quarta-feira, 26 de junho de 2013

Subsidiar o público com o privado: má idéia, acho eu!!!

Antes mesmos desses protestos que geraram muito mais calor que luz, o atual prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, propôs uma medida que encantaria o mais cauteloso dos marxistas, mas de benefício duvidoso: o subsídio das tarifas de ônibus pelos donos de carros particulares. Se a idéia vingar, as várias campanhas pela troca do automóvel pelo transporte público ou bicicletas terão sido em vão, já que as duas coisas não podem coexistir. E o pior ainda não é isso!!!


Nos últimos anos, o governo federal facilitou a aquisição de automóveis novos pela população mais carente. Antes mesmo disso, a mesma população já adquiria carros semi-novos ou usados. O que significa que não serão apenas os ricos que subsidiarão o transporte dos mais pobres. Com o consequente aumento do preço do combustível, os motoristas mais pobres poderão trocar o carro pelo ônibus. E é aí que começa o problema: um subsidiado a mais e um subsidiador a menos. Para compensar essa troca, só aumentando esse imposto, o que pode ocasionar a debanda de outros motoristas para o transporte público, e assim sucessivamente, colapsando o mecanismo de subsídios. Não é algo certo que aconteça, mas é a pior das possibilidades (veja sobre isso mais adiante)!!!

Não sabemos qual será a alíquota do imposto, nem quantos passageiros para cada automóvel existe, nem quantas vezes o passageiro usa o transporte público por mês, nem quantas vezes o motorista do transporte particular abastece o carro por mês, mas podemos fazer algumas especulações:


                                                               ax = by

Onde:

a = número de passageiros dos ônibus
x = valor do subsídio da tarifa
b = quantidade de veículos particulares
y = imposto pago por cada veículo


Se houver, por exemplo, três passageiros de ônibus para cada veículo particular, e cada um usa 60 passagens por mês (uma ida e volta por dia) e o subsídio for de R$ 0,50, e cada motorista de veículo particular abastece duas vezes por mês, quanto cada motorista deverá pagar por mês???

- 1 passageiro vai ao trabalho de ônibus = R$ 0,50 (lembrem-se: é o valor do subsídio da tarifa)
- o mesmo passageiro volta de ônibus = mais R$ 0,50, ou seja, R$ 1,00
- o mesmo passageiro repete isso durante um mês = R$ 30,00


R$ 30,00 por passageiro/mês: esse será o valor do subsídio que usaremos no cálculo. Até agora temos:

                            a x 30 = b x y

Vamos usar uma amostra de 300 passageiros. Teremos:

                                    300 x 30 = b x y   
                             9000 = b x y

Como supomos que há três passageiros para cada carro particular, então devemos ter cem carros subsidiadores:

                                     300 x 30100 x y



Então, qual será o valor que cada motorista terá que pagar por mês (nas suas duas abastecidas)? R$ 90,00.

                                      
                                       300 x 30 = 100 x 90
                                              9000 = 9000

R$ 90,00 por mês não é exatamente um valor irrisório para aqueles que adquiriram um automóvel novo com a redução do IPI, ironicamente feito pelo partido que agora quer sobretaxá-los. E se 10% desses motoristas debandarem para o transporte público? Como ficará a equação? Desequilibrada!!!


                                             310 x 30 = 90 x 90

                                                    9300 # 8100

E o que fazer para equilibrar novamente a equação? A única saída seria aumentar o imposto para R$ 103,33.


                                             310 x 3090 x 103,33

                                                    9300 = 9300


Seria cisma minha imaginar que com esse novo aumento do imposto, mais 10% dos motoristas debandariam para o transporte público, aumentando ainda mais o imposto, debandando ainda mais motoristas, e assim colapsando todo o mecanismo? É algo a se pensar!!!


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E sobre o fato de que a substituição de automóveis por bicicletas não poderem coexistir? Se o motorista trocar o automóvel por bicicleta, como é a recomendação de ambientalistas, urbanistas, cardiologistas, e do próprio prefeito, serão menos pessoas para subsidiar o transporte público, podendo, em menor intensidade, ocorrer o tal colapso dos subsídios. Há ainda a possibilidade do aumento o número de passageiros sem que haja o indesejado aumento de carros e motos nas estradas, o que causará o mesmo problema das bicicletas!!!


Enfim, a cidade, mais do que nunca, dependerá do transporte particular para que outras pessoas utilizem o transporte público. É algo a se pensar!!!


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