terça-feira, 5 de agosto de 2008

Ensaios para o comunismo - Parte II

Na postagem anterior, vimos que a distribuição de terras rurais para a coletividade não é nenhuma brastemp. Pois agora vou falar sobre produção, distribuição de riquezas e suas implicações. Numa sociedade comunista, todos produzirão e terão a mesma riqueza!!!

Sobre a geração de riquezas, há pelo menos três correntes no comunismo. A primeira, sugere que cada um exerça suas atividades: o pintor, pinta; a costureira costura; e assim por diante. A segunda, propõe que a riqueza seja dividida com quem não tem. A terceira, sugere uma empresa coletivizada, onde tanto o administrador quanto o empregado recebam salários iguais e que todos possam participar das decisões referentes à empresa!!!
Seguindo a primeira sugestão, já encontraremos alguns obstáculos. O que acontecerá se a costureira necessitar de mão-de-obra??? As saídas prováveis são: novas costureiras surgirão no "mercado" (essa palavra será proibida numa sociedade igualitária, mas na falta de outra melhor...), amenizando a carga de trabalho dessa costureira; ou ela empregará novas costureiras. Se a primeira alternativa acontecer, surgiria uma concorrência entre elas (ih, lá vem bomba....). Na melhor das hipóteses, a quantidade de costureiras no "mercado" aumenta proporcionalmente ao aumento da demanda por seus serviços, ou seja, se a demanda por costura aumenta três vezes, então surgirá no "mercado" mais duas costureiras, assim, a primeira costureira não ficará no prejuízo, pois continuará trabalhando e lucrando a mesma coisa que antes. Mas sabemos que isso é tão improvável quanto uma moeda ficar de pé sobre a mesa. Elas não lucrarão a mesma coisa, pois um aumento na demanda de 50%, por exemplo, exigiria uma costureira e meia para atender isso. Alguém já viu meio ser humano passeando por aí??? Se você considerar um anão como meio ser humano, então está considerando que sua renda deve ser a metade da renda de uma pessoa de estatura normal. No final das contas, uma costureira acabará com mais dinheiro que a outra (para não falar "uma ficará mais rica que a outra").

Se a segunda hipótese for posta em prática, então a costureira deverá empregar mão-de-obra. Para não fugir dos mandamentos do comunismo, ela terá que dividir seus lucros com os empregados. Nada mais justo...ou não??? Sim, seria, se as novas empregadas investissem nos bens de produção que devem ser adquiridos. Elas deverão investir, com a mesma quantia de dinheiro, em mais espaço, em mais máquinas de costura e nos demais materiais necessários. Se isso acontecer, ótimo, caso contrário, a infeliz "primeira-costureira", além de trabalhar como as demais, irá investir sozinha nos novos bens de produção e ainda dividir todo o seu lucro em igualdade com suas empregadas. Onde estaria a igualdade nisso???

Sobre aquela segunda sugestão, de dividir a riqueza com quem não tem é ainda mais complicado – ou mais simples, dependendo da análise. E se "aquele que não tem" não quer trabalhar, ou não se esforça tanto quanto "aquele que tem"??? Esse último deve dividir a produto de seu trabalho assim mesmo??? Sem falar que profissionais diferentes terão lucros diferentes. A costureira de antes pode lucrar mais que o encanador porque seus serviços são mais solicitados; nesse caso, a costureira deve dar seu excedente para o encanador??? Melhor seria se ela desse dinheiro para o encanador, e o encanador a devolvesse para ela quando estiver numa situação melhor, SE ficar numa situação melhor. À medida que aumenta a quantia de emprestadores e tomadores de dinheiro, precisaremos um sistema bancário, onde o banqueiro cobrará uma taxinha em cima para poder ganhar alguma coisa. "Taxinha bancária" parece coisa do capitalismo, mas...

Quanto à terceira sugestão, de que todos ganharão o mesmo salário e que todos participarão das decisões da empresa, acho que o primeiro ítem já foi respondido na segunda hipótese da primeira sugestão. Então vou ver o segundo item. Se a empresa crescer, não haveria espaço numa sala de reuniões para todos, tanto é que num acordo entre patrões e sindicatos, típico do nosso sisteminha, apenas meia dúzia de sindicalistas vão negociar nas empresas, representando centenas ou milhares de trabalhadores, sem falar que numa reunião com dezenas de pessoas haveria miríades de discordâncias, levaria muito tempo para fecharem um acordo. Para tornar o negócio mais prático é que existem os sindicatos, creio eu!!!

Mas claro, esse inconveniente só acontece em grandes empresas, e não em pequenas, como é o ideal comunista, em que todas as empresas serão pequenas. Mas o próprio talento do trabalhador ou a demanda por seus serviços podem ocasionar o aumento da empresa. A Microsoft, por exemplo, não saiu de uma garagem porque seus idealizadores simplesmente tiveram o mesquinho desejo de serem maiores que os outros. Seus idealizadores foram inovadores, as pessoas adoraram seus produtos e não havia outras empresas que fizessem algo igual. No final das contas, hoje a Microsoft é quase um monopólio. Se tiver cem pequenos fabricantes de bicicletas, todos em iguais condições de produção e de dinheiro, inevitavelmente um fabricará um produto melhor que o outro, ou um fabricará um produto cuja cor é preferível que a outra, ou um estará localizado num ponto de maior densidade demográfica, enfim, todas essas cem fabriquetas sairão do mesmo ponto de partida, mas inúmeras variáveis farão uma se destacar mais que as outras, ocasionando o seu crescimento!!!

Sim, os homens são iguais, porém, suas vocações e talentos são diferentes. Sem falar que as propostas de uma sociedade comunista são muito simplistas se comparadas com a complexidade existente numa sociedade populosa como a nossa. Mas não percamos as esperanças, pois existem soluções para a justiça social. Entrarei em detalhes sobre isso em breve!!!

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