terça-feira, 29 de abril de 2008

Sobre classes e cestas básicas!!!

Como você definiria uma família que tivesse uma renda mensal de R$ 10.000,00??? E uma cuja renda mensal é de R$ 3.000,00??? Vou tentar adivinhar sua resposta: classe média alta e classe média normal, respectivamente, certo??? Bem, eu questiono isso. E se a primeira família for composta por dez pessoas e a segunda família por apenas um casal??? A primeira família terá uma renda per capita mensal de R$ 1.000,00 e a segunda família terá R$ 1.500,00 para cada um. É engraçado, mas muitas pessoas e até algumas instituições das áreas econômicas e sociais não levam em conta esse detalhe!!!

Agora que vocês também já se deram conta disso, notem melhor a discrepância: o sujeito que tem R$ 1.500,00 por mês a sua disposição será considerado um membro da classe média normal; e um sujeito que tem a sua disposição R$ 1.000,00 mensais poderá ser considerado um membro da classe média alta (ou “dazelite”, como preferir). Isso é quase tão estranho quanto o fato do aluno rico estudar numa universidade gratuita enquanto o aluno pobre se arrebenta para pagar uma universidade de qualidade inferior!!!

Tudo bem, agora está tudo resolvido: basta dividir a renda mensal da família pelo total de membros desta; com o resultado, podemos ao menos ter uma idéia sobre qual classe social o sujeito realmente pertence, certo??? Ainda não. Veja o preço da cesta básica nas capitais, de março de 2008, segundo o DIEESE. Como essas cestas básicas regionais sofrem algumas alterações nas quantidades de produtos, então optei em padronizar de acordo com a cesta básica de São Paulo com exceção da batata, que deixarei de fora porque não possui na cesta básica de Recife, a outra capital que usarei como exemplo. Se a nossa família de R$ 10.000,00 vive em São Paulo, então ela poderá transformar sua renda em 46,67 cestas básicas. A coisa será diferente se a família se mudar para Recife [para localizar a cesta básica de Recife, use o mesmo link de São Paulo. O link de Recife estranhamente está mostrando os preços de janeiro de 2007]. Lá, a cesta básica de São Paulo, lembrando que joguei a batata fora, custará 17, 27% a menos. Nesse caso, a grande família ficará 20,87% mais rica. E então??? Como se não bastasse ter que dividir toda a renda familiar com cada membro da família, ainda temos que considerar o custo de vida de cada lugar. Isso que nem o DIEESE e nem outras fontes conhecidas dispõem de dados sobre as cestas básicas de uma cidade qualquer do interior, senão podíamos saber de quanto seria o aumento do poder aquisitivo da família “dezmiliana” nessas cidades!!!

Nossa, agora você viu como não é tão simples definir quem é pobre e quem é rico nesse e em qualquer país do mundo. Dez mil reais por mês??? E daí??? Com quantas pessoas terá que dividir esse dinheiro, ou melhor, quantas cestas básicas comprará aqui ou acolá e com quantas pessoas terá que dividí-la??? Quem terá um poder aquisitivo maior: o casal de R$ 3.000,00 vivendo em São Paulo ou a grande família de R$ 10.000,00 vivendo em Recife??? Darei só cinco dias para resolver o enigma!!!

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Não quebre a corrente!!!

Eu, você e todos que têm e-mail costumamos receber as ditas “correntes”. Antes era na base da folha de papel, agora é via internet. “Passe esse texto para 20 pessoas, e no dia seguinte verá que seu maior sonho se realizará”. É mais ou menos isso que eles escrevem para convencê-lo (a) a seguir adiante com essa corrente. Partindo do pressuposto que uma dessas correntes que recebeste pode ter sido criada há anos atrás, posso concluir que esse mesmo texto não é o original. “Fulano de tal era um homem próspero. Quebrou a corrente e faliu. Uma semana depois, ele pegou de volta e repassou para vinte pessoas; e recuperou milagrosamente sua fortuna” - são chantagens desse tipo que acompanham essas correntes (“chantagem” é uma palavra tããão feia, mas na falta de uma mais apropriada...). Certamente isso não estava escrito no texto original, pois antes deste ser criado, não havia nenhum milionário que leu o texto, já que não havia texto, tampouco havia um pobretão que leu o texto e ficou rico!!!

Por que estou falando sobre isso??? Primeiro, porque acho que ninguém mais agüenta ouvir falar no caso Isabella Nardoni; e segundo, por que estou cansado de abrir minha caixa de e-mails, abrir um que acho interessante, ler as primeiras linhas (aliás, essa é uma inovação: agora eles te ludibriam nas primeiras linhas ou quadros para depois morderem nas jugulares) e depois descobrir que tenho que repassar a tal corrente. Se serve de consolo, as chantagens também diminuíram. Agora é tudo mais sutil e inescapável!!!

Falando em “sutil e inescapável”, agora sou eu que enrolei você até chegar onde eu queria. Se essas “correntes” funcionassem, então em menos de oito lances, o mundo seria um lugar onde todas as pessoas seriam prósperas, felizes no amor, saudáveis, enfim, o mundo seria um paraíso. Defino como “lance” ou “degraus” cada etapa de transmissão dessas correntes. O primeiro lance é de quem cria o texto, que manda para vinte pessoas; o segundo lance será feito por essas vinte pessoas, que mandam para mais vinte; essas quatrocentas pessoas farão o terceiro lance e assim sucessivamente. Em apenas sete lances, se todos receberam o texto uma única vez, nada menos que 1.347.368.420 (um bilhão, trezentos e quarenta e sete milhões, trezentos e sessenta e oito mil, quatrocentos e vinte) terráqueos terão recebido o texto, desde o primeiro lance. Nesse sétimo lance, 1.280.000.000 pessoas receberam a corrente, se esse pessoal resolver seguir a corrente, então nada menos que 25.600.000.000 (vinte e cinco bilhões e seiscentas milhões) de pessoas receberão a corrente, ou seja, cada habitante da Terra receberá em média três ou quatro textos iguais!!!

Viram como é fácil mudar o mundo via correntes??? Em oito lances, o mundo transbordará felicidades. Supondo que cada lance demore meia semana, em apenas um mês ou em cinco semanas atingiremos a meta. Então, meus felizardos destinatários e remetentes - mãos à obra!!!

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Entre a crença e a necessidade!!!

Deus existe ou não? Precisamos dele ou não? São duas questões básicas quando o assunto é Deus. É visto que a maioria dos teístas se encontram entre os mais pobres e com pouco instrução, enquanto os ateus se encontram entre as camadas mais ricas e instruídas da sociedade. Isso é considerado, entre os ateus, a prova de que a crença em Deus é para pessoas ignorantes e/ou que rejeitam a ciência. Claro, isso é uma visão priorística. Vários cientistas como Richard Dawking já divulgaram para o mundo porque não acreditam na existência de Deus (ou como ele mesmo disse, Sua existência é muito improvável). Outros, como o diretor do projeto Genoma, dos EUA, Francis Collins, acredita não apenas em Deus mas nos cânones do Cristianismo como a concepção de Jesus por uma menina virgem.

A primeira questão é polêmica. Ainda não li o livro A Linguagem de Deus, de Francis Collins, por isso não entrarei nessa questão, mesmo porque eu seria o 1.000.000º cidadão a comentar sobre isso. Prefiro entrar na segunda questão: PRECISAMOS DE DEUS OU NÃO? Creio que os ateus não precisam de Deus, pois para eles, todo e qualquer problema podem ser resolvidos sem o Seu envolvimento e que tudo depende apenas do bom senso dos próprios seres humanos; ou então o próprio ateísmo de alguns é o resultado de uma necessidade não atendida. Entre os teistas, Deus é necessário pois os homens pouco ou nada podem ou querem fazer pelo próximo, restando a Deus preencher tais lacunas.

Já fui um teista religioso; hoje sou algo próximo a um ateu, embora não um ateu definitivo. Se me perguntam se eu acredito ou não em Deus, respondo que não sei. E se me perguntam se precisamos de Deus ou não, respondo que precisamos sim daquele Deus bondoso e atencioso tão pregado pelas religiões nos dias de hoje, não daquele Deus terrível do Antigo Testamento, que exigia adoração acima de tudo. Mas porque precisamos Dele? É comum nos depararmos com a morte de pessoas queridas, parentes ou não, conhecidas ou não, seja por causas naturais, acidentais ou criminosas. Quando se vê ou se sente um sofrimento, será que não precisaríamos de Deus? Sim, uma equipe médica de primeira linha seria algo mais garantido, a menos que o médico-chefe dessa equipe nos diz para rezarmos ou, pior, para nos “prepararmos”.

Ontem, enquanto folhava o jornal, me deparei com a sessão de obituários. A primeira pessoa a ser apresentada foi uma mãe de família de 45 anos (portanto, muito jovem), morta por complicações de um tumor cerebral. A ironia maldosa é que ela era médica. Será que sua família não estava precisando de Deus nessa hora, mesmo que não exista? Seria a vida tranqüila e o futuro garantido de alguns o motivo de algumas pessoas em acreditar que não precisamos de Deus? Seria a felicidade desses o motivo para descartar a necessidade de Deus, caso ele exista? Se esses forem os motivos, então que falem por eles, e não pela humanidade.

E aqueles que estão angustiados ou sofrendo com as agruras da vida? Não estariam precisando de Deus? Eles estão precisando apenas de uma mão amiga de amigos? Também, mas o que eles podem oferecer além de um mínimo de conforto? O que restaria a nós quando nem mesmo os mais bondosos e habilidosos dos homens podem ajudar? Feliz daquele que acredita não precisar de Deus, pois é sinal que sua vida no momento está muito bem, obrigado, mas repito: falem isso por eles!!!

E a vida após a morte? Existe ou não? Mesmo que haja relatos de aparições de pessoas falecidas, acho prematuro afirmar que isso de fato exista. Mas passando reto por essa dúvida, acabamos nos deparando, também, com a necessidade ou não disso existir. Muitos dos que não acreditam na vida após a morte também questionam a necessidade dela existir. Isso é outro sinal de que sua vida é maravilhosa, nasceu vencedor ou se tornou um com o tempo. Será que a pessoa que já nasceu numa situação ruim, e que não teve sorte ou talento para sair dessa condição não necessitaria de uma segunda chance? E aqueles que morreram impunes por crimes que teriam cometido, deve ficar por isso mesmo? Já vi muitos falarem que “devemos aproveitar bem a nossa vida, ao invés de esperar por outra vida que não existirá”. E agora pergunto: E AQUELES QUE NÃO TEM UMA VIDA TÃO PERFEITA ASSIM PARA SER APROVEITADA, O QUE DIREMOS A ELES?

É provável que realmente não exista vida após a morte; ou senão pode existir aquilo que chamamos de reencarnação e carma, já que a ressurreição e a vida eterna no céu ou no inferno são realmente descabíveis.

Bem, vimos que há uma diferença entre acreditar e necessitar. E então, você acredita? E se não acredita, acha que necessita ou necessitará? E os outros (sempre eles!!!) necessitam ou necessitarão?

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Ali foi 1.000 vezes pior!!!

Quando se fala que a ditadura militar brasileira não foi tão terrível quanto se propaga, a inteligentsya vermelha já sai acusando o pobre comentarista de estar querendo minimizar a nossa ditadura, que “só quem passou por isso sabe como foi terrível”, de “seu fascista, filhote da ditadura” e coisas do gênero. No meu caso, tenho o agravante de ter falado coisas não muito agradáveis sobre Che, e ainda que nem cheguei a comentar os possíveis crimes cometidos por ele; só fiquei no trecho da sua biografia que tanto agrada os nossos vermelhinhos.

Por isso quero deixar bem claro que toda e qualquer ditadura é cruel e indesejável – inclusive a nossa - com exceção para muitos, da ditadura castrista (ditadura de esquerda póóóóóóde). Pois é, a nossa esquerda critica tanto a ditadura militar brasileira, mas saúdam o castrismo por causa, dizem, das boas condições de saúde e educação que o povo daquele país desfruta. Bem, não quero falar de hipocrisias, mas tentar esclarecer que houve ditaduras ainda piores que a nossa, e nem vou citar os casos óbvios de Hitler, Stálin, Pol Pot e Idi Amin, que foram casos distantes de nós geograficamente e se encontram em outro patamar de maldade. Vou falar de outra ditadura militar latino-americana e – regozijem-se esquerdistas – foi provocada por militares de extrema-direita caçadores de comunistas.

Quando se trata de mortes e desaparecimentos, as fontes divergem um pouco. Até agora foram contabilizados 400 mortos e desaparecidos na ditadura brasileira. É muito. Mas na Argentina, foram 30.000 desaparecidos, só não sei se nessa contagem estão incluídos os 4.000 ou 8.000 mortos de fato. Temos aí um genocídio.

Muito se fala dos 30.000 desaparecidos de Pinochet, mas pouco ou nada se comenta dos mesmos 30.000 desaparecidos da Argentina. Por que será??? Como os comentários da nossa-mídia e da nossa-esquerda a respeito das ditaduras chilena e argentina é quase que proporcional, posso supor que a nossa-esquerda tem como um dos passatempos prediletos criticar o que nossa-mídia comenta.

Bem, tô enrolando demais, então vou direto ao assunto. Vou começar a problemática novamente com uma pergunta: QUANTAS VÍTIMAS DA DITADURA VOCÊ CONHECE??? Uma? Duas? Dez? Vinte? Todas elas? Não importa. Pegue a sua resposta e multiplica por 1000. E agora??? Sim, a ditadura militar da Argentina foi 1.000 vezes pior que a nossa. Esse número não se trata de uma comparação figurativa; é uma comparação matemática, real. Como cheguei a esse número??? Se fosse considerar apenas os números absolutos, a realidade seria assustadura, afinal, foram 30.000 contra 400. Dividindo esses dois números, teremos como resultado 75. Nem comecei e já sabemos que houve 75 vezes mais mortos que aqui. Foi 75 vezes mais terrível que aqui. Considere que a ditadura argentina durou 7 anos contra 21 da nossa. Dividindo esses números, teremos 3. O que isso significa? Significa que, se a ditadura argentina durasse os nossos 21 anos, teríamos três vezes mais mortos e desaparecidos. 90.000 pra falar a verdade. Agora já podemos multiplicar os 75 por 3. Consideremos também que a população argentina é aproximadamente 4,5 vezes menor que a nossa. Se a Argentina tivesse uma população igual a do Brasil e sua ditadura durasse tanto quanto a nossa, teríamos 1000 vezes mais vítimas que aqui. Para chegar a essa conclusão, multiplique os 75 por 3 por 4,44 (assim pude arredondar para mil).

Bem, deixo bem claro novamente que a nossa ditadura foi terrível, mas a dos nossos vizinhos foi muito pior. Mil vezes pior para ser exato. E a história continua andando...!!!