sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Capitalismo V - a revanche dos descontentes!!!


Quando fico uns bons meses sem postar nada aqui, é porque estou sem assunto ou sendo monotemático. Mas como a proposta do blog é justamente analisar, questionar e comentar, sem medo de gerúndios (nesse caso, sem medo de infinitivos), o que há por trás do que lemos, ouvimos no decorrer dos anos ou temas atuais de forma levemente didática, então me vejo obrigado a expor minha opinião sobre o  assunto do momento ou sobre uma crença arraigada que vez ou outra vem à tona nos lembrando que ela ainda existe, mesmo eu correndo o risco de ser monotemático, o que é o caso atual!!!



Hoje vou falar da tal exploração capitalista, algo que para muitos, é uma espécie de escravidão moderna. Mas o que seria de fato essa tal de exploração capitalista? No artigo anterior, prometi que na postagem com esse título falaria do papel do Batman numa cidade onde seu alter-ego concentra boa parte da renda de Gotham City. Deixarei para a próxima!!!



Antes de começar, vou dar o meu conceito de exploração, seja capitalista, socialista ou mesmo anarquista. Quando o empregador remunera o empregado com menos do que ele pode pagar, então temos um tipo de exploração que justifica qualquer greve por melhores salários. Quando o comerciante cria uma “meta de vendas” absurda, tão somente para enriquecer às custas do empregado, também temos exploração. Quaisquer outros exemplos semelhantes são explorações. Mas na visão marxista-leninista-trotskista-stalinista-castrista-polpotista dos nossos universitários, principalmente das áreas humanas, o simples fato de um ser humano estar produzindo para enriquecer outro é exploração, mais precisamente exploração capitalista. Tirando os exemplos de explorações que citei no começo, ouso dizer que a coisa não é bem assim. Ouso dizer que isso não é exploração, no sentido de semi-escravidão. Horrorizem-se, comunistas de McDonald's!!!



Enquanto a verdadeira exploração depende da índole do patrão (ganancioso, explorador FDP), a tal de exploração capitalista é quase um acordo. Pra começar, os patrões capitalistas não mandam capitães-do-mato arrancarem seres humanos de seu mundinho de conto de fadas, forçando-os a trabalharem em seus estabelecimentos. É justamente o contrário: seres humanos vão atrás do capitalista desalmado para oferecerem sua força de trabalho em troca de salário, já que sua vidinha não é tão escandinavamente bucólica assim. É mais fácil a pobre vítima do capitalismo forçar o patrão a empregá-lo que o contrário. Praticamente o oposto da escravidão!!!



E o empregador enriquece simplesmente porque explora seres humanos? Por essa lógica, o patrão, sem capital, sem nada, obrigaria, de alguma forma, outras pessoas a servi-lo e, com isso, conseguiria adquirir todo o capital necessário para a produção, e aí sim, enriquecer. Uma inversão da causa e efeito. Você já pensou em “empregar” pessoas não tendo nada para oferecer-lhes, nem mesmo instrumentos de trabalho ou garantia de salário no final do mês? Se isso fosse possível, você até cogitaria fazer isso, qualquer um cogitaria, mas vós sabeis que só é possível empregar alguém quando há um mínimo de bens de capital (máquinas, instrumentos de trabalho, etc...) e garantia de salário no final do mês!!!




...enquanto isso, a Mais-Valia...


Seria algum erro, alguma injustiça se o patrão visasse apenas ao lucro? Seria, se o patrão recorresse às formas que citei no terceiro parágrafo, caso contrário NÃO, da mesma forma que não é nenhum erro ou injustiça o trabalhador visar apenas ao salário. Sim, ele pode se preocupar com outras coisas referentes ao seu trabalho – tal como faz o patrão - mas seu objetivo final é o salário!!!



E esse mais-valia? Mais-valia seria a diferença entre o valor total do produto por trabalhador, e o custo total da produção, incluindo aí o seu salário. Esse valor seria abocanhado pelo patrão. É claro que os custos de produção não são os únicos custos de uma empresa, e é aí que esse conceito de mais-valia meio que desaba. Com o mais-valia, o terrível patrão deve pagar os impostos, pagar o salário de quem não participa diretamente da produção –  a faxineira e a secretária, por exemplo – remunerar os acionistas, no caso das grandes empresas (sem o dinheiro que eles depositaram na empresa, não haveria tantas pessoas sendo “exploradas”) e outros custos cuja existência passa a quilômetros do conhecimento de nossos “cidadães conscientes”. Com todas essas implicações e complicações, quanto de "mais-valia" sobraria para o patrão???



Sim, os patrões não devem ganhar tanto assim. Deveriam, quem sabe, ganhar o mesmo que seus funcionários. Você, se tivesse um capital ( todo o patrimônio produtivo) de R$ 1 milhão, se contentaria em receber R$ 1 mil por mês? Se a resposta for cinicamente afirmativa, então faça o seguinte: venda esse patrimônio e invista na poupança - a aplicação que menos remunera o capital hoje. Se fizer isso, sem qualquer esforço, risco ou incômodos, irá ganhar quase R$ 6 mil por mês. Já escolheu o que faria com o seu milhão???



A essa altura, o leitor está convicto de que sou um burguês explorador ou filhinho do mesmo. Os que me conhecem, devem achar que estou bajulando o patrão ou que sou algum mentecapto por querer marcar um gol contra mim e meus companheiros, se esquecendo rapidamente das exceções que escrevi no terceiro parágrafo. Não creio que o meu patrão vá ler isso, e tampouco que eu seja promovido. O que escrevi são fatos. Se alguém discorda, o espaço para comentários está à disposição!!!

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