÃO FREQÜENTAM AS UNIVERSIDADES PÚBLICAS, DE QUALIDADE SUPERIOR E GRATUITAS???

No caso dos negros, há várias respostas possíveis. Algumas delas seriam:

1) O negro é o cidadão mais rejeitado no mercado de trabalho, por isso, a taxa de desemprego – e consequëntemente a pobreza - entre os negros é maior;
2) A remuneração salarial de um negro é menor que a de um branco que desempenha as mesmíssimas funções que este;
3) O (a) reitor (a) da universidade proíbe o ingresso de negros em seus estabelecimentos de ensino;
4) Os negros e pobres têm capacidade intelectual inferior a dos brancos;

Essas duas últimas possibilidades são menos prováveis; as outras duas costumam ser usadas como argumento na defesa das cotas, baseados em estudos sérios a respeito ou não. Se for o caso, por que as entidades que defendem a igualdade racial não se mobilizam contra esses atos discriminatórios? O que os sindicatos estão fazendo a respeito? Se essas duas possibilidades são verdadeiras (na minha opinião, acredito que sim), então a população negra – e a pobre também – será obrigada a estudar em escolas de qualidade inferior (leia-se: públicas) ou serão, na maioria, obrigados a largar os estudos para ajudar no sustento da família, resultando na vergonhosa realidade da exclusão social que atinge principalmente os negros. Então, senhoras e senhores, vamos resolver as causas, e não as conseqüências, a menos que queiram que os filhos e netos do Pelé, do Netinho, da dona Matilde e da Benedita da Silva, e do senador Paim peguem carona nesse trenzinho da alegria!!!

Além disso, há uma outra vergonhosa questão a ser resolvida: POR QUE ESTUDANTES RICOS ESTUDAM EM UNIVERSIDADES PÚBLICAS, GRATUITAS E BOAS E OS ESTUDANTES POBRES, E PRINCIPALMENTE NEGROS, ESTUDAM EM UNIVERSIDADES PARTICULARES, RUINS E CARAS, QUANDO CURSAM UMA FACULDADE???

Claro, mesmo o aluno rico tem o direito de estudar em instituições de ensino gratuitas, mas o que vemos é uma total inversão da lógica. Para entender isso, primeiramente, devemos dividir a vida escolar de um cidadão na sua tradicional classificação:

1) Ensino Regular (onde se inclui os ensinos fundamental e médio);
2) Ensino Superior;

Nessa classificação, o aluno deve seguir as etapas rigorosamente. Se alguém quer freqüentar o ensino superior, deve obrigatoriamente freqüentar o ensino médio; e para freqüentar este, deve obrigatoriamente freqüentar o ensino fundamental. É expressamente proibido pular etapas.

Quanto às instituições de ensino, elas são classificadas em:

1) Gratuitas, ou públicas;
2) Pagas, ou particulares;


Quanto à qualidade do ensino, vamos classificar de:

1) Nota A, de qualidade superior;
2) Nota B, de qualidade inferior;

Analisando a grosso modo essa última classificação, um aluno que teve um ensino de nota A em qualquer etapa, terá um ensino de nota A nas etapas seguintes, salvo problemas financeiros. O mesmo continuismo acontecerá com alunos que tiveram ensino de nota B, mesmo que haja uma melhoria na renda familiar, pois é improvável que um aluno que teve um ensino fraco no ensino regular consiga acompanhar o currículo das melhores faculdades. E as cotas nada podem fazer a respeito.

Pois bem, no Brasil, temos as seguintes combinações:

O ensino regular pode ser:

a) pago e nota A;
b) gratuito e nota B;

E o ensino superior, a coisa inverte:

a) pago e nota B;
b) gratuito e nota A;

Como citei antes, para alcançar o ensino superior, é necessário cursar o ensino regular. Para a população pobre em geral, e negra em particular, a única alternativa que lhes restam é começar pelo ensino regular gratuito e de qualidade inferior (nota B), já que suas condições financeiras praticamente impossibilitam de freqüentar um ensino regular pago e de qualidade superior (nota A).

Mas as verdadeiras distorções começam no ensino superior. Primeiro, porque nessa etapa, o governo oferece um ensino público, gratuito, de nota A, enquanto no ensino regular ofereceu um ensino público, gratuita, de nota B. Ora, para alcançar um ensino superior nota A, é necessário que o ensino regular também seja de qualidade A. Por isso, negros e pobres raramente alcançam o ensino gratuito e de qualidade superior. Por outro lado, devido às condições financeiras, nem mesmo nas universidades de nota B poderão freqüentar porque são caras e ainda por cima os negros ganham menos devido aos dois primeiros fatores citados no começo de texto. E para o grand finalle dessa distorção, os alunos que freqüentaram o ensino regular de ensino A, poderão freqüentar o ensino de qualidade A GRATUITAMENTE.

De quem é a culpa disso? Da burguesia? Das elites? Dos poderosos? Apesar de serem os maiores beneficiários dessa política, os culpados são outros. O primeiro deles são os governos. Os governos municipais são responsáveis pelo ensino regular, os governos estaduais pelos regulares e superiores em alguns casos, e o federal pelo ensino superior. Pronto, cada esfera do governo adota políticas diferentes de ensino, e empregam nas escolas recursos financeiros diferentes, o que resulta nessa distorção. Depois deles, são os próprios administradores de faculdades particulares, mais interessados na acumulação mais obscena possível de seus lucros em curto prazo que na qualidade do ensino e no futuro profissional de seus alunos.

Por tudo isso sou contra as cotas raciais. Isso não passa de uma solução cômoda, simplista e populista para um problema amplo. Pensem nisso!!!