sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Vamos falar de Bolsa-Família?

Não há programas de governo tão comentados e tão evidentes quanto os programas sociais, como o antigo "ticket do leite" ou atualmente o Bolsa-Família, e o motivo é um pouco mais que óbvio: ajudar imediatamente pessoas em "situação de vulnerabilidade social", ou seja, na pobreza. E as opiniões se dividem, quase ao ponto de criar uma nova divisão da sociedade: os que são contra e os que são a favor desses programas. Uns defendem que essa ajuda é um avanço social; outros, acreditam que isso estimula a vagabundagem!!!



Mas sem delongas, vou pular todas essas opiniões e ir direto para a minha opinião pessoal. Programas desse tipo, existentes em vários países, não vão acabar com a pobreza, mas aliviam o problema. São como as doações para pessoas desabrigadas. Mas, e se essas mesmas pessoas desabrigadas continuarem recebendo alimentos por anos e anos, mesmo depois que a situação se normalizou, ao menos em parte? Na minha opinião, tais programas servem para aliviar o problema até que soluções de médio e longo prazos - os que realmente resolverão o problema - não se manifestarem!!!



Programas como o Bolsa-Família levam algum tempo para atingir todas as pessoas que dela necessitam, e a partir daí é que veremos realmente se está sendo feito algo para reduzir a pobreza.!!!



Vejamos abaixo uma situação hipotética






Segundo a então candidata e presidenta da República, no debate da última eleição presidencial, havia 5 milhões de beneficiados pelo antigo programa assistencial em 2003, e até o ano anterior ao debate, mais 50 milhões de pessoas passaram a receber o atual BF, numa progressão semelhante ao gráfico acima. Para ela, isso significa uma notícia e tanto, mas não foi, pois das duas uma: ou muita gente está recebendo sem precisar, ou pior, a situação social se deteriorou tanto que muito mais pessoas passaram a necessitar do BF!!!



O que espero de um programa assistencialista?



Espero que após atingir todas as pessoas que deles necessitam, a curva comece a cair, o que significa que a situação dos beneficiados está melhorando. Mais ou menos assim:






Vejam que o número de beneficiados chegou ao máximo, e dois anos depois, começa a cair. Isso significa que essas mesmas pessoas estão saindo da situação de pobreza extrema (ou conseguiram emprego, ou o salário aumentou, etc..etc...). A situação dessas pessoas está melhorando graças a alguma política de médio ou longo prazo que está se manifestando. Isso é bom!!!



Agora, vejam isso:





O gráfico indica que desde 2005 não houve melhorias sociais (vamos ignorar o aumento populacional) já que todas as pessoa que necessitavam do BF em 2005 continuam necessitando em 2013. Talvez é disso que a Dilma se vangloriava!!!



E agora esse:






Essa é a pior situação possível. Significa que mais e mais pessoas passaram a ser dependentes do governo (provavelmente pela perda de emprego), que será agraciado com mais votos, seja por gratidão pela ajuda, ou por medo de perdê-la. Isso talvez tenha acontecido nos últimos anos, mas acho que não!!!



A euforia da Dilma só estaria em sintonia com a minha caso algo assim tivesse acontecido:




Vejam que nesse caso, o "ápice" foi alcançado em 2009 (mas podia ter acontecido antes), durou um ano e em seguida começou a decair, passando de 70 milhões de beneficiados em 2010 para 55 milhões em 2013. Aí sim houve uma redução, o que significa que a situação dessas pessoas realmente está melhorando. Vamos ignorar possíveis cortes de verbas ou a redução causada por uma maior fiscalização!!!



E será que o Bolsa-Família acabará???



Como esse programa não pesa no orçamento da união, é pouco provável, a não ser que o governo de então esteja disposto a perder a reeleição ou não eleger o seu candidato, nem governadores e prefeitos de seu partido, além disso, quem já recebe o BF antes da lei entrar em vigor continuará recebendo (direitos adquiridos). Essa revogação anti-popular só afetará quem não recebia antes da lei entrar em vigor!!!



Programas assistenciais não são avanços sociais e nem estímulo a vagabundagem. São necessários, são "quebra-galhos", mas não são a salvação!!!

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Seu nome é Bond...!!!

Acho que esse é uma daquelas postagens que um dia arrepender-me-ei de ter feito, temermente falando, mas vamos lá. Aliás, é justamente por causa dessa expectativa que irei em frente, pois minhas expectativas, muitas vezes, não correspondem aos resultados!!!



Hoje vou dedicar um espacinho desse blog para falar de um dos personagens mais marcantes da cultura pop: James Bond, o agente 007. Como sabem, sou fã de carteirinha desse personagem, assim como você deve ser da série Star Wars - que um dia irei vê-la por completo -, ou do Dragon Ball, ou prefere ver a Ripley detonando os Aliens, atitude essa que hoje pode ser considerada exo-xenofobia para os padrões morais vigentes. Não vou falar para os entendidos, mas para aqueles que ainda não o conhecem ou que não conhecem a sua história!!!



James Bond surgiu na literatura, nos anos 1950 - dez anos antes do seu primeiro filme da série oficial - no romance Casino Royale, idealizado por Ian Fleming, um ex-agente secreto. Diferentemente do que sugere um filme que homenageia-o, Fleming não era o "James Bond", esse foi inspirado em um colega de Fleming que tinha atitudes e comportamentos semelhantes ao personagem (bebidas, mulheres, etc...). Talvez a única coisa que o personagem tem do seu criador é sua adorável filho-da-putice, que tirou o nome do herói e de um dos vilões, Goldfinger, de pessoas reais. Tentem imaginar o transtorno que isso trouxe para o ornitólogo James Bond e para o arquiteto Erno Goldfinger, vizinho de Fleming!!!



Os romances de Fleming não retratavam fielmente a vida de um agente secreto de verdade, assim como os romances de Arthur Conan Doyle deliravam um pouco sobre a vida de um detetive, mas talvez por isso, ao ultrapassar um pouco a realidade, tais romances fizeram sucesso, embora nos filmes suas proezas ultrapassavam demais a realidade, e daí vem as principais críticas (comentarei sobre isso logo). O Bond de Fleming (e mais tarde, nos filmes) tinha uma vida mais glamourizada, com algumas bebidas, muitas mulheres (uma caso amoroso em cada aventura), e sua reputação chegava a ofuscar o próprio MI6, a agência do governo britânico para o qual trabalha, atraindo para si a ira dos vilões e poupando o MI6, como sempre acontece com os melhores heróis. Em alguns casos, o próprio 007 tirava a camisa da empresa e agia por vingança pessoal!!!



Em 1962, surgia o primeiro filme da série oficial: 007 Contra o Satânico [ainda não entendi esse "satânico" no título em português] Dr.No, que na ordem de "nascença" nos livros seria a sexta aventura, estrelado pelo Mr. Universo Sean Connery. Mas se Dr. No foi o Bing Bang da série, o terceiro filme, 007 Contra Goldfinger, foi sua inflação cósmica, responsável pela febre conhecida como Bondmania. Era Bond aqui, 007 ali, e cópias e sátiras mais adiante, se bem que o próprio Bond do cinema tomou um gole na fonte de Hitchcock, de seu Intriga Internacional que por sua vez, segundo um filme biográfico de Hitchcock, teria bebido no romance Casino Royale!!!




Filmes: mulheres, lugares exóticos, vilões...



O simples fato de uma franquia ter 24 filmes, e contando, por mais de 50 anos já é motivo mais que suficiente para atestar o sucesso do personagem. Podem esnobar Bond e gabar Jason Bourne, mas os filmes deste não fizeram o sucesso que os primeiros filmes de Bond fizeram, sequer chegará ao décimo filme, imagine então chegar ao 24º. Mas Jason Bourne é bom. A franquia teve seis intérpretes, sete se contarmos o veterano David Niven, que nos anos 1967 interpretou Bond em um filme não-oficial (na verdade, uma paródia); dez diretores (ou onze, pois perdi a contagem depois de Casino Royale); mais que o dobro de vilões e mais que o triplo de mulheres!!!



E as locações? Belos pontos turísticos, alguns deles destruídos pelas perseguições, talvez inspirando o Talibã e o Estado Islâmico hoje. Começando pela Jamaica, depois Turquia, Suíça, Nassau, diversos lugares dos EUA, Japão, Cuba, Amsterdã, Grécia e até o Rio de Janeiro, e aquela hilária cena da Amazônia, e outras e tantas. Difícil de escolher as cenas onde há a melhor harmonia entre as locações e a trama, mas as minhas favoritas foram as cenas no Egito em 007 O Espião Que Me Amava. A dos Alpes austríacos nesse mesmo filme é clássica. Também gostei da cena da Sardenha, desse mesmo filme. Enfim, amei o filme!!!



Sobre sua visita ao Brasil em 007 Contra o Foguete da Morte (no começo do filme, Bond é jogado para fora do avião, e achei que só assim para ele vir parar aqui), ele vai ao Rio de Janeiro, como sempre, nos dias de Carnaval. Dois ou três tiroteios depois, ele se depara com as Cataratas do Iguaçu em plena Floresta Amazônica. Nem dobrando o mapa do Brasil conseguimos tal façanha. Se o vilão do filme soubesse que na Amazônia existem cobras enormes, não precisava ter trazido sua piton de estimação para acabar com o herói (outra das façanhas de 007: escapar de animais perigosos. Tá aí outra coisa que posso falar)!!!



E as mulheres? Duas ou três em cada filme. Normalmente, aparecia uma no começo do filme, outra com quem terminava o filme, e outra que acaba tentando matá-lo, mas houve um caso diferente. No filme 007 A Serviço Secreto de Sua Majestade, ele fica apenas com uma mulher em todo o filme, com quem ele acaba casando no final para em seguida ser morta pelo vilão que aparentemente havia morrido. Foi um marco na série, e talvez de todo o cinema, pois foi um daqueles momentos raros quando o final é infeliz. E o que falar daquela mulher pintada de ouro? E outra coberta com petróleo? Ou a vilã jogada para as piranhas? Ou da outra sendo atacada por cães? Ou a que explodiu? Só falando daquelas que se envolveram com Bond, para o terror das feministas de hoje, senão teria que falar daquela que foi devorada por tubarões brancos, da que foi prensada por uma corda...Elas tinhas nomes esquisitos, como...hã...Pussy Galore (é isso mesmo!), Domino, Vesper ou Mary Goodnight. Outros nomes eram apenas estrangeiros, mas que soavam estranhos para a língua inglesa como Tatiana Romanova, Kissy Suzuki ou Xenia Onatopp!!!



Uma bond-girl (como são conhecidas as personagens da série) que não é tão "girl" assim, mas que marcou história na franquia foi a Sra M., interpretada por Judi Dench desde o 007 Contra Goldeneye (o 17º filme da série) e a única intérprete que sobreviveu ao reboot da série. Até então, M - o superior de Bond - era interpretado por um homem. Três atores interpretaram o personagem antes de Dench, mas ela foi a mais marcante, não apenas por ser mulher, mas por ser a mais atuante, quase dividindo as atenções do filme com o protagonista!!!



E os vilões? Os primeiros vilões da série foram criações do próprio Ian Fleming, adaptados para o cinema. Mais tarde, os próprios produtores tiveram que criar novos vilões, o mesmo ocorrendo com as bond-girls. Alguns deles marcaram história como o Dr. No, o primeiro da série, embora diferente do Dr. No de Ian Fleming. Auric Goldfinger, famoso pela sua obsessão por ouro, seu intelecto brilhante, e seu desenvolvimento na história é interessante: começando como um bon-vivant cuja engenhosidade em trapacear no carteado deixava no chinelo qualquer aluno de hoje com suas colas criativas, até no final se revelar um vilão capaz de matar para roubar todo o ouro dos EUA. E o arqui-inimigo do herói, pois todo o herói precisa de um arqui-inimigo: Ernst Stavro Blofeld, o chefão da organização criminosa conhecida como SPECTRE, o homem que matou a esposa da Bond logo após o casamento. Sua organização costumava praticar crimes de grandeza como chantagear governos, pôr potências mundiais em guerra, e talvez roubar margarina no mercado. Outro vilão marcante (costumava deixar marcas com suas mordidas) foi Jaws, um gigante superforte, com seus característicos dentes de aço, que por vezes surpreendia o próprio Bond. Falando em capangas, já ia me esquecendo de Oddjob, o braço-direito e esquerdo de Goldfinger. Um coreano também bastante forte e com seu chapéu com lâminas nas abas. Consegue imaginar o que acontecia quando ele arremessava-o? Ou Tee-Hee, o homem com o braço mecânico e sua alegria contagiante enquanto matava (no original de Fleming, não tinha essa do braço mecânico)???



Outros vilões merecem destaque pela crueldade, frieza e seus planos grandiosos, mas infelizmente não dá para falar de todos eles. Lá vai: Carl Stromberg, Hugo Drax, Frank Sanchez, Eliot Carver, Max Zorin, Emílio Largo, Francisco Scaramanga, Mr. Big...Alguns deles eram tão carismáticos que no fundo até torcíamos para ao menos dar muito trabalho ao herói, já que no final, ele ia morrer mesmo. E quando os vilões eram pets? Sim: viúvas-negras, tubarões, cobras gigantes ou cobrinhas venenosas, tigres, crocodilos, baratas e mosquitos da dengue, todos com autorização do PETA, eu acho!!!


                                                               
E as inverossimilhanças dos filmes? Não falo das proezas impossíveis, como despencar de uma geleira e sair surfando uma tsunami com um paraglider improvisado. Falo de planos aparentemente impossíveis, das "gadgets". Em A Ficção Possível, dedico dois parágrafos só sobre 007:


[...] É comum ouvir que os filmes antes do inconveniente reboot eram irrealistas. Não acho totalmente, ou pelo menos, dou-lhes o benefício da dúvida, como nos exemplos acima. Meros mortais querendo dominar o mundo, ou extorqui-lo ou manipulá-lo?! Impossível, diriam. O restante da humanidade que não aparece no filme diriam isso mesmo. Será mesmo impossível um bilionário engenhoso e muito ambicioso tentar dominar o mundo e ter seus planos frustados por um agente secreto que obviamente ninguém sabe de sua existência e de seus atos? Acho que não, embora seja improvável...ou não.

Uma cena clássica dessa mesma série, que fomenta esse tipo de comentário é a do carro submarino de 007 O Espião Que Me Amava. Ninguém nunca viu algo assim, nem mesmo os atônitos banhistas do filme que em seguida viram o carro saindo do mar. Até então, a opinião dos banhistas era a mesma que a nossa: esse tipo de coisa não existe, até porque esse tipo de invenção seria de uso exclusivo e ultra-secreto, ou seja, é para todos negarem sua existência mesmo.


O canhão-laser de Goldfinger foi algo inédito, coisa de ficção científica mesmo, mas já era uma tecnologia usada naquela época, tanto que o vilão fala em "laser industrial", dando a entender que já era usado na indústria. A fuga espetacular de Bond em 007 Contra a Chantagem Atômica também foi algo real. Talvez, quem sabe, o uso desses recursos não sejam usados por agentes secretos, mas essa é a graça dos filmes, não é? O improvável, o inesperado. o incrível. E vilões dominando ou desejando a destruição do mundo? A única coisa irreal disso é a insanidade necessária para tal ato. Carl Stromberg mostrou que a coisa era relativamente fácil nos anos 1970, imaginem agora, na época da internet!!!



James Bond é um daqueles personagens que cativa homens e mulheres pela mesma razão, que empolga os jovens com suas proezas e gadgets, suas namoradas belíssimas e seus vilões engenhosos e improváveis, quando não impossíveis. Não a toa, um marco da cultura pop. Como não dedicar uma postagem do meu blog para ele???