O governo federal, como se finalmente ouviu a voz dos nossos
“especialistas em tudo”, pretende investir 10% do PIB em educação. Pululam
dados em diversas fontes mostrando a ineficácia dessa medida para resolver a
vexamosa decadência do ensino público e mesmo do ensino privado. Concordo com
tudo o que falam, mas temos que ser cuidadosos quando usamos percentuais do PIB
como parâmetro de comparação!!!
Na postagem Rumo à Suécia, de Titanic!!!, expliquei que tudo
depende do PIB per capita, e não do PIB total. Vejamos o caso da Coréia do Sul,
o exemplo mais citado para ilustrar a ineficácia dessa medida governamental.
Segundo as diversas fontes, esse país investe apenas 5% do PIB em educação,
contra 5,7% no Brasil. Acho desnecessário recorrermos ao ranking de qualidade
da educação, da OCDE, para constatar a superioridade do ensino coreano em
relação ao nosso, mas se alguém gosta de se indignar, é só dar uma clicada aqui!!!
O ideal para esse tipo de comparação seria extrair o percentual
do PIB destinado à educação em cada país e dividir esse resultado pelo número de
estudantes. Como não sabemos quantos estudantes há em cada país, vamos dividir
pela população, supondo que sua proporção entre os dois países seja igual à
proporção de estudantes. Traduzindo do coreano para o português: se a população
brasileira for 10 vezes maior, então temos 10 vezes mais estudantes. Podemos
também usar a ótica do PIB per capita, como fiz no caso da Suécia. O resultado
será o mesmo!!!
5% de um PIB de US$ 986,300 milhões - da Coréia - equivale à
US$ 49,150 milhões. Já 5,7% de um PIB de US$ 2.090 milhões - PIB brasileiro -
equivale à US$ 119 milhões (valores do PIB referente a 2008). Dividimos esses
valores respectivamente por 49 milhões (a atual população da Coréia do Sul) e
por US$ 194 milhões(a atual população brasileira) e teremos US$ 1.003 para cada
coreano e US$ 614 para cada brasileiro (como a população estudantil de cada
país é necessariamente menor que a população total, então cada estudante
receberá valores ainda maiores, mas o que nos interessa é a proporção de cada
país, que não será afetada por isso)!!!
Como vimos, cada estudante coreano recebe quase o dobro do
estudante brasileiro. Não recebe menos, como as pessoas contrárias à proposta
quantitativa acreditam. Mas e se gastarmos 10% do PIB em educação? Talvez isso
seja possível simplesmente acabando com a corrupção, com o excesso de
burocracia, com a má gestão do dinheiro público, sem falar das amortizações da dívida
pública, do rombo da Previdência. De qualquer forma, um aumento nas verbas para
a educação pode resolver os problemas de infra- estrutura das escolas e dos baixos salários dos professores, mas a educação em si...bem, não creio que
terá muitas melhorias com isso!!!
Nenhum comentário:
Postar um comentário