quarta-feira, 11 de outubro de 2017

Por que há menos X em Y?

Por que há poucas mulheres na política? Por que há poucas ou nenhuma negra nos concursos de beleza de clubes de piscina? Por que há proporcionalmente muitos asiáticos nas universidades? Talvez já tenha feito para si e para outros essas perguntas, mas tirou conclusões parcialmente verdadeiras ou como se completamente verdadeiras fossem, pois ignorou alguns procedimentos estatísticos básicos!!!


Vamos usar o primeiro exemplo: para ser eleita(o), é preciso se candidatar. Para se candidatar, é preciso filiar-se a um partido político; e para tanto, é preciso apenas ser cidadão. Todos nós somos cidadãos, logo, todos nós podemos nos filiar a partidos políticos. Depois de cumprida essa primeira fase, é preciso ter vontade pessoal para se filiar a um partido, preencher formulário de inscrição e tudo mais. Superada essa difícil fase, resta a aceitação do partido, a menos que o partido ofereça barreiras pouco usuais para restringir suas filiações, como, por exemplo, não aceitar mulheres negras. Existe algum partido com tal exigência? Depois dos tapinhas nas costas pelo ingresso no partido, tente se candidatar. Depois, vem a parte difícil: se eleger. Um procedimento semelhante podemos aplicar a candidatas negras em concursos de beleza de clubes de piscina, embora sabemos que o processo aí é, digamos, menos democrático!!!


Explicarei melhor sobre isso no meu outro blog, o Estatística Reflexiva. Quando fizer isso, colocarei aqui o link correspondente!!!



Vamos aos cálculos, usando dados do IBGE e do TSE:



As mulheres representam, aproximadamente, 52% da população com mais de 21 anos (idade mínima para se candidatar ao legislativo); os homens, claro, os 48% restantes. No entanto, elas representam 44% das filiações partidárias. De 52% da população, passaram para 44% das filiações partidárias. Para um melhor julgamento disso, recomendo a leitura desse artigo e desse, que por coincidência, fazem referência a uma deputada federal!!!


Agora começa a parte interessante: dos candidatos da última eleição (2016), havia apenas 31,31% de candidatas mulheres, contra os 68,69% restantes de homens. De 52% da população, passaram para 44% das filiações partidárias, e para 31,31% das candidaturas. Apesar desse constante declínio no processo de eleição das mulheres, esperemos que ao menos na fase final - a eleição - o percentual de mulheres esteja próximo desses 31,31%, de preferência, superior a isso, não é mesmo? Hmm...Desses 31,31% de candidatas, apenas 13,43% foram eleitas, ou seja, menos da metade das candidatas foram eleitas. Ignoro aqui, a questão do coeficiente eleitoral, pois uma coisa de cada vez!!!


Machismo, Manoela? Claro que não, Manoela, até porque pouco mais da metade dos eleitores são mulheres. Se todas as candidatas eleitas recebessem apenas os votos de todas as mulheres, elas seriam ao menos as campeãs de votos. Como isso não aconteceu...!!!


E sobre os orientais nas universidades? Dizem por aí que eles representam 20% dos estudantes nas universidades federais contra 0,7% da população. Isso também depende do processo: proporção na população, seguido de proporção na inscrição (no caso, no vestibular), depois da proporção na classificação do vestibular, e por aí vai. Notem em todos os casos citados, há as proporções em cada etapa, que veremos com mais detalhes no meu outro blog!!!


"Mas e o preconceito? Se esqueceu disso?" O preconceito deve estar aí, escondido em algum lugar sob esses processos!!!


Uma análise fria dos números, como já afirmei em postagens anteriores, é necessária para a formação de nossas opiniões. É tão importante para tal que até criei um blog exclusivo para isso!!!

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