domingo, 10 de agosto de 2008

Politicamente (e Cientificamente) Incorreto!!!

Richard Lynn é um cientista polêmico, mais politicamente incorreto que eu. Ele acredita que as evidências científicas devem ser divulgadas doa a quem doer, desde, é claro, que não doa na própria carne!!!

Em seus estudos sobre a inteligência, ele comprovou, ainda não sei como, que os orientais são os mais inteligentes, os negros são os mais burros, as mulheres são mais burras que os homens (embora elas os superam quando seus Q.I.s se igualam), e agora ele afirma que ateus são mais inteligentes que religiosos. Longe de mim criticar seus estudos, pois não os vi, e como leigo, dificilmente poderia contestar!!!

Numa recente entrevista à revista Época [o link está no final da postagem], ele afirma que os ateus são mais inteligentes que os religiosos, e é claro, os pobres são menos inteligentes, povos atrasados são menos inteligentes, nós aqui somos menos inteligentes que o seu povo. Eu, como brasileiro com Q.I. abaixo do padrão, segundo ele, vou aprender a questionar, e vou começar pela sua entrevista. Em negrito estão as suas colocações, e a opinião vinda de alguém com Q.I. baixo estará escrita em letra normal:

ÉPOCA – Por que o senhor diz que pessoas inteligentes não acreditam em Deus?

Richard Lynn – Os mais inteligentes são mais propensos a questionar dogmas religiosos. Em geral, o nível de educação também é maior entre as pessoas de Q.I. maior (um Q.I. médio varia de 91 a 110). Se a pessoa é mais educada, ela tem acesso a teorias alternativas de criação do mundo. Por isso, entendo que um Q.I. alto levará à falta de religiosidade. O estudo que será publicado reuniu dados de diversas pesquisas científicas. E posso afirmar que é o mais completo sobre o assunto.



Nesse caso, os norte-americanos possuem um Q.I. baixíssimo, certo??? A resposta vem a seguir!!!


ÉPOCA – Segundo seu estudo, há países em que a média de Q.I. é alta, assim como o número de pessoas religiosas.

Lynn – Sim, mas são exceções. A média da população dos Estados Unidos, por exemplo, tem Q.I. 98, alto para o padrão mundial, e ao mesmo tempo cerca de 90% das pessoas acreditam em Deus.


Ah...quer dizer, os ultra-religiosos americanos possuem um Q.I. elevado, mas são exceções. Entenderam???


A explicação é que houve um grande fluxo de imigrantes de países católicos, como México, o que ajuda a manter índices altos de religiosidade nas pesquisas.


Como é que é??? Vocês leram isso??? Num país onde o ateísmo é considerado um sacrilégio, a culpa toda é de uma minoria de católicos??? Será que ele não sabe que a maioria da população americana é protestante??? Os dados da CIA [o link também está no final] não me deixam mentir (embora essa mesma fonte confunde as religiões afro-brasileiras com vodu, e afirma que aqui se fala, além do português (oficial), espanhol, alemão, italiano, japonês e inglês. Mas presumo que as informações de seu próprio país sejam mais fidedignas)!!!

Mas, se tirarmos as imigrações ao longo dos últimos anos, a população americana teria um índice bem maior de ateus, parecido com o de países como Inglaterra (41,5%) e Alemanha (42%).

Será que ele se dignou a pesquisar um pouco da história da colonização americana??? Será que ele não soube que o aumento do ateísmo na Europa e no mundo é algo recente??? Se for assim, então o Q.I. “dos seus” só superou dos demais nos últimos anos. Sem falar que na Europa existem as igrejas luteranas estatais, sabiam disso??? Mas vou me ater a sua afirmação.

O fato, segundo os dados da CIA, é que a população americana é bem dividida, religiosamente. Vejam: 51,3% de protestantes, 23,9% de católicos. Se todos os católicos se tornarem ateus, então 28% da população será atéia (abaixo da Inglaterra e Alemanha). Se todos os protestantes se tornarem ateus, então 55% da população será atéia. Será que foi nessa relativa homogeneidade que Lynn baseou essa afirmação???

No Brasil, segundo os mesmos dados da CIA (que na verdade, foram retirados do IBGE), 73,6% são católicos e 15,4% são protestantes (os nossos “evangélicos”). Se os evangélicos se tornarem ateus, então teremos apenas 23% de ateus, mas, se todos os católicos se tornarem ateus, então mais de 80% serão ateus (bem acima de qualquer projeção que Lynn pode fazer para os EUA). Mas deixei o melhor por último: no Brasil, 7,4% eram de ateus, enquanto nos EUA, o percentual é de 4%. E vamos considerar que os dados do Brasil são do último censo demográfico realizado em 2000; enquanto dos EUA é de 2007. Será que a nossa população atéia não aumentou nesse período, assim como pode ter acontecido nos EUA???



ÉPOCA – Cuba é um país mais ateu que os Estados Unidos, mas o nível de Q.I. não é tão alto.

Lynn – Você tem razão. É outra exceção. Pela porcentagem de ateus (40%), o Q.I. (85) dos cubanos deveria ser mais alto que o dos americanos. Mas há também aí um fenômeno não natural que interferiu no resultado. Lá, o comunismo forçou a população a se converter. Houve uma propaganda forte contra a crença religiosa. Não se chegou ao ateísmo pela inteligência. A população cubana não se tornou atéia porque passou a questionar a religião. Foi uma imposição do sistema de governo.

“Não se chegou ao ateísmo pela inteligência”. Se o diretor do Projeto Genoma e autor do livro A Linguagem de Deus, Francis Collins, ler isso...Mas algo parecido com o fenômeno Cuba não acontece nos EUA??? Lá a própria sociedade cobra a religiosidade do indivíduo. Leiam Deus, Um Delírio, de Richard Dawkins, ou então observem as campanhas de Barack Obama e John McCain, talvez os candidatos menos religiosos dessas eleições nos EUA, sempre irão encontrá-los rezando numa igreja. Lá, a religião da população de origem anglicana é tão evidente que só Lynn não conseguiu ver!!!

ÉPOCA – E o Brasil, como está?

Lynn – O Brasil segue a lógica, um porcentual baixíssimo de ateus (1%) e Q.I. mediano (87). É um país muito miscigenado e sofreu forte influência do catolicismo de Portugal e dos negros da África.

A influência dos brancos deve-se à igreja católica, e a influência dos negros deve-se simplesmente porque são negros, inferiores; mas isso ele não esconde, ele só esconde a "culpa" dos brancos, culpando no lugar deles a igreja católica!!!

Notem também que quando ele fala em religião, ele fala em “igreja católica”, ele se esquece - completa e convenientemente - do protestantismo, dominante na Europa e nos EUA!!!

Fica difícil mensurar a participação de cada raça no Q.I. atual. O que posso dizer é que a história do país se reflete em sua inteligência.

Então ele quer dizer que os árabes já foram inteligentes, e agora são ignorantes, pois de acordo com a história, eles estavam na vanguarda intelectual há 1.000 anos atrás, na mesma época que os europeus não passavam de camponeses ignorantes – e com Q.I. baixo!!!

Quis dizer também que os germânicos eram pouco mais que trogloditas, pois não sabiam fazer muita coisa além de saquear, roubar e destruir, mas agora estão na vanguarda intelectual. Quis dizer também que os finlandeses – o povo com o melhor sistema de ensino do mundo – tinham um Q.I. de ameba até o século XIX, pois nem escrita o idioma finlandês tinha. Se for assim, então certamente ele está confundindo capacidade de raciocínio com investimentos de um país em educação, em ciência e em tecnologia ao longo dos anos e dos séculos!!!


Pois é...alguém quer fazer alguma pergunta ao sr. Lynn???


Reportagem da Época: http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI9990-15295,00-OS+ATEUS+SAO+MAIS+INTELIGENTES.html

Dados da CIA: https://www.cia.gov/library/publications/the-world-factbook/geos/us.html

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