sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Vamos falar de Bolsa-Família?

Não há programas de governo tão comentados e tão evidentes quanto os programas sociais, como o antigo "ticket do leite" ou atualmente o Bolsa-Família, e o motivo é um pouco mais que óbvio: ajudar imediatamente pessoas em "situação de vulnerabilidade social", ou seja, na pobreza. E as opiniões se dividem, quase ao ponto de criar uma nova divisão da sociedade: os que são contra e os que são a favor desses programas. Uns defendem que essa ajuda é um avanço social; outros, acreditam que isso estimula a vagabundagem!!!



Mas sem delongas, vou pular todas essas opiniões e ir direto para a minha opinião pessoal. Programas desse tipo, existentes em vários países, não vão acabar com a pobreza, mas aliviam o problema. São como as doações para pessoas desabrigadas. Mas, e se essas mesmas pessoas desabrigadas continuarem recebendo alimentos por anos e anos, mesmo depois que a situação se normalizou, ao menos em parte? Na minha opinião, tais programas servem para aliviar o problema até que soluções de médio e longo prazos - os que realmente resolverão o problema - não se manifestarem!!!



Programas como o Bolsa-Família levam algum tempo para atingir todas as pessoas que dela necessitam, e a partir daí é que veremos realmente se está sendo feito algo para reduzir a pobreza.!!!



Vejamos abaixo uma situação hipotética






Segundo a então candidata e presidenta da República, no debate da última eleição presidencial, havia 5 milhões de beneficiados pelo antigo programa assistencial em 2003, e até o ano anterior ao debate, mais 50 milhões de pessoas passaram a receber o atual BF, numa progressão semelhante ao gráfico acima. Para ela, isso significa uma notícia e tanto, mas não foi, pois das duas uma: ou muita gente está recebendo sem precisar, ou pior, a situação social se deteriorou tanto que muito mais pessoas passaram a necessitar do BF!!!



O que espero de um programa assistencialista?



Espero que após atingir todas as pessoas que deles necessitam, a curva comece a cair, o que significa que a situação dos beneficiados está melhorando. Mais ou menos assim:






Vejam que o número de beneficiados chegou ao máximo, e dois anos depois, começa a cair. Isso significa que essas mesmas pessoas estão saindo da situação de pobreza extrema (ou conseguiram emprego, ou o salário aumentou, etc..etc...). A situação dessas pessoas está melhorando graças a alguma política de médio ou longo prazo que está se manifestando. Isso é bom!!!



Agora, vejam isso:





O gráfico indica que desde 2005 não houve melhorias sociais (vamos ignorar o aumento populacional) já que todas as pessoa que necessitavam do BF em 2005 continuam necessitando em 2013. Talvez é disso que a Dilma se vangloriava!!!



E agora esse:






Essa é a pior situação possível. Significa que mais e mais pessoas passaram a ser dependentes do governo (provavelmente pela perda de emprego), que será agraciado com mais votos, seja por gratidão pela ajuda, ou por medo de perdê-la. Isso talvez tenha acontecido nos últimos anos, mas acho que não!!!



A euforia da Dilma só estaria em sintonia com a minha caso algo assim tivesse acontecido:




Vejam que nesse caso, o "ápice" foi alcançado em 2009 (mas podia ter acontecido antes), durou um ano e em seguida começou a decair, passando de 70 milhões de beneficiados em 2010 para 55 milhões em 2013. Aí sim houve uma redução, o que significa que a situação dessas pessoas realmente está melhorando. Vamos ignorar possíveis cortes de verbas ou a redução causada por uma maior fiscalização!!!



E será que o Bolsa-Família acabará???



Como esse programa não pesa no orçamento da união, é pouco provável, a não ser que o governo de então esteja disposto a perder a reeleição ou não eleger o seu candidato, nem governadores e prefeitos de seu partido, além disso, quem já recebe o BF antes da lei entrar em vigor continuará recebendo (direitos adquiridos). Essa revogação anti-popular só afetará quem não recebia antes da lei entrar em vigor!!!



Programas assistenciais não são avanços sociais e nem estímulo a vagabundagem. São necessários, são "quebra-galhos", mas não são a salvação!!!

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Seu nome é Bond...!!!

Acho que esse é uma daquelas postagens que um dia arrepender-me-ei de ter feito, temermente falando, mas vamos lá. Aliás, é justamente por causa dessa expectativa que irei em frente, pois minhas expectativas, muitas vezes, não correspondem aos resultados!!!



Hoje vou dedicar um espacinho desse blog para falar de um dos personagens mais marcantes da cultura pop: James Bond, o agente 007. Como sabem, sou fã de carteirinha desse personagem, assim como você deve ser da série Star Wars - que um dia irei vê-la por completo -, ou do Dragon Ball, ou prefere ver a Ripley detonando os Aliens, atitude essa que hoje pode ser considerada exo-xenofobia para os padrões morais vigentes. Não vou falar para os entendidos, mas para aqueles que ainda não o conhecem ou que não conhecem a sua história!!!



James Bond surgiu na literatura, nos anos 1950 - dez anos antes do seu primeiro filme da série oficial - no romance Casino Royale, idealizado por Ian Fleming, um ex-agente secreto. Diferentemente do que sugere um filme que homenageia-o, Fleming não era o "James Bond", esse foi inspirado em um colega de Fleming que tinha atitudes e comportamentos semelhantes ao personagem (bebidas, mulheres, etc...). Talvez a única coisa que o personagem tem do seu criador é sua adorável filho-da-putice, que tirou o nome do herói e de um dos vilões, Goldfinger, de pessoas reais. Tentem imaginar o transtorno que isso trouxe para o ornitólogo James Bond e para o arquiteto Erno Goldfinger, vizinho de Fleming!!!



Os romances de Fleming não retratavam fielmente a vida de um agente secreto de verdade, assim como os romances de Arthur Conan Doyle deliravam um pouco sobre a vida de um detetive, mas talvez por isso, ao ultrapassar um pouco a realidade, tais romances fizeram sucesso, embora nos filmes suas proezas ultrapassavam demais a realidade, e daí vem as principais críticas (comentarei sobre isso logo). O Bond de Fleming (e mais tarde, nos filmes) tinha uma vida mais glamourizada, com algumas bebidas, muitas mulheres (uma caso amoroso em cada aventura), e sua reputação chegava a ofuscar o próprio MI6, a agência do governo britânico para o qual trabalha, atraindo para si a ira dos vilões e poupando o MI6, como sempre acontece com os melhores heróis. Em alguns casos, o próprio 007 tirava a camisa da empresa e agia por vingança pessoal!!!



Em 1962, surgia o primeiro filme da série oficial: 007 Contra o Satânico [ainda não entendi esse "satânico" no título em português] Dr.No, que na ordem de "nascença" nos livros seria a sexta aventura, estrelado pelo Mr. Universo Sean Connery. Mas se Dr. No foi o Bing Bang da série, o terceiro filme, 007 Contra Goldfinger, foi sua inflação cósmica, responsável pela febre conhecida como Bondmania. Era Bond aqui, 007 ali, e cópias e sátiras mais adiante, se bem que o próprio Bond do cinema tomou um gole na fonte de Hitchcock, de seu Intriga Internacional que por sua vez, segundo um filme biográfico de Hitchcock, teria bebido no romance Casino Royale!!!




Filmes: mulheres, lugares exóticos, vilões...



O simples fato de uma franquia ter 24 filmes, e contando, por mais de 50 anos já é motivo mais que suficiente para atestar o sucesso do personagem. Podem esnobar Bond e gabar Jason Bourne, mas os filmes deste não fizeram o sucesso que os primeiros filmes de Bond fizeram, sequer chegará ao décimo filme, imagine então chegar ao 24º. Mas Jason Bourne é bom. A franquia teve seis intérpretes, sete se contarmos o veterano David Niven, que nos anos 1967 interpretou Bond em um filme não-oficial (na verdade, uma paródia); dez diretores (ou onze, pois perdi a contagem depois de Casino Royale); mais que o dobro de vilões e mais que o triplo de mulheres!!!



E as locações? Belos pontos turísticos, alguns deles destruídos pelas perseguições, talvez inspirando o Talibã e o Estado Islâmico hoje. Começando pela Jamaica, depois Turquia, Suíça, Nassau, diversos lugares dos EUA, Japão, Cuba, Amsterdã, Grécia e até o Rio de Janeiro, e aquela hilária cena da Amazônia, e outras e tantas. Difícil de escolher as cenas onde há a melhor harmonia entre as locações e a trama, mas as minhas favoritas foram as cenas no Egito em 007 O Espião Que Me Amava. A dos Alpes austríacos nesse mesmo filme é clássica. Também gostei da cena da Sardenha, desse mesmo filme. Enfim, amei o filme!!!



Sobre sua visita ao Brasil em 007 Contra o Foguete da Morte (no começo do filme, Bond é jogado para fora do avião, e achei que só assim para ele vir parar aqui), ele vai ao Rio de Janeiro, como sempre, nos dias de Carnaval. Dois ou três tiroteios depois, ele se depara com as Cataratas do Iguaçu em plena Floresta Amazônica. Nem dobrando o mapa do Brasil conseguimos tal façanha. Se o vilão do filme soubesse que na Amazônia existem cobras enormes, não precisava ter trazido sua piton de estimação para acabar com o herói (outra das façanhas de 007: escapar de animais perigosos. Tá aí outra coisa que posso falar)!!!



E as mulheres? Duas ou três em cada filme. Normalmente, aparecia uma no começo do filme, outra com quem terminava o filme, e outra que acaba tentando matá-lo, mas houve um caso diferente. No filme 007 A Serviço Secreto de Sua Majestade, ele fica apenas com uma mulher em todo o filme, com quem ele acaba casando no final para em seguida ser morta pelo vilão que aparentemente havia morrido. Foi um marco na série, e talvez de todo o cinema, pois foi um daqueles momentos raros quando o final é infeliz. E o que falar daquela mulher pintada de ouro? E outra coberta com petróleo? Ou a vilã jogada para as piranhas? Ou da outra sendo atacada por cães? Ou a que explodiu? Só falando daquelas que se envolveram com Bond, para o terror das feministas de hoje, senão teria que falar daquela que foi devorada por tubarões brancos, da que foi prensada por uma corda...Elas tinhas nomes esquisitos, como...hã...Pussy Galore (é isso mesmo!), Domino, Vesper ou Mary Goodnight. Outros nomes eram apenas estrangeiros, mas que soavam estranhos para a língua inglesa como Tatiana Romanova, Kissy Suzuki ou Xenia Onatopp!!!



Uma bond-girl (como são conhecidas as personagens da série) que não é tão "girl" assim, mas que marcou história na franquia foi a Sra M., interpretada por Judi Dench desde o 007 Contra Goldeneye (o 17º filme da série) e a única intérprete que sobreviveu ao reboot da série. Até então, M - o superior de Bond - era interpretado por um homem. Três atores interpretaram o personagem antes de Dench, mas ela foi a mais marcante, não apenas por ser mulher, mas por ser a mais atuante, quase dividindo as atenções do filme com o protagonista!!!



E os vilões? Os primeiros vilões da série foram criações do próprio Ian Fleming, adaptados para o cinema. Mais tarde, os próprios produtores tiveram que criar novos vilões, o mesmo ocorrendo com as bond-girls. Alguns deles marcaram história como o Dr. No, o primeiro da série, embora diferente do Dr. No de Ian Fleming. Auric Goldfinger, famoso pela sua obsessão por ouro, seu intelecto brilhante, e seu desenvolvimento na história é interessante: começando como um bon-vivant cuja engenhosidade em trapacear no carteado deixava no chinelo qualquer aluno de hoje com suas colas criativas, até no final se revelar um vilão capaz de matar para roubar todo o ouro dos EUA. E o arqui-inimigo do herói, pois todo o herói precisa de um arqui-inimigo: Ernst Stavro Blofeld, o chefão da organização criminosa conhecida como SPECTRE, o homem que matou a esposa da Bond logo após o casamento. Sua organização costumava praticar crimes de grandeza como chantagear governos, pôr potências mundiais em guerra, e talvez roubar margarina no mercado. Outro vilão marcante (costumava deixar marcas com suas mordidas) foi Jaws, um gigante superforte, com seus característicos dentes de aço, que por vezes surpreendia o próprio Bond. Falando em capangas, já ia me esquecendo de Oddjob, o braço-direito e esquerdo de Goldfinger. Um coreano também bastante forte e com seu chapéu com lâminas nas abas. Consegue imaginar o que acontecia quando ele arremessava-o? Ou Tee-Hee, o homem com o braço mecânico e sua alegria contagiante enquanto matava (no original de Fleming, não tinha essa do braço mecânico)???



Outros vilões merecem destaque pela crueldade, frieza e seus planos grandiosos, mas infelizmente não dá para falar de todos eles. Lá vai: Carl Stromberg, Hugo Drax, Frank Sanchez, Eliot Carver, Max Zorin, Emílio Largo, Francisco Scaramanga, Mr. Big...Alguns deles eram tão carismáticos que no fundo até torcíamos para ao menos dar muito trabalho ao herói, já que no final, ele ia morrer mesmo. E quando os vilões eram pets? Sim: viúvas-negras, tubarões, cobras gigantes ou cobrinhas venenosas, tigres, crocodilos, baratas e mosquitos da dengue, todos com autorização do PETA, eu acho!!!


                                                               
E as inverossimilhanças dos filmes? Não falo das proezas impossíveis, como despencar de uma geleira e sair surfando uma tsunami com um paraglider improvisado. Falo de planos aparentemente impossíveis, das "gadgets". Em A Ficção Possível, dedico dois parágrafos só sobre 007:


[...] É comum ouvir que os filmes antes do inconveniente reboot eram irrealistas. Não acho totalmente, ou pelo menos, dou-lhes o benefício da dúvida, como nos exemplos acima. Meros mortais querendo dominar o mundo, ou extorqui-lo ou manipulá-lo?! Impossível, diriam. O restante da humanidade que não aparece no filme diriam isso mesmo. Será mesmo impossível um bilionário engenhoso e muito ambicioso tentar dominar o mundo e ter seus planos frustados por um agente secreto que obviamente ninguém sabe de sua existência e de seus atos? Acho que não, embora seja improvável...ou não.

Uma cena clássica dessa mesma série, que fomenta esse tipo de comentário é a do carro submarino de 007 O Espião Que Me Amava. Ninguém nunca viu algo assim, nem mesmo os atônitos banhistas do filme que em seguida viram o carro saindo do mar. Até então, a opinião dos banhistas era a mesma que a nossa: esse tipo de coisa não existe, até porque esse tipo de invenção seria de uso exclusivo e ultra-secreto, ou seja, é para todos negarem sua existência mesmo.


O canhão-laser de Goldfinger foi algo inédito, coisa de ficção científica mesmo, mas já era uma tecnologia usada naquela época, tanto que o vilão fala em "laser industrial", dando a entender que já era usado na indústria. A fuga espetacular de Bond em 007 Contra a Chantagem Atômica também foi algo real. Talvez, quem sabe, o uso desses recursos não sejam usados por agentes secretos, mas essa é a graça dos filmes, não é? O improvável, o inesperado. o incrível. E vilões dominando ou desejando a destruição do mundo? A única coisa irreal disso é a insanidade necessária para tal ato. Carl Stromberg mostrou que a coisa era relativamente fácil nos anos 1970, imaginem agora, na época da internet!!!



James Bond é um daqueles personagens que cativa homens e mulheres pela mesma razão, que empolga os jovens com suas proezas e gadgets, suas namoradas belíssimas e seus vilões engenhosos e improváveis, quando não impossíveis. Não a toa, um marco da cultura pop. Como não dedicar uma postagem do meu blog para ele???

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Eleições lá e cá!!!

Cá estou acompanhando as repercussões  no Brasil da vitória de Donald Trump nos EUA. Diga-se de passagem, uma repercussão cheia de interjeições de incredulidade. As eleições americanas chamam a atenção do mundo por causa da notória importância - para não dizer poder e influência - dos EUA para o mundo, e mais especificamente para o Ocidente. Ok, ok, Trump é machista e já está assinando um termo de declaração da Terceira Guerra Mundial. Já não basta a eleição do Dória em São Paulo e do Crivella no Rio, agora isso?! O que falta? Bolsonaro Presidente???



Toda essas reações, que acho um pouquinho desproporcional, nos mostra como elegemos nossos candidatos, mais pela emoção que pelos fatos. Pior, mais pelos rótulos "esquerda" ou "direita", acrescidos de algum defeito ao candidato adversário. Ordem dos fatores: primeiro o rótulo, depois algo que o desabone, quando deveria ser o contrário. Vamos começar pelo Trump: 98% do eleitorado brasileiro (os outros 2% são a margem de erro), que não votará nos EUA, acha Trump um ser desprezível, indigno de se candidatar a síndico de condomínio, mas algo me diz que esse não é o verdadeiro motivo: existem acusações pesadas contra Hillary Clinton que são solenemente desprezadas pelos anti-Trump. Inversão de valores? Não exatamente, a verdadeira inversão está na importância que dão ao rótulo político ao invés dos fatos. Trump é de direita, ou de extrema-direita, ou a coisa mais próxima do nosso conceito de direita, então, o primeiro julgamento será esse, depois vem o resto: qualquer transgressão em sua vida pessoal ou política, ampliados ao status de escândalo. Mesmo quando o presidente da segunda maior potência militar do mundo ameace o planeta, incluindo aí os eleitores de Hillary, com uma terceira guerra mundial caso Hillary vença, é o Trump que é considerado o arauto do fim do mundo, pois ele é o candidato da direita ou o mais direitista deles!!!



Outra bisonha particularidade de nossos eleitores, lá e cá, é o caráter binário de suas preferências, como se tivessem que escolher entre Trump e uma alternativa neutra, sem identidade, que "não cheira e não fede", mas que é melhor que Trump, como se escolhessem entre Trump e "Não-Trump". Tirando toda a imprensa e seus artistas dependentes-independentes, alguém lá e cá fez campanhas pró-Hillary???



Vices, não nos esqueçamos dos vices, por favor. 


Voltando a alguns meses no tempo, quando o eleitorado da Dilma chora, se recontorce, pelo seu impeachment, já que o sucessor é um crápula da direita, um ser vil de uma raça das trevas. Todas essas qualidades do vice, porém, não foram suficientes para afastar os votos na chapa da Dilma. Isso demonstra que o eleitor vê o vice em um papel tão secundário que o próprio esquerdismo da candidata ofuscaria completamente qualquer vibração negativa do vice de direita!!!



Sim, é isso mesmo. Alegam que o vice não passa de uma figura decorativa. Pode ser, assim com também são decorativos uma cascavel na mesa, ou um retrato de Hitler e suásticas na casa do nosso melhor amigo. Decorativos, sem dúvida. E quase ia me esquecendo daquele velho ditado "diga-me com quem andas e te direi quem és.". Se for julgar por essa perspectiva, ou Dilma, na verdade, era uma ameaça, ou Temer é um bom homem. Poucos foram os bem-aventurados que lembraram que uma doença, morte ou acidente poderia afastar sua presidenta eleita, e a tal decoração assumir o mandato, coisa difícil de acontecer, mas não impossível!!!



A propósito, alguém conhece o vice do Trump???


                                                                 .
                                                                 .
                                                                 .


Há dois anos atrás, minha queixa era que o eleitorado de cá não conhecia o nosso sistema eleitoral, agora, acrescento a essa falta de informação todas essas pequenas falhas. Acho que já podemos reduzir a idade eleitoral para os dez anos de idade!!!




sábado, 22 de outubro de 2016

A Ordem dos Fatores

Diz a lenda que a ordem dos fatores não altera o produto. Em casos sim, em casos não. Na própria matemática, por exemplo, onde essa expressão surgiu, a ordem dos fatores (que são os números a serem multiplicados) não altera o produto (o resultado da multiplicação), pois tanto 6x3 quanto 3x6 resultarão em 18. Na mesma matemática, encontramos as análises combinatórias, onde a ordem dos fatores (nesse caso, dos elementos) pode ser determinante. Se usarmos os algarismos 1,5 e 7 em diferentes combinações, veremos que a ordem desses números fará toda a diferença. 157 é diferente de 517, que é diferente de 751. O mesmo acontece com as letras: ABC é diferente de BAC ou CAB. As senhas são possíveis graças a essa propriedade desse tipo de combinações. Em outras combinações, a ordem não faz diferença: colocar a faca no lugar do garfo e vice-versa em relação ao prato não teremos algo diferente, teremos um prato, garfo e faca, mesmo que os talheres estejam do mesmo lado do prato.



No mundo das idéias, ocorre algo parecido. A ordem dos fatorespode fazer uma diferença grande ou sutil mas perceptível. Grupos defendem que A e B são importantes, mas para um A é mais importante que B, e para outros, que B é mais importante que A. O que diferencia o nazismo dos demais regimes que também subjugaram outros povos? A ordem dos fatores de suas motivações.  A crença da "raça superior" não nasceu com o nazismo, mas foi esse regime que fez dela a principal motivação – ao menos alegadamente - para subjugar outros povos. Os astecas eram os nazistas dos povos pré-colombianos na América Central, mas talvez não fosse a crença da superioridade racial que motivava-os a subjugar os povos vizinhos, embora certamente consideravam-se superiores a eles. O exemplo mais clássico: os europeus subjugaram índios e africanos. A motivação dos europeus foi antes comercial que racial, mas, comercial e racial. A ordem de suas motivações é o que diferencia o nazismo de outros regimes autoritários e expansionistas, embora os resultados finais fossem os mesmos: milhões de mortos e escravizados.



Em outros casos, o que separa os seres civilizados dos bárbaros são justamente essa ordem de suas motivações, em outras palavras, as suas prioridades. Os mesmos elementos mas em ordens diferentes, com resultados diferentes. Vários direitistas e esquerdistas, por exemplo, defendem as mesmas coisas, mas em ordens diferentes, cada um com suas prioridades; o mesmo acontecendo com liberais e conservadores. Economia e saúde: o que você considera mais importante, economia ou saúde? Ambos são importantes, ambos elementos são considerados em nossos planos, mas sempre alguém dará mais importância a um que ao outro, o que faz toda a diferença, ao menos, aparentemente.



Devemos ter o cuidado para não confundirmos com causa e consequência. No caso dos regimes autoritários citados anteriormente, temos elementos iguais mas "combinações" diferentes, por isso, idéias diferentes, causas diferentes, mas como lembrei, resultados iguais, consequências iguais. Isso porque, nesses casos, há um único objetivo, motivações iguais, mas dispostas em ordens diferentes.



Esse texto é meio que um desabafo, pois surgiu com um fato real. Estava eu com um amigo numa padaria tomando café e contemplando alguns lanches quando tudo começou. Na discussão que se seguiu, eu defendia A e ele B; dez minutos depois, descobrimos que na verdade, eu defendia AB e ele BA, ou seja, as mesmas coisas, mas em ordens diferentes. É o caso em que a ordens dos fatores alterou o produto. Eu tomei café e ele um chocolate, mas se fosse o contrário, o "produto" do encontro seria o mesmo.



Talvez muitas brigas, discussões e até guerras poderiam ser evitadas com essa compreensão, mas para tanto, é necessário descobrir as partes de um todo ideológico ou opinativo para depois ver em que ordem de importância estamos dando a cada uma delas. Sem falar de novas idéias que poderão surgir com isso.

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Estuprando Estatísticas - II

Sempre que volto a comentar sobre um determinado assunto, repito o título e acrescento algum número romano em seguida. Normalmente, essas continuações são um complemento de um assunto já abordado, mas nesse caso, é sobre a repetição de um erro que volto a falar. A primeira postagem sobre um assunto semelhante pode ser lida aqui. Para saber um pouco mais sobre a nossa visão estatisticoscópica, leiam aqui!!!



O DataFolha fez uma pesquisa de opinião pública sobre estupro. O entrevistador  fez a afirmação A mulher que usa roupas provocativas não pode reclamar se for estuprada, e o entrevistado(a) deveria dizer se concordava (sim) ou não. Segundo os resultados, 30% afirmam que sim, o que causou um justíssimo alvoroço entre os componentes mais esclarecidos da sociedade. Mais uma vez, quero chamar a atenção não da polêmica em si, mas da abordagem e da conclusão estatística que deveríamos tirar!!!



A mulher que usa roupas provocativas não pode reclamar se for estuprada lembra nossas mães falando da boca prá fora depois não reclama se ficar doente. Não que ela se eximia de qualquer responsabilidade ou cuidados caso ficávamos doentes, mas o objetivo era nos desencorajar a tomar banho de chuva ou banho frio. Então, fica meio estranho isso. Outro exemplo: se alguém me perguntasse se eu concordo com a afirmação bandido bom é bandido morto, o entrevistador errônea ou maliciosamente, concluiria que sou a favor da pena de morte. Não necessariamente. Eu simplesmente não gosto de bandidos e não me importo se morresse por morte natural (alguém já viu um bandido morrer por morte natural?), acidental, morto por companheiros, Poderia até me posicionar contra a pena de morte. Ou então poderia ser favorável mesmo à pena de morte. Notaram a pegadinha? Para saber mais sobre o assunto, leiam aqui. Se eu fosse fazer uma pesquisa por conta própria, perguntaria - pergunta! - algo do tipo uma vítima de estupro deve ser culpada ou 'mea-culpada' pelo crime que sofreu e arcar com as consequências?, caso necessário, eu desenharia a pergunta para não ficar dúvidas. !!!



Sobre o resultado da pesquisa. 30% concordaram com a maldita afirmação, e isso causou o justo alvoroço entre os componentes mais esclarecidos da sociedade. Eu pessoalmente acho um percentual relativamente elevado, mas não a ponto de provar que há uma cultura do estupro. Cultura de um povo não se faz com 30% da população. Eu poderia sacar o "argumento das minorias", algo do tipo mas são uma minoria que..para minimizar o problema, mas no momento que afirmo que é um percentual relativamente elevado (ou talvez não, como explicarei mais adiante), essa desculpa é anulada. Também não posso me refugiar na contra-argumentação do "70% disseram 'não' à maldita afirmação", pois o objetivo da pesquisa é descobrir quantos concordam com a maldita afirmação, e não quantos discordam!!!



Mas 30% de sim à maldita afirmação é um número objetivamente escandaloso, assustador? Resposta: depende. O percentual de uma observação isolada não nos diz muita coisa. Para uma conclusão mais acertada, além de fazer perguntas objetivas, precisamos saber: 1) qual seria o percentual de sim há três, quatro ou cinco décadas atrás? E: 2) qual é o percentual de sim em outros países? Começando pelo 1: se o percentual de sim há quatro décadas atrás fosse de 80%, então os atuais 30%  são um verdadeiro avanço civilizacional. Se esses mesmos 80% fossem nos anos 1990, teríamos uma queda de 50% do total em apenas duas décadas; os atuais 30% indicariam que sofremos uma mutação psicossocial que nos fez subir um ou dois degraus na escada evolucionária, seríamos uma raça superior. Exemplo número 2: uma pesquisa semelhante seria feita em mais de 70 países, por coincidência, os mesmos onde se bebe Tang. Se no país menos machista da lista, seja lá qual for, o percentual de sim for de 25%, e o mais machista, de 90%, então o Brasil seria um dos países menos machistas do mundo, apesar do elevado percentual de 30%. Expus até aqui possibilidades otimistas, mas talvez não seja assim. Então vamos ver todas as possibilidades e as conclusões que podemos chegar com cada uma delas, utilizando aquela pergunta: uma vítima de estupro deve ser culpada ou “mea-culpada” pelo crime e arcar com as consequências? Em comparação com outros anos, no Brasil, teríamos uma dessas conclusões (no exemplo abaixo, o ano é 1976):






Agora, imagine a mesma pergunta sendo feita nos mais de 70 países do Tang. Se num ranking decrescente, o Brasil estiver entre os últimos colocados com seus 30% de sim, então somos um dos países menos machistas do mundo; caso estiver entre os primeiros, somos os ogros machistas que tanto falam!!!



E então, os 30% de sima uma maldita afirmação são escandalosos? Pessoalmente, como já disse, acho que são, mas devido às limitações estatísticas expostas, não posso afirmar isso com 100% de certeza. Estou - estamos - limitados ao achismo, impressões pessoais e sentimentos!!!



Sempre irão existir boçais que concordarão que a mulher será, pelo menos, corresponsável pelo crime que sofreu. Seria pedir demais que o percentual dessas pessoas beirasse o 0%, mas esperava que esse número não passasse de 5%. E talvez o número real não passaria disso se fizessem as perguntas - perguntas! - certas!!!

terça-feira, 5 de abril de 2016

Você faz estatística? Sim!

Começando o texto com uma revelação que fará seu cérebro reagir de forma indiferente, “dando de ombros”, como alguns dizem: nosso cérebro reage ao receber, via audição, determinadas palavras ou revelações. Normalmente, ele “acende” quando escutamos uma novidade. Agora, suas sinapses fundirão como um fusível antes do seu cérebro ser capaz de ofuscar Las Vegas: pensamos e agimos usando estatística básica, tipo aquela do “os 1% dos mais ricos possuem 20% da riqueza mundial”. Até mesmo algumas manifestações aparentemente racistas ou homofóbicas podem ser explicadas pela análise estatística do nosso cérebro.


O cérebro não espera o improvável, qualquer coisa, digamos, com menos de 1% de acontecer. Quais suas chances de você virar de costas e dar de cara com o seu chefe no serviço? Ou com a Miss Suécia? Mínimas no primeiro, e praticamente inexistente no segundo. Nesses casos, suas reações serão de espanto, de encanto, de estupefação, mas nunca de indiferença, há menos que seja algo fácil de acontecer, de algo provável, o esperado. O mesmo vale ao ver uma assombração pela primeira vez.


Bem, vamos ao exemplo do racismo e homofobia. Você se espantaria se fosse atendida por uma gerente de loja negra? Eu sim. Racismo? Não, porque até agora nunca vi uma gerente de loja que fosse negra, até porque onde moro, a proporção de negros na população é bem pequena. Estatisticamente, as chances disso acontecer são mínimas, por isso, me espantaria ao encontrar uma. Para quem fez questão de não entender, explicarei de outra forma: se você lançasse cem vezes uma moeda e em todos esses lançamentos caísse "cara" (uma moeda viciada), você apostará que cairá "coroa" no próximo lançamento? Se um atirador de tiro-ao-alvo acertasse os primeiros 30 alvos, você teria coragem de apostar que ele erraria o trigésimo primeiro? Pois bem, é esse tipo de análise que nosso cérebro faz no dia-a-dia.


Vamos ao exemplo do homossexualismo: no programa Altas Horas desse sábado (02/04), um rapaz perguntou para o outro como é ter duas mães. Esse devolveu a pergunta, de como seria viver com um pai e uma mãe, o que fez a pergunta inicial parecer uma homofobia inconsciente, apesar dele insistir que não era homofóbico. Eu acredito nele e entendo sua curiosidade. Casais homossexuais e com filho(s) são tão raros no momento - só para ilustrar estatisticamente, menos de 1% dos casais são homossexuais - que pouco ou nada sabemos do seu convívio. Então, é normal essa curiosidade, sem que a pessoa seja uma homófoba enrustida.


Para evitar mal-entendidos ou distorções propositais, irei explicar a diferença entre uma coisa e outra: ofensas raciais ou homofóbicas são racismo e homofobia, respectivamente; se surpreender com algo improvável, como nos exemplos acima não são. Normalmente esperamos que as pessoas se relacionem - embora muitos não admitem nem para si mesmos - com alguém da mesma cor, condição social, escolaridade, opção sexual ou da mesma religião, quiçá do mesmo time de futebol. Isso acontece em qualquer um desses estratos da população. Então, tal qual é o espanto quando um pai ou uma mãe vê seu(ua) filho(a) namorando alguém ou de cor, ou condição social ou religião diferente? Ao menos, o espanto inicial pode ser explicado pela nossa estatística cerebral, já o que vem depois, não.


Acontecimentos completamente inesperados - digamos, com 0,05% de acontecer - mas desejados, quando acontecem, dizemos que foi um milagre, ou intervenção divina. Todo mundo vibra quando acerta na Mega-Sena não apenas por causa do prêmio, mas pela improbabilidade de acertarmos, pois o improvável sempre surpreende, espanta, assombra ou escandaliza. Chances de uma mulher ficar nua no centro da cidade? Sei lá, uns 0,001%. Chances de uma freira das carmelitas descalças fazer o mesmo? Certamente ainda mais improvável, por isso, mais espantoso.


Mesmo odiando matemática, números e estatística, instintivamente usamos essas disciplinas chatas, que surgiram justamente porque nosso cérebro usá-as no dia-a-dia, talvez até na hora do sexo. Então, não se espantem se descobrir que nosso cérebro também usa a fórmula de Bháskara, mesmo assim você vai se espantar devido a aparente improbabilidade disso acontecer.


domingo, 6 de março de 2016

E agora...a Dívida Histórica!!!

Admito, nem sei como começar esse assunto, é que o próprio tema parece não ser sério. Não que não devemos algum tipo de reparação à população negra e parda, mas exigir algum "pagamento" de qualquer pessoa de fora desses grupos étnicos é, meio que assim, injusto, como tentarei demonstrar!!!



Nos dias de hoje, algo como 1% da população pertencem às chamadas elites. Entre os 10% mais ricos, já podemos incluir vários funcionários públicos que reclamam da desigualdade social, mas nos 1% mais ricos...só os ricos mesmos. Talvez uma divisão semelhante ocorresse nos séculos passados no Brasil. Não sabemos ao certo, mas os senhores de engenho - os ricos e torturadores de escravos - eram esses 1% de hoje. Possivelmente tiveram menos filhos que os demais brancos. Considerando esses meros detalhes, concluímos que uma minoria ao quadrado dos brancos de hoje seriam descendentes dos escravocratas. Se incluirmos os descendentes atuais de europeus e médio-orientais que vieram no final da escravidão, os descendentes dos escravocratas ficam ainda mais sufocados nas estatísticas. Pois bem, quem são esses descendentes e quantos deles ainda mantém a riqueza obtida com a escravidão? Dizem que o casal Suplicy fazem parte dessa minoria. Vão cobrar algo deles???



Se a Dívida Histórica baseia que os castigos físicos e psicológicos sofridos pelos negros devem ser indenizados para os seus descendentes, então vários brancos também deveriam ser indenizados. A existência de um(a) único(a) negro(a) na árvore genealógica de um branco faz dele um descendente de negros. Havia estupros de escravas pelos senhores de engenho, e isso obviamente deu origem a uma linhagem de negros, brancos e pardos. Mas como já disseram, não basta ter genótipos (os genes) negros, mas o fenótipo (a aparência). Haverá casos de um militante negro cobrar de seu primo branco de oitavo grau o seu lugar na vaga de faculdade. Brancos pobres terão que ceder seu lugar na faculdade para negros ricos como reparação histórica, e por aí se darão os ajustes históricos. Os antepassados do sujeito vieram para o Brasil no final da escravidão? Dane-se, é branco. Tem olhos puxados? Dane-se...!!!



E assim se faz uma Dívida Histórica tão questionável quanto é a Dívida Externa pelos idealizadores da primeira. Eles, por fim, acabam sendo o FMI da justiça histórica!!!