sábado, 17 de agosto de 2013

Da Suécia para a Coréia!!!

O governo federal, como se finalmente ouviu a voz dos nossos “especialistas em tudo”, pretende investir 10% do PIB em educação. Pululam dados em diversas fontes mostrando a ineficácia dessa medida para resolver a vexamosa decadência do ensino público e mesmo do ensino privado. Concordo com tudo o que falam, mas temos que ser cuidadosos quando usamos percentuais do PIB como parâmetro de comparação!!!



Na postagem Rumo à Suécia, de Titanic!!!, expliquei que tudo depende do PIB per capita, e não do PIB total. Vejamos o caso da Coréia do Sul, o exemplo mais citado para ilustrar a ineficácia dessa medida governamental. Segundo as diversas fontes, esse país investe apenas 5% do PIB em educação, contra 5,7% no Brasil. Acho desnecessário recorrermos ao ranking de qualidade da educação, da OCDE, para constatar a superioridade do ensino coreano em relação ao nosso, mas se alguém gosta de se indignar, é só dar uma clicada aqui!!!



O ideal para esse tipo de comparação seria extrair o percentual do PIB destinado à educação em cada país e dividir esse resultado pelo número de estudantes. Como não sabemos quantos estudantes há em cada país, vamos dividir pela população, supondo que sua proporção entre os dois países seja igual à proporção de estudantes. Traduzindo do coreano para o português: se a população brasileira for 10 vezes maior, então temos 10 vezes mais estudantes. Podemos também usar a ótica do PIB per capita, como fiz no caso da Suécia. O resultado será o mesmo!!!



5% de um PIB de US$ 986,300 milhões - da Coréia - equivale à US$ 49,150 milhões. Já  5,7% de um PIB de US$ 2.090 milhões - PIB brasileiro - equivale à US$ 119 milhões (valores do PIB referente a 2008). Dividimos esses valores respectivamente por 49 milhões (a atual população da Coréia do Sul) e por US$ 194 milhões(a atual população brasileira) e teremos US$ 1.003 para cada coreano e US$ 614 para cada brasileiro (como a população estudantil de cada país é necessariamente menor que a população total, então cada estudante receberá valores ainda maiores, mas o que nos interessa é a proporção de cada país, que não será afetada por isso)!!!




Como vimos, cada estudante coreano recebe quase o dobro do estudante brasileiro. Não recebe menos, como as pessoas contrárias à proposta quantitativa acreditam. Mas e se gastarmos 10% do PIB em educação? Talvez isso seja possível simplesmente acabando com a corrupção, com o excesso de burocracia, com a má gestão do dinheiro público, sem falar das amortizações da dívida pública, do rombo da Previdência. De qualquer forma, um aumento nas verbas para a educação pode resolver os problemas de infra- estrutura das escolas e dos baixos salários dos professores, mas a educação em si...bem, não creio que terá muitas melhorias com isso!!!

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